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Ajudada pela MLB, Seleção de beisebol critica falta de apoio

6 fev 2013 - 09h04
(atualizado às 10h23)
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O sucesso da Seleção Brasileira de beisebol, que recentemente se classificou pela primeira vez na história ao World Baseball Classic (WBC), pode ser creditado ao bom trabalho da comissão técnica, em especial do treinador norte-americano Barry Larkin, da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBFS) e, claro, dos atletas, os grandes responsáveis pelo bom momento vivido pelo Brasil no esporte. Mas todo o projeto não se tornaria realidade sem apoio financeiro. E se engana quem acha que os recursos do Governo brasileiro é que sustentam o time nacional.

Apoiada pela Major League Baseball (MLB), liga profissional norte-americana que banca as despesas de todas as seleções que participam do WBC, a Seleção Brasileira dificilmente estaria passando por uma fase tão próspera se não fosse o financiamento vindo dos Estados Unidos.

André Rienzo, arremessador do Chicago White Sox e um dos destaques da Seleção, explica bem a importância do suporte da liga norte-americana. "O World Baseball Classic é todo patrocinado pela MLB. Eles pagam tudo, todos os gastos são pagos por eles", diz. "A Major League Baseball deseja promover um campeonato forte, e quer que seja um torneio de qualidade, por isso que dá todo o apoio. Eles ajudam não só o Brasil, mas todos os países que participam deste campeonato. E eu acho que isso é muito legal. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) cortou verba e ultimamente ela não vai para a Seleção. Tem que sair do bolso dos atletas e dos técnicos. Então, com essa ajuda (da MLB), a gente está crescendo um pouquinho e mostrando para o pessoal o beisebol do Brasil", frisa o jogador.

E não são somente os atletas da Seleção que admitem a falta de apoio governamental à modalidade. Estevão Sato, vice-presidente da CBBS, também não consegue deixar de criticar o escasso suporte para a evolução do beisebol.

"A Major League Baseball financia todas as equipes participantes. Desde a parte de viagem, quanto a parte de acomodação, de alimentação, são totalmente patrocinadas pela MLB. Gostaria de dizer que é graças também ao Governo Federal, mas infelizmente o beisebol não dispõe de nenhuma verba governamental. Procuramos parcerias atualmente e a MLB é a maior propulsora do esporte nos dias de hoje", confessa. "Parece praxe todo mundo reclamar do governo, mas a gente não vê por esse lado. O apoio para o esporte no Brasil vem aumentando, com a Dilma (Rousseff), mas para a gente é pouco. Para os esportes que não são olímpicos, é menor ainda a ajuda", continua. "A gente espera que o beisebol volte para as Olimpíadas e que agora, com o sucesso no Brasil nesse World Baseball Classic, a gente possa chamar mais atenção. A gente gostaria de seguir o mesmo caminho do rúgbi, que começou a contar com o apoio das empresas. Gostaríamos de mostrar a profissionalização e a seriedade da Confederação para termos esses parceiros junto com a gente", completa.

O dirigente ainda revela que o Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol mantém uma parceria para ajudar a promover a prática do esporte. "Aqui no Brasil, a gente tem um programa juntamente ao Sesc (Serviço Social do Comércio), no qual começamos com duas unidades: Bom Retiro e Interlagos. E esperamos que, em um futuro bem próximo, todas elas possam estar passando beisebol para as crianças", conta.

Sem apoio dentro do país, a criação e o desenvolvimento de uma liga profissional de beisebol se torna inviável. E Rienzo sabe que o futuro é nebuloso caso a falta de investimentos siga existindo. "Para falar a verdade, na situação atual não há essa possibilidade (de se desenvolver uma liga no Brasil). Não vou falar um futuro pra você. A gente é considerado amador. Não tem apoio nenhum, já foi cortado (verba) o COB, o dinheiro não vem de nenhum lugar. A Confederação ajuda muito, os atletas se ajudam muito, porque material não é ninguém que dá. É você que compra o seu", admite. "Eu, por exemplo, que jogo nos EUA, quando eu volto, ajudo muito o meu clube, que é de Atibaia. Trago bolas, todas essas coisas que precisam em um jogo. Mas eu não vou falar para você: ‘Ah, daqui a cinco anos eu acredito que sim’. Se continuar como está hoje, eu acredito que nunca vai existir uma liga profissional no Brasil", critica.

Para o pitcher de 24 anos de idade, também é necessária uma maior exposição do beisebol no Brasil. "A gente precisa ter mais divulgação, mais apoio. O estado de São Paulo apoiar mais, o Rio de Janeiro. Precisa de uma propagação melhor, porque se não tem, o esporte nem existe para certas pessoas. Então, se tiver uma difusão maior, todo mundo vai conhecendo, e quem sabe o interesse não cresce, não só de praticantes, mas de gente que quer administrar ou ajudar um time. Tendo isso, vai melhorar muito", ressalta.

Para o treinador Barry Larkin, integrante do Hall da Fama da MLB, o desenvolvimento de um campeonato no país também só será viável com o crescimento da quantidade de fãs da modalidade no Brasil. "A resposta vai vir dependendo de como a comunidade de fãs de beisebol crescer por aqui. Pelo menos o que sei é que, aqui no Brasil, ainda ela é bem limitada. Eu acho que, estrategicamente, as pessoas que apóiam o esporte podem promover jogos para desenvolvimento de jogadores voltados para crianças e jovens, e realmente despertar o interesse deles. Mas isso não acontece da noite para o dia", observa. "Eu sei que, tradicionalmente, aqui é o país do futebol. O Brasil também é muito forte em outros esportes, como o vôlei. A esperança é que possamos recrutar alguns desses futuros jogadores para participarem do esporte, e eu espero que possa fazer parte disso, porque eu amaria", finaliza Larkin.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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