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Campeonato Mineiro

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Veja as "caras e bocas" de Luxemburgo durante a final

26 abr 2010 - 11h27
(atualizado às 12h54)
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Ney Rubens
Direto de Ipatinga

Onde o técnico do Atlético-MG Vanderlei Luxemburgo está, dezenas de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas também estão, em busca de uma boa foto ou declaração polêmica. E isso não é muito difícil, já que o treinador é conhecido por ter um gênio forte.

Ciente disso, o Terra acompanhou o treinador durante os 90 minutos da primeira partida da final do Campeonato Mineiro, no Estádio Ipatingão. Foram quase duas horas de muitos gestos, palavrões, pressão sobre a arbitragem, reclamações, orientações, vibração e claro, frases fortes para as manchetes dos jornais.

Às 15h50, o Atlético entra em campo. A temperatura sob sol forte supera fácil os 35ºC, mas mesmo assim Luxemburgo está vestido impecavelmente. Camisa branca, calça e sapatos pretos. Abandonou apenas o casaco do terno. Logo é cercado por repórteres e diz que montou um esquema forte para vencer o Ipatinga. Alguns jogadores adversários, como o lateral Luizinho, vão cumprimenta-lo.

Quando o árbitro apita, Luxemburgo pede para a assessora de imprensa da Federação Mineira de Futebol retire a "sapaiada" da frente do túnel do Atlético. Tem de tudo, repórteres, gandula, fotógrafos. A assessora cumpre o seu papel e chega a pedir "pelo amor de Deus" para ninguém ficar na frente do banco de reservas bloqueando a visão dos jogadores e comissão técnica.

Aos 13min, o goleiro Aranha defende chute forte no ângulo direito de sua meta. Luxemburgo só balança a cabeça. Deve ter previsto fortes emoções.

Dois minutos depois esbraveja com a sua defesa, mal posicionada: "está errado, está errado". Não adianta muito, Aranha tem que fazer "milagre" para evitar o primeiro gol do Ipatinga. Chute forte, outra ótima defesa.

No lance seguinte, não teve jeito. Francismar cobra, com a perna esquerda, a falta na ponta direita do ataque do Ipatinga. Fabiano desvia a bola de cabeça e faz contra. 1 a 0. Com o erro de marcação e o gol tomado de bola parada, não resiste e levanta de novo. Mostrou o dedo indicador para o lateral Leandro.

O jogo é bom. Atlético e Ipatinga tem boas chances. A barulhenta torcida local pega no pé do atacante Obina que está na arquibancada: "Obina v...". Luxemburgo também é xingado, mas finge que não ouve. Talvez não tenha percebido mesmo, o jogo é pegado, com muitos lances de perigo para os dois times.

Aos 20min do primeiro tempo, Luxemburgo grita com Tardelli e Correa. Pede a bola no chão, toques rápidos. Conversa com o preparador físico Antônio Melo, diz que o time precisa ter calma.

O Atlético erra passes, faz três faltas seguidas. O Ipatinga segue exlorando bem os contra-ataques. Torcida grita: "vamos correr Galooo!". Correa faz falta em um jogador do Ipatinga na entrada da área alvinegra. Luxemburgo tira os óculos e abaixa a cabeça. Fecha os olhos, mas em seguida levanta e pede para o time corrigir o posicionamento.

Aos 35min do primeiro tempo, o treinador atleticano vibra pela primeira vez. Correa recebe na intermediária, com um toque adianta a bola se livrando da defesa ipatinguense. De frente para o gol, é derrubado pelo goleiro Douglas.

Antes de Tardelli cobrar, Luxemburgo chama alguns jogadores, entre eles Ricardinho e Leandro, e pede para o time ficar atento às investidas do Ipatinga, principalmente pela esquerda. Tardelli cobra o pênalti, o treinador está voltando para o banco de reservas e não vê o gol. Se vira rápido com a explosão da torcida.

No lance seguinte, pressiona pela primeira vez a arbitragem. Vai até o quarto árbitro e reclama das faltas seguidas feitas pelo Ipatinga. Muriqui e Leandro perdem gols incríveis. Luxemburgo com as mãos na cabeça, no rosto, com os punhos cerrados. Balança a cabeça em reprovação aos gols perdidos pelos atleticanos.

Aos 47min o sistema de auto-falante anuncia gol do Santo André contra o Santos na final paulista. Luxemburgo não esboça reação.

Volta para o segundo tempo aparentemente mais calmo. O Ipatinga não. Pressiona como no primeiro tempo. Jogo igual. Aranha defende mais uma bola difícil.

Aos 10min, Muriqui desempata a partida. O treinador vê que a partida não é tão complicada assim. Pede calma, orienta o time, quer a bola correndo, no chão.

Fabiano parece reclamar alguma dor ou cansaço. Luxemburgo pergunta insistentemente: "e aí?" Pede para o preparador físico aumentar o ritmo dos atletas que fazem aquecimento. Não vai dar para Fabiano: "chama o Jonilson", gritou.

Jonilson demora para assinar a súmula: "vamos c......" Pensa o que vai fazer, qual vai ser a próxima substituição. Olha para os jogadores no aquecimento, olha para o campo, olha para o auxiliar Fred Rincón. "Benitez, vai você. Não, pode voltar".

Em campo, Muriqui desperdiça ótimo lance. Dispara mais um palavrão, nada mais. Chama Benitez de novo. Desta vez tira Correa, que sai cansado.

O bandeirinha dá impedimento do ataque alvinegro. Luxemburgo não reclama, apenas bate palmas.

No lance seguinte, aos 32min do segundo tempo, falta marcada na ponta esquerda do ataque do Ipatinga sobre Danilo. Esbraveja, vai em cima do quarto árbitro novamente: "não foi falta, não foi". O árbitro reserva apenas responde, calmamente, apesar de gesticular bastante: "foi, Luxemburgo, foi". O Ipatinga vai cobrar a falta. Tardelli não está na cabeça da área para pegar o rebote. Luxemburgo levanta irritado: "vamos lá, p....". Não precisa. Luizinho cobra a falta, Zé Luiz imita Fabiano e faz contra. O árbitro Sálvio Espíndola dá gol de Joabe.

Complicou. "Júnior, vamos". Sai Leandro. A cobertura está mal feita. Reina e Danilo a toda hora avançam por esse lado.

Na arquibancada, um torcedor do Ipatinga estende uma faixa para provocar o treinador: "projeto em decadência". Luxemburgo não liga. No lance seguinte, Júnior pega o rebote e chuta forte, rasteiro. Muriqui dá um toque também seco. 3 a 2, muita vibração com o massagista Belmiro e a vantagem de jogar a segunda partida no Mineirão podendo perder por até 1 gol de diferença que o Atlético será o campeão mineiro.

Ao final da partida, o estilo Luxemburgo dá o toque final. Primeiro vai até os árbitros e os cumprimenta pelo trabalho no jogo. Luxemburgo brinca com Sálvio Espíndola, talvez alguma lembrança de partidas do passado em São Paulo. Sai sorrindo, camisa branca suada.

Na entrevista coletiva, é perguntado sobre o jogo, e sobre o próximo também, contra o Santos pela Copa do Brasil. Aproveita para dar sua versão na polêmica Neymar.

"Eu quero aproveitar para falar que às vezes fico na bronca com alguns membros da imprensa. (...) Querem jogar o Neymar contra mim, mas ele foi inteligente nas respostas. É um bom menino. Ele surgiu como grande jogador, mas tinha só 16 anos e todo mundo questionava sua qualidade. Aí eu disse: 'você vai entrar gradativamente, vai encorpar'. Até o chamei de 'filé de borboleta' de brincadeira. Comecei colocando-o no banco e, no final, ele já estava melhor. Eu só quis preservar o Neymar porque acho que ele tem potencial para ser o melhor do mundo. Eu estava preocupado com o talento que estava sendo questionado. Eu sou um homem do futebol e posso externar meu pensamento. Então posso pedir Neymar na Seleção", disse.

Atlético-MG derrota Ipatinga e aumenta vantagem:
Fonte: Especial para Terra
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