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Adversários vão ter que jogar muito para ganhar do Brasil, diz Parreira

10 jun 2014 - 20h11
(atualizado às 20h29)
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Carlos Alberto Parreira já viveu os dois lados da moeda. Campeão do mundo em 1994 e eliminado em 2006, o atual coordenador técnico da seleção brasileira garante, com a experiência conquistada, que o Brasil é o favorito na Copa do Mundo e qualquer adversário terá dificuldade para vencer a equipe em casa.

Carlos Alberto Parreira (D) conversa com o técnico Felipão em abril de 2013, durante a Copa das Confederações.
Carlos Alberto Parreira (D) conversa com o técnico Felipão em abril de 2013, durante a Copa das Confederações.
Foto: Washington Alves / Reuters

O principal motivo por trás da confiança de Parreira para se chegar ao hexa, ainda que reconheça o talento e a importância de Neymar, está fora de campo: o ambiente criado pela torcida a favor da seleção durante a conquista do título da Copa das Confederações de 2013.

"Se esse clima se repetir vai ser maravilhoso, e diria que vai ser difícil ganhar da gente. Vai ter que jogar muito. Ninguém é invencível, mas vai ter que jogar muito para ganhar da gente", disse o veterano de oito Copas do Mundo, em entrevista à Reuters após treino do Brasil sob chuva na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), nesta terça-feira.

"Por nós sermos campeões do mundo, a seleção que mais ganhou títulos, por jogar em casa, nós somos favoritos e temos tudo para ganhar. Temos time, temos condições, temos tudo para ganhar, não tenho a menor dúvida disso", acrescentou.

Parreira, de 71 anos, conhece o ambiente da seleção brasileira em Copas desde 1970, quando era preparador físico do time que conquistou o tricampeonato mundial no México. Viveu sue auge na Copa de 1994, nos EUA, quando levou o país a encerrar um jejum de 24 anos.

Fatos tristes, no entanto, também fazem parte de sua história pelo Brasil em Mundiais. A principal delas foi a derrota para a França nas quartas-de-final do Mundial de 2006, quando o Brasil era apontado por todos como o superfavorito, após ter vencido a Copa América de 2004 e a Copa das Confederações de 2005.

O favoritismo de 2006 era um fator que partiu inicialmente de for a da equipe. Astros como Ronaldo, Kaká, Ronaldinho e Adriano eram admirados no mundo inteiro e vistos como imbatíveis. Dessa vez, ao contrário, a comissão técnica do Brasil liderada por Luiz Felipe Scolari decidiu apostar num discurso de autoconfiança para o Mundial, afirmando que nenhum torcedor aceitaria uma postura diferente numa Copa do Mundo em casa.

O que começou como uma estratégia fora de campo ganhou corpo dentro das quatro linhas durante a Copa das Confederações do ano passado, torneio conquistado pelo Brasil com uma vitória incontestável por 3 x 0 sobre a atual campeã mundial Espanha na decisão, no Maracanã.

CLAROS FAVORITOS

Segundo Parreira, os jogadores da seleção brasileira estão conscientes da responsabilidade de jogar uma Copa do Mundo em casa. Todos têm sido trabalhados emocionalmente com ajuda de psicólogos e palestrantes para não serem prejudicados por um excesso de pressão, ainda mais diante do fantasma do Maracanazo de 1950 -- a derrota para o Uruguai no Maracanã na outra vez que o Brasil sediou uma Copa do Mundo.

"Os caras estão conscientes dessa responsabilidade, ninguém está supernervoso ou sobrecarregado por causa disso. Eles sabem que jogando em casa está claro para todo mundo que nós somos favoritos", disse o coordenador, que fez uma comparação com o Mundial de 2010 na África do Sul, quando foi o técnico da seleção anfitriã.

A diferença, no entanto, está na expectativa pelo resultado do time da casa há quatro anos, quando se esperava apenas uma campanha honrosa dos "bafana bafana".

"Aqui a responsabilidade é maior porque nós somos obrigados, entre aspas, a vencer a Copa do Mundo", disse. "A gente espera reescrever a história e ganhar a Copa do Mundo em casa."

Como bem viu na África do Sul, onde seu time não passou da primeira fase, Parreira sabe que torcida sozinha não ganha jogo e por isso também destaca o bom desempenho alcançado pelo time dentro de campo como fator importante para o favoritismo da seleção.

O craque Neymar é o diferencial, segundo Parreira, mas tem que trabalhar bem como parte de um grupo.

"O Neymar é parte importante de uma engrenagem que se chama equipe de futebol", disse Parreira.

ARGENTINA: "BIENVENIDOS CAMPEONES"

A postura brasileira de considerar sua própria equipe favorita ao título também foi adotada, curiosamente, pela maior rival do Brasil e também candidata a brigar pelo título mundial, a Argentina. A autoconfiança, no entanto, não foi bem-recebida pela torcida argentina.

A associação de futebol do país vizinho retirou a frase “Bem-vindos futuros campeões” que estava estampada no centro de treinamento que será utilizado pela Argentina em Belo Horizonte depois de receber críticas em casa.

Parreira afirmou que os argentinos, assim como os brasileiros, têm condições de se considerarem favoritos pelo histórico e pela qualidade da equipe.

"A Argentina chegou e colocou 'bienvenidos campeones'. Colocaram lá grande e enorme. Claro que, sendo a Argentina, eles também têm condições de acreditar que podem ser os campeões do mundo."

A seleção brasileira, que embarca nesta terça-feira do Rio de Janeiro para São Paulo, enfrenta a Croácia na quinta-feira, na partida de estreia da Copa do Mundo na Arena Corinthians.

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