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Atletismo

Acusação descarta que Pistorius tenha matado a namorada por acidente

20 fev 2013 - 13h16
(atualizado às 13h23)
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A promotoria contestou nesta quarta-feira a tese de acidente defendida pelo atleta paralímpico sul-africano Oscar Pistorius, argumentando que o esportista havia brigado violentamente com sua namorada Reeva Steenkamp no dia 14 de fevereiro, pouco antes de seu assassinato, mas a defesa tem procurado desacreditar as investigações em curso.

O tribunal distrital de Pretória, que adiou a audiência do caso até quinta-feira, ainda não pode se pronunciar sobre o caso, mas já examina os fatos para decidir se concederá liberdade sob fiança ao campeão paralímpico, que virou lenda ao competir nas Olimpíadas de Londres em 2012.

O atleta afirma ter matado sua namorada por acidente, ao confundi-la com um assaltante escondido no banheiro. Reeva e ele, muito apaixonados, dormiam tranquilamente em seu apartamento na véspera do dia de São Valentim (dia dos namorados em vários países), de acordo com o acusado.

A acusação suspeita que Pistorius cometeu o assassinato a sangue frio. O promotor Gerrie Nel indicou que o casal discutiu violentamente pouco antes do esportista matar a tiros a jovem modelo, citando uma testemunha.

"A testemunha ouviu gritos que pareciam de uma briga ininterrupta entre 2h00 e 3h00 da manhã", isto é, pouco antes da tragédia, disse o procurador.

Além disso, Hilton Botha, o principal investigador da polícia, testemunhou: "Temos o testemunho de uma pessoa que diz quem, depois de ouvir tiros, correu para a janela e viu que havia luz na casa de Pistorius. Depois ouviu os gritos de uma mulher, duas ou três vezes, e novos disparos".

Mas Barry Roux, advogado de Pistorius, considerou que estas testemunhas não poderiam ser levadas a sério, já que a primeira mora longe e não poderia ter reconhecido as vozes, e a segunda, que disse que ouviu mais tiros do que os quatro disparados.

"Suas fontes não são confiáveis", disse o advogado de defesa.

Roux bombardeou o policial com perguntas, criticando seus homens por não terem colocado protetores nos pés e não terem visto uma bala na pia.

O atleta declarou na terça-feira que acordou pouco antes do incidente, por volta das três horas da manhã, e que atirou na porta do banheiro, no escuro, acreditando que Reeva ainda estava na cama.

Ele disse que chamou o serviço de emergência, mas Botha admitiu que a polícia não tinha verificado seus telefonemas.

O promotor lamentou que Pistorius não entregou aos investigadores o telefone que utilizou.

A polícia encontrou quatro telefones celulares, dois no banheiro, mas eles não foram usados na madrugada do crime, observou o investigador Hilton Botha.

"Eu acredito que ele sabia que ela estava no banheiro, que ele fez quatro disparos e que a matou", disse.

Botha disse ainda que chegou ao local às 4H15 de 14 de fevereiro, dia de São Valentim, e que Steenkamp já estava morta, o que coincide com as declarações de Pistorius de que a namorada morreu em seus braços

Steenkamp tinha três marcas de tiro: na cabeça, acima da orelha direita, no cotovelo direito — a bala fraturou o braço — e no quadril.

Mas a necropsia não revelou marcas de violência física no corpo de Reeva Steenkamp.

Pressionado pelo advogado de defesa, o investigador finalmente admitiu que a história de Oscar Pistorius parecia "coerente".

A única razão para se opor à fiança é evitar uma possível fuga para o exterior antes do julgamento, justificou.

"Você realmente acredita que ele optaria, mesmo usando próteses para se locomover e sendo tão conhecido como é, por fugir da África do Sul?", perguntou o juiz Desmond Nair.

Hilton Botha revelou ainda que foram encontradas seringas e testosterona - substância de uso proibido em atletas - na casa de Oscar Pistorius.

Quanto a isso, o advogado justificou que "trata-se de um remédio à base de plantas, ele pode usá-lo e já havia utilizado antes".

Pistorius, apaixonado por armas, também foi indiciado por posse ilegal de munições, segundo o investigador, que indicou ter encontrado "uma caixa de cartuchos calibre 38 especial" que Pistorius não tinha permissão para usar.

Por fim, o advogado de defesa fez com que o Botha admitisse que a polícia não tinha verificado a quem pertencia esta munição, acrescentando que o pai de Pistorius havia guardado em seu cofre.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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