Após prata e recorde quebrado, rivalidade Verônica x Hahn se acirra
A competição entre velocistas na categoria T38 do Mundial Paralímpico de Atletismo, que envolve pessoas com paralisia cerebral, viu o início de uma rivalidade entre as mulheres. Ou melhor, entre duas meninas. A paulista Verônica Hipólito, 17 anos, e a britânica Sophie Hahn, 16 anos, monopolizaram as provas dos 100 m e dos 200 m com recordes mundiais e medalhas.
A primeira decisão entre as duas foi na briga pelos 200 m. Verônica, que enfrentou um tumor na cabeça e um acidente vascular cerebral, surpreendeu o Stade du Rhône, em Lyon, e conquistou o ouro da prova. Hahn ficou com a prata.
No dia seguinte, a brasileira quebrou o recorde mundial dos 100 m na semifinal, mas a situação se reverteu na decisão. Sophie Hahn aproveitou a largada ruim da paulista e disparou para conquistar o ouro. Além disso, a inglesa superou a marca de Verônica e estabeleceu o recorde em 13s10.
"A Sophie, com todas as palavras, vai ser uma grande adversária. Eu estou muito animada, quero correr com ela de novo", disse a brasileira sobre sua recém-nascida rivalidade com a paratleta de Nottingham.
"Vamos ser amigas por muito tempo, não importa o que aconteça. Ela me venceu antes, e hoje ela me venceu. Ela teve um desempenho muito bom. Achei que ela tinha uma chance muito grande, mas acho que essa era a minha vez", resumiu Hahn.
Antes das provas, as paratletas trocaram poucas palavras. No dia dos 200 m, a situação era mais amistosa, existindo até a abertura para confissões entre as duas adolescentes. "A Sophie me disse 'boa sorte, Verônica' e 'estou com medo de você'. Aí disse: 'boa sorte, Sophie, eu estou com mais medo de você ainda. Não dormi por sua causa!'. Todo mundo se abraçou lá dentro", contou a brasileira.
Depois do ouro e do recorde mundial de Verônica, entretanto, a relação ficou mais competitiva e fria. "Só ouvi da Sophie 'é bom te ver novamente'. Respondi 'é bom te ver novamente também'", disse a paulista.
Por ainda serem novas, Verônica e Hahn ainda têm um longo caminho pela frente para conquistarem títulos, quebrarem recordes e acirrarem a rivalidade. O ápice da relação promete ocorrer na Paralimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. "Ela não quer perder para mim e eu não quero perder para ela. Ponto. É competitividade. Sei que ela pode dar o máximo dela, mas eu também vou dar", avisou a paulista.
*O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.