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Atletismo

Promotoria acusa Pistorius de assassinato e descarta hipótese de acidente

20 fev 2013 - 19h04
(atualizado às 19h10)
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A promotoria e a polícia sul-africanas descartaram esta quarta-feira a tese de acidente defendida pelo atleta paralímpico sul-africano Oscar Pistorius, acusado de matar a tiros sua namorada, Reeva Steenkamp em 14 de fevereiro.

De acordo com o promotor Gerrie Nel, Pistiruys e Steenkamp discutiram violentamente pouco antes do assassinato da modelo na casa do atleta.

Segundo Neel, uma testemunha "ouviu palavras que pareciam uma briga ininterrupta entre as duas e as três da manhã".

Também "temos o testemunho de uma pessoa que diz que depois de ouvir os disparos, olhou pela sacada e viu que havia luz" na casa de Pistorius, disse o policial Hilton Botha perante o tribunal de Pretoria, onde o esportista se apresentou pelo segundo dia consecutivo.

"Depois, ouviu uma mulher gritar duas ou três vezes e novos disparos", acrescentou.

Os advogados do atleta reforçaram que as testemunhas estavam a 300 metros da casa.

Apesar de não concordar, Botha considerou "coerente" a versão de Pistorius, que tinha dito na terça-feira que acordou pouco antes dos fatos e atirou no escuro na direção do banheiro, pensando que um ladrão havia entrado no apartamento, convencido de que a namorada ainda estava na cama.

Segundo o promotor, a vítima estava vestida no momento dos disparos e Pistorius "atirou deliberadamente na direção do banheiro a uma distância de 1,5 metro".

"Atirou diretamente contra o banheiro, na direção do lavabo", explicou Gerrie Nel.

O corpo de Steenkamp tinha três marcas de tiro: na cabeça acima da orelha direita, no cotovelo direito - a bala fraturou seu braço - e no quadril direito, disse Botha.

A polícia confirmou que a autópsia não revelou sinais de violência no cadáver da jovem.

"O corpo de Reeva não tinha nenhuma marca de ferimento defensivo (...), nenhum sinal de agressão e nenhum sinal de que tenha se defendido de uma agressão", afirmou o advogado de Pistorius, uma informação confirmada por Botha.

O corpo de Reeva Steenkamp, de 29 anos, foi cremado na terça-feira, em uma cerimônia íntima, em Port Elizabeth, no sul da África do Sul.

O tribunal distrital de Pretória, que adiou a audiência do caso até quinta-feira, ainda não pode se pronunciar sobre o caso, mas já examina os fatos para decidir se concederá liberdade sob fiança ao campeão paralímpico, que virou lenda ao competir nas Olimpíadas de Londres em 2012.

O investigador Hilton Botha revelou também que foram encontradas na casa de Pistorius seringas e testosterona, uma substância proibida no esporte.

"Não podemos dizer o que é", declarou o porta-voz da promotoria, Medupe Simasiku. "Não podemos confirmar nem descartar antes da análise científica", acrescentou.

O atleta também foi denunciado por porte ilegal de munições, informou esta quarta-feira a polícia.

Botha afirmou que Pistorius já tinha sido detido no passado por ter agredido alguém em sua casa. "Houve um incidente em sua residência, onde foi detido por agressão, penso", declarou. "A versão que o acusado me deu e o que vi me demonstraram que não era possível provar a agressão", acrescentou.

Desde a morte de Steenkamp, a imprensa sul-africana descreve o atleta de 26 anos como alguém violento, que costumava brigar com as sucessivas namoradas.

Em setembro de 2009, Pistorius esteve detido uma noite, acusado de ter agredido uma mulher, mas a promotoria acabou deixando de lado as acusações. Por causa deste incidente, Pistorius apresentou uma queixa por falso testemunho contra a mulher e por prisão ilegal contra a polícia. A justiça desconsiderou os dois processos.

Por último o grupo francês de cosméticos Clarins anunciou que deixará de usar em uma publicidade de perfumes a imagem do esportista sul-africano, "por respeito e compaixão com as famílias envolvidas nesta tragédia".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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