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Atletismo

Oscar Pistorius, o atleta paralímpico dono de uma vontade de ferro

14 fev 2013 - 17h13
(atualizado às 17h48)
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O sul-africano Oscar Pistorius, acusado do assassinato de sua namorada nesta quinta-feira, virou ícone ao ser o primeiro atleta paralímpico a participar nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 depois de uma longa batalha com as autoridades esportivas.

Dono de um sorriso encantador e muito amável, Pistorius, de 26 anos, se converteu, em poucos anos, no favorito da mídia e numa verdadeira estrela do esporte, e não apenas por causa de sua condição física.

Ele é mundialmente conhecido como "Blade Runner" por causa da forma de suas duas próteses, metade humanas e metade artificiais, que ele utiliza para correr, fazendo-o com que fosse descrito como "o homem sem pernas mais rápido do mundo".

Nomeado "o homem mais bem vestido de 2011" pela revista GQ, Pistorius também apareceu nas capas das principais revistas masculinas e foi garoto propaganda para um perfume caracterizado como homem biônico, com as pernas cobertas por uma armadura de metal cromado.

Apesar de se conhecerem há pouco tempo - começaram a namorar no final de 2012 -, Pistorius formava um casal glamouroso com sua namorada assassinada, Reeva Steenkamp, uma modelo de 30 anos escolhida entre as "100 mulheres mais sexys do mundo" pela revista FHM.

A vítima publicou no Twitter na quarta-feira a mensagem "Que surpresa vocês prepararam para seu amado amanhã?", referindo-se ao Dia dos Namorados americano. De fato, num primeiro momento, falou-se da hipótese de que Pistorius disparou contra a namorada ao confundi-la com um ladrão, quando ela pretendia surpreender o esportista.

A vida particular de Pistorius já havia provocado no passado alguns rumores. Em 2009, passou uma noite na prisão depois de ter sido acusado de agressão sexual por uma jovem de 19 anos.

Sua ex-namorada, Samantha Taylor, declarou, inclusive, em novembro passado, que "Oscar certamente não é a pessoa que as pessoas acreditam que é".

A polícia de Pretória indicou nesta quinta-feira, depois de prender o atleta, que tinha conhecimento de "disputas familiares" em sua residência no passado.

O atleta jamais escondeu sua paixão pelas armas e indagado com que frequência praticava tiro, declarou em entrevista ao New York Times no início de 2012: "Só de vez em quando, quando não consigo dormir".

Pistorius também ficou marcado por uma infância agitada. Seus pais se divorciaram quando tinha 6 anos e sua mãe morreu quando o atleta fez 15 anos. O esportista tem tatuado a data da morte da mãe no braço.

O sul-africano tem dois irmãos e sua relação com seu pai sempre foi complicada.

Pistorius nasceu sem os perôneos em 22 de novembro de 1986 em Johannesburgo e foi submetido a uma operação para amputar abaixo dos joelhos aos 11 anos de idade.

Pistorius aprendeu a caminhar com prótese e sempre quis, desde criança, medir-se com esportistas plenos. Tentou o waterpolo, o críquete, o boxe, mas se decidiu pelo atletismo aos 16 anos, depois de ficar contundido num joelho jogando rúgbi.

Desde suas primeiras voltas na pista de atletismo, Pistorius quebra recordes, apesar de seu então treinador assegurar que demorou seis meses para dar-se conta da deficiência de seu atleta porque ele sempre corrida com calças compridas e fazia todos os exercícios no mesmo ritmo que os colegas.

Dominando os Jogos Paralímpicos (seis medalhas de ouro entre 2004 e 2012), Pistorius se lançou ao desafio de competir com os atletas olímpicos, mas isso o levou a um longo combate, dentro e fora da pista, para conseguir seu objetivo.

Em 2008, a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) vetou sua participação nas competições que organizava por alegar que as lâminas de carbono com forma de patas de felino davam a Pistorius uma certa vantagem na segunda parte da volta na pista.

Mas outros especialistas demonstram que não havia provas científica que demonstrassem essa vantagem e o Tribunal Arbitral dos Esportes (TAS) tirou a razão da IAAF em 2008 e Pistorius pôde competir com os atletas de elite.

Com uma vontade à toda prova, Pistorius intensificou seus treinamentos para virar o primeiro atleta deficiente a disputar o Mundial de Daegu-2011, onde conseguiu a medalha de prata no revezamento 4x400 metros rasos.

A ponto de não se classificar para os Jogos de Londres-2012 por alguns centésimos, a Federação Sul-africana o utilizou no revezamento 4x400 em julho e, posteriormente, para os 400 m individual, apesar dele não atingir o mínimo exigido.

Na capital britânica, chegou às semifinais na prova individual e na final dos revezamentos.

Fora das pistas, este atleta antes descrito como pouco agressivo passava uma imagem aberta para com a imprensa e assegurava sentir-se orgulhoso de ver sua avó de 89 anos acompanhando sua carreira.

Apaixonado pela velocidade e viciado em adrenalina, Pistorius adora andar de moto. Também teve dois exemplares de tigre branco, antes de vendê-los para um zoológico canadense.

Em 2008, fraturou duas costelas e a mandíbula num acidente de barco. Na embarcação, foram encontradas várias garrafas vazias de álcool, mas ele não foi submetido a nenhum teste.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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