Atlético-MG sai do caos e entra na história; veja 7 motivos
Desde a conquista da Copa Libertadores em 2013, o Atlético-MG viveu um verdadeiro caos: foi eliminado pelo Raja Casablanca no Mundial de Clubes, perdeu o Campeonato Mineiro para o Cruzeiro, caiu nas oitavas de final da Copa Libertadores, trocou de técnico e perdeu astros como Bernard e Ronaldinho. É até difícil acreditar que, depois de tudo isso, o elenco de jogadores tenha se reerguido com um título único na história do Atlético-MG, a Copa do Brasil.
Mesmo sendo difícil, é sempre um bom exercício refletir sobre esses grandes momentos do futebol. Veja 7 motivos para entender como o Atlético-MG se reergueu:
Contratação de Levir Culpi
Era um técnico que estava até esquecido no Brasil, pois tinha se mudado para treinar o Cerezo Osaka no Japão em 2007. Mas O Atlético-MG tinha uma história com ele e resolveu chamá-lo de volta.
A aposta foi certeira: rapidamente Levir tomou decisões acertadas, tanto internamente quanto dentro de campo. Os jogadores relatam que ele teve facilidade para "ganhar o vestiário", ou seja, conquistar o respeito de todos.
Levir nem sabe como isso aconteceu e prefere dar todos créditos aos jogadores. "Começamos a criar uma amizade com atitudes legais de uns com os outros. Como foi com o Pierre, que teve um irmão assassinado, mas se apresentou para jogar. Então eu coloquei ele como capitão. Como o Edcarlos, que não é titular, mas está sempre organizando os jogadores e fazendo o correto", exemplificou o técnico.
Fim da concentração no CT
Em agosto, quando percebeu que já tinha comando do grupo, Levir resolveu tomar uma atitude que ainda causa polêmica no futebol brasileiro: aboliu a concentração dos jogadores na Cidade do Galo. Todos foram liberados para se apresentar apenas nos dias de jogos.
A atitude é amigável, mas ele foi duro na época: "é uma troca, uma reciprocidade de profissionalismo. Vamos ver como isso acontece. Porque se não houver essa reciprocidade, quem sai sou eu". Ele não saiu e os dois lados se entenderem bem demais.
Movimentação
Desde que Levir chegou ao Atlético-MG, impressionou a capacidade de movimentação do time no ataque. Ele soube colocar jogadores rápidos para trocarem de posições com inteligência. Com isso, a participação de Diego Tardelli como meia ou as chegadas de Luan como centroavante, por exemplo, decidiram muitos jogos a favor do Atlético-MG.
Raça
Nenhum time brasileiro pode dizer que é mais raçudo que o Atlético-MG atualmente. As vitórias no mata-mata contra Corinthians e Flamengo foram simbólicas, pois em ambas o time reverteu uma vantagem de 2 a 0 aplicando uma goleada por 4 a 1. E no Campeonato Brasileiro também pode ser comprovado que o Atlético-MG acredita até o fim e joga melhor nos últimos 30 minutos: tem 30 gols marcados e apenas 20 sofridos nesse período dos jogos.
Afastamento de jogadores
Mesmo em boa fase, o Atlético-MG teve que superar uma turbulência neste mês. O clube resolveu suspender três jogadores por 30 dias. Jô, André e Emerson Conceição cometeram graves atos de indisciplina e foram punidos. Poderia sem um problema em outros clubes mais conturbados. Mas no Atlético-MG virou um exemplo do que os atletas não devem fazer para continuar no time.
Sem polêmica antes da final
Aconteceu um verdadeiro jogo de provocações antes da partida decisiva da Copa do Brasil. Alguns atletas e até um dirigente do Cruzeiro partiram para ofensiva com declarações polêmicas. O Atlético-MG preferiu ficar quieto. Perdeu o jogo das polêmicas, mas ganhou aquele que importava mais.
Mas as provocações dos cruzeirenses não foram esquecidas pelos atleticanos. Após o título, Marcos Rocha respondeu diretamente a Ricardo Goulart: "teve jogador aí fincando bandeira no gramado, teve jogador que mandou recado de áudio, jogador que disse que ia comer galinha. Nós não. Se pegar as entrevistas, vão ver que a gente sempre respeitou o Cruzeiro e respeitamos também dentro de campo. Quem fez isso foi o Ricardo Goulart. Então está aí”.
Vale lembrar ainda que o Atlético-MG teve que lidar com outras provocações na Copa do Brasil. Contra o Corinthians aconteceu a dança do Mano Menezes, que depois foi ironizada pelos jogadores atleticanos. Contra o Flamengo as provocações surgiram na imprensa, mas o Atlético-MG provou que não é "freguesão", como ficou estampado na capa de um jornal.
Desgaste físico
Não era apenas uma desculpa do Cruzeiro: ficou evidente em campo a diferença física das duas equipes. Até mesmo o técnico Levir Culpi assumiu que isso fez diferença no jogo e favoreceu o Atlético-MG: "deu para ver que teve algum cansaço dos jogadores em alguns momentos sim".
O técnico Marcelo Oliveira teve ainda mais motivos para lamentar essa questão: "ninguém consegue jogar tantas partidas consecutivas e decisivas sem prejuízo. Poderia ter sido melhor se tivéssemos um pouco de descanso. É uma coisa que vem de anos e ninguém faz nada para melhorar", afirmou, criticando o lamentável calendário do Campeonato Brasileiro.