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Atletismo

Técnico de Caldeira rebate Coquinho e diz: "ele extrapolou"

30 dez 2010 - 16h51
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Principal articulador da vinda de africanos ao Brasil para provas de rua, Moacir Marconi, mais conhecido como Coquinho, criticou Alexandre Minardi, técnico de Franck Caldeira no Cruzeiro. Ao rebater, o treinador do clube mineiro disse que rompeu contato com o empresário.

"Eu era amigo do Coquinho. É gente muito boa, mas ele exagerou. Extrapolou! Meus atletas conversam com ele, é um direito deles. Mas o Coquinho para mim acabou. Eu, sinceramente, não converso mais com ele. Quero que o Coquinho seja muito feliz, mas a nossa amizade acabou", afirmou.

Em conjunto com empresas de material esportivo e organizadores de provas de rua, Coquinho traz africanos para competir no Brasil. Diante da reclamação dos atletas nacionais, a Confederação Brasileira de Atletismo (Cbat) limitou o número de estrangeiros no começo de 2009.

Em provas da chamada Classe A-1, são permitidos no máximo três atletas por país. No entanto, a entidade pode rever o limite a seu critério em eventos deste nível. Na São Silvestre, por exemplo, serão 11 quenianos (seis no masculino e cinco no feminino). No total, estão inscritos 17 africanos na corrida.

"Um é pouco, dois é muito e três é demais, mas 17 virou brincadeira. Mas tudo bem, porque a Cbat permite isso e ela é a entidade máxima do atletismo. Só com quenianos já era dificil e agora ficou ainda pior com marroquinos, tanzanianos e etíopes. Hoje em dia, temos que treinar para vencer os africanos", afirmou Minardi.

O técnico chegou a citar o atual recordista mundial de Meia Maratona, dono de quatro titulos mundiais na distância. "Se o pessoal da Eritreia começar a competir no Brasil, acaba de complicar tudo. Eles são os melhores da África, tanto que tem o Zersenay Tadese, não guardo bem o nome dele, não sei falar direito nome de africano", disse.

Em um Fórum da Cbat realizado no ano passado, Minardi propôs estabelecer um limite máximo de três atletas do continente africano por prova, ideia descartada no evento. Apesar de falar abertamente que reprova a presença dos estrangeiros, ele garante que o problema não é pessoal.

SEM ARREPENDIMENTO

Campeão da São Silvestre de 2006 e da Maratona dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro-2007, Franck Caldeira caiu de rendimento desde então. Para Coquinho, a fase é resultado da troca do técnico Henrique Viana por Alexandre Minardi.

O atleta, por sua vez, não se arrepende da mudança de treinador e da transferência para o Cruzeiro. "A vida tem uma sequência. Eu agradeco e respeito o Henrique. Minha opção pelo Cruzeiro foi financeira e para vestir a camisa de um clube do meu estado", disse.

Franck Caldeira assumiu a responsabilidade pela queda de rendimento. "Essa decadência minha não é culpa do Cruzeiro, mas sim minha mesmo. Tenho que procurar me estimular mais e reformular minha tática de corrida", reconheceu.

"A gente do Cruzeiro sempre disputa com os quenianos e não temos nada contra os atletas africanos. Eles são super gente boa e eu sou amigo de todos, mas sou sincero. Dos técnicos brasileiros, sou o único que dou a cara a tapa e sou contra esse exagero de africanos no Brasil", declarou.

Franck Caldeira, atualmente treinado por Minardi, foi o último brasileiro a vencer a São Silvestre, na temporada de 2006. Desde então, os quenianos Robert Cheruiyot (2007) e James Kipsang (2008 e 2009) dominaram a prova. Com seu atleta fora da melhor forma, o técnico do Cruzeiro não esconde a torcida.

"Como brasileiro, vou torcer e acho que a chance é muito grande. Vou torcer pelo Marilson (Gomes dos Santos, campeão em 2003 e 2005) como se ele fosse do Cruzeiro", disse Minardi. "Na coletiva todo mundo fala e tal, mas tenho certeza que no fundo o próprio Marílson está contrariado com a presença desse bando de africanos no Brasil", encerrou.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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