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Terra na Copa

Saiba como "hino" de argentinos no Brasil virou sucesso

7 jul 2014 - 21h32
(atualizado às 23h05)
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Copa 2014: torcedores argentinos provocam Pelé até em avião:

A música com o refrão "Maradona é maior que Pelé", que "viralizou" entre os torcedores argentinos nos estádio brasileiros, foi criada por um grupos de oito amigos e "ensinada" à torcida um dia antes da estreia da Argentina na Copa do Mundo.

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"Nós queríamos apoiar a seleção e primeiro pensamos em coisas básicas como vestir camisetas, bonés e levar bandeiras para o Brasil", contou à BBC Ignacio Harraca, de 30 anos, um dos criadores. "Mas depois pensamos e 'por que não criar uma música?'".

Os "hinos" dos torcedores da seleção argentina até então, segundo Harraca, eram os tradicionais "vamos, vamos Argentina" e "o que não salta (pula) é inglês (uma referência a outros rivais dos argentinos, os britânicos, por causa da disputa pelas Ilhas Malvinas [Falklands, para os britânicos], em 1982)".

Os oito amigos dos tempos da escola então se reuniram e criaram "Brasil, decime qué si siente (Brasil, diga-me como se sente)", sobre a melodia e ritmo da canção Bad Moon Rising, do grupo americano Creedence Clearwater Revival - que já era bastante usada pelas torcidas de clubes locais.

'Brasil está se borrando', cantam argentinos em Brasília:

O mais conhecido da música acabou sendo o refrão, que faz graça com a eterna discussão sobre quem é melhor, Maradona ou Pelé.

"Nossa intenção foi a diversão, dentro do que é o futebol. Nada de provocação. Como os brasileiros dizem que Pelé é melhor que Maradona achamos que esse seria um bom refrão", contou Harraca.

Posto 4

O caminho para levar a música à boca dos torcedores não foi fácil. Em Buenos Aires, pouco antes do Mundial, eles tentaram propagar a letra que compuseram, mas não encontraram interessados na criação.

Eles tiveram a ideia de imprimir cerca de 400 panfletos com a letra, colocaram tudo na mala e viajaram para o Rio de Janeiro, onde sua seleção estreou contra a Bósnia, no Maracanã, no dia 15 de junho.

"Lemos nas redes sociais que o ponto de encontro dos argentinos seria no sábado (14), um dia antes do jogo, no Posto 4, em Copacabana."

<p>Torcedores da Argentina vibram com gol sobre a Bélgica</p>
Torcedores da Argentina vibram com gol sobre a Bélgica
Foto: Alan Morici / Terra

Eles chegaram ao Posto 4, de Copacabana, naquele sábado, achando que haveria poucos torcedores no local. "Chegamos a pensar que estaríamos entre os poucos que leram a informação, que não sei de quem partiu no Twitter, mas quando chegamos lá era uma multidão".

Eles distribuíram os panfletos e "cada vez que havia um silêncio entre uma música e outra, cantávamos a nossa letra", contou Harraca.

Segundo ele, aos poucos, outros passaram a cantar já com os folhetos na mão. A moda pegou. Os torcedores argentinos no Brasil cantam a música dentro e fora dos estádios da Copa.

A "canção" virou assunto de reportagens da imprensa argentina e brasileira e estourou de vez com a divulgação de vídeos "virais" de jogadores da seleção argentina cantando a música no vestiário depois das partidas.

Em Buenos Aires e em outras cidades do país, esse é o hino das torcidas em cada jogo da Argentina. "(Mas) foi uma música para essa Copa e não achamos que irá muito além disso", disse Haraca.

Feita no chuveiro

A letra teve início enquanto um dos integrantes do grupo estava no chuveiro em casa, como contaram à imprensa local. Ex-alunos do colégio Manuel Belgrano, na cidade de Buenos Aires, os criadores do hit são administradores de empresas, advogados e especialistas em finanças.

"Nenhum de nós é músico e estamos surpresos de como essa música pegou", disse Patrício Scordo, um dos oito amigos, à uma rádio argentina.

As torcidas na Argentina são famosas pela sua organização. Elas inventam letras para seus clubes de futebol, levam cartazes com frases irônicas para a arquibancada e, dependendo da situação, até se fantasiam - como a batina similar a do Papa Francisco, o ex-cardeal de Buenos Aires Jorge Bergoglio.

Na capital argentina é comum que no dia seguinte a um jogo entre, por exemplo, Boca Junior e River Plate, surjam cartazes nos muros provocando o perdedor da partida.

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