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Atletismo

Pistorius completa 1 semana detido sem saber se esperará julgamento na prisão

20 fev 2013 - 15h55
(atualizado às 16h06)
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O atleta sul-africano Oscar Pistorius passará nesta quarta-feira sua sétima noite detido em uma delegacia de Pretória sem saber se aguardará na prisão ou em liberdade o julgamento pelo assassinato de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp.

Na audiência realizada no Tribunal da Magistratura de Pretória, o juiz Desmond Nair adiou para amanhã sua esperada decisão sobre a liberdade sob fiança solicitada pelo advogado de Pistorius e rejeitada pela promotoria.

Trata-se do terceiro adiamento da audiência, que começou na sexta passada após a morte de Reeva na madrugada da quinta-feira na casa do atleta em Pretória.

A audiência de hoje foi marcada pelas alegações do promotor, Gerrie Nel, e do advogado do velocista, Barry Roux, na presença do acusado, que mais uma vez não conseguiu conter as lágrimas.

O chefe da investigação policial, Hilton Botha, prestou depoimento como testemunha, convocado pelo promotor para que apoiasse perante o juiz sua oposição à liberdade provisória.

Nair perguntou a Botha, um agente com 16 anos de serviços à polícia, se realmente acreditava que alguém conhecido mundialmente como Pistorius tentaria fugir do país.

"É possível", respondeu o policial, enquanto Nel argumentou que se opõe à liberdade sob fiança porque "existe o risco que ele (Pistorius) tome um avião" para sair da África do Sul.

Antes, Botha havia revelado detalhes desconhecidos da versão dos fatos da polícia, que reforça a acusação de "assassinato premeditado" mantida pelo promotor.

Segundo o agente, dois vizinhos asseguraram como testemunhas à polícia terem escutado gritos e uma discussão acalorada na casa de Pistorius pouco antes que o atleta disparasse sua pistola.

Essa declaração contradiz a versão que Pistorius, de 26 anos, deu nesta terça-feira, quando relatou que o casal jantou e foi dormir, até que um barulho acordou o corredor, que pensou que um intruso tinha entrado no banheiro e efetuou vários disparos contra a porta sem reparar sua namorada estava lá dentro.

O advogado alegou que os vizinhos moravam longe e não podiam garantir que o barulho vinha do domicílio de seu cliente. Com um estilo muito incisivo, Roux perguntou a Botha a quantos metros vivia uma das testemunhas.

"600 metros", respondeu o policial, e a longa distância provocou o murmúrio de boa parte da sala, lotada como em todos os outros dias anteriores.

O policial afirmou também ter encontrado seringas e testosterona na casa de Pistorius, cujo advogado explicou que se tratava de um composto de ervas medicinais perfeitamente legais.

Botha desmentiu a versão da defesa segundo a qual Pistorius teria chamado uma ambulância após socorrer Reeva, de 29 anos.

Segundo a testemunha, a polícia encontrou quatro telefones celulares na casa, mas não tinham sido utilizados "durante meses", embora Roux tenha alegado que seu cliente avisou aos serviços médicos de outro aparelho.

A defesa também lançou mão de seus legistas para revelar que Reeva tinha a bexiga vazia quando morreu. Este fato confirmaria, segundo Roux, a versão de Pistorius, que sustenta que sua namorada se levantou para ir ao banheiro quando ele estava fechando a porta da varanda e depois disparou pensando que tinha entrado um ladrão.

Roux relativizou várias vezes com suas perguntas as declarações de Botha, a quem acusou de "contaminar" o local do crime por caminhar sem protetores nos sapatos.

Os parentes de Pistorius sorriram com cumplicidade após várias perguntas do interrogatório de Roux à testemunha policial.

Fora do tribunal, o grupo defensor dos direitos das mulheres "Youth for Survival" se manifestou para exigir que a liberdade ao atleta seja negada.

"Como mulheres, o que deveríamos fazer neste país? Deveríamos dormir com armas debaixo do travesseiro?", perguntou Moshy Mathe, líder das manifestantes, em referência ao suposto crime de Pistorius e ao elevado índice de violência machista na África do Sul.

A família de Reeva Steenkamp, que manteve uma atitude muito discreta desde o crime, se despediu ontem da modelo em cerimônia íntima realizada em Port Elizabeth, no sul do país.

Pistorius fez história em agosto do ano passado em Londres ao se transformar no primeiro atleta com as duas pernas amputadas a participar dos Jogos Olímpicos.

O velocista corre sobre duas próteses de carbono cuja forma lhe valeu o apelido de "Blade Runner", algo como "o corredor lâmina", em referência ao filme de mesmo nome do diretor Ridley Scott.

EFE   
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