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Ex-mecânico, piloto do PR supera desconfiança com título da F-Truck

Por falta de patrocínios, Leandro Totti deixou o kart aos 10 anos e se dedicou à mecânica; depois de pilotar Fuscas, chegou à Fórmula Truck indicado por piloto, e coroou a retomada conquistando o título de 2012

5 jun 2013 - 08h32
(atualizado em 12/6/2013 às 15h32)
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<p>Leandro Totti foi chamado para trabalhar na Truck em 2003; após acidente de piloto, virou substituto</p>
Leandro Totti foi chamado para trabalhar na Truck em 2003; após acidente de piloto, virou substituto
Foto: Divulgação

O paranaense Leandro Totti é um caso curioso no automobilismo nacional. Nascido em 30 de março de 1977, o paranaense de Ibiporã (413 km de Curitiba) começou a correr de kart aos 7 anos, conquistando o título da Fórmula Truck aos 35. Neste intervalo, porém, ficou afastado do automobilismo por quase uma década, e só chegou à Truck graças a um convite para ser mecânico em 2003. Menos de dez anos depois, é o campeão da categoria.

Complicou? Então vamos por partes. Em 1984, inspirado pelos feitos de Nelson Piquet (então bicampeão de Fórmula 1), Totti começou a correr de kart – no entanto, teve que parar aos 10 anos por dificuldades financeiras. Na adolescência, passou a investir em uma oficina mecânica – mas, paralelamente, voltou a competir aos 18 anos, correndo em carros de turismo e disputando a exótica Speed Fusca no norte do Paraná.

Em 2003, graças a seus conhecimentos em mecânica, Totti foi convidado para cuidar dos caminhões da Ford na Fórmula Truck. Mas aí veio o que chamou de “divisor de águas”: Ernesto Pívaro Neto, piloto conhecido como “Gardenal”, sofreu um grave acidente e entrou em coma, deixando a Truck – quando voltou do coma, em junho, Gardenal indicou Totti como substituto, já que os dois se conheciam desde os tempos de Speed Fusca.

“Nunca tinha trabalhado e nem dirigido um caminhão”, contou Totti ao Terra. “Nós começamos juntos na Speed Fusca - eu como preparador e piloto, e ele como piloto. Foi aí que nos conhecemos até chegar à Truck juntos. Sempre quem fazia os teste no caminhão para desenvolvimento era eu, então com isso acabei adquirindo experiência com caminhão, pilotando. Com isso, ele sabia da minha capacidade de pilotar”, completou.

<p>Além de competir pela Fórmula Truck, agora com um caminhão da Volkswagen, paranaense também administra categoria de monopostos para ajudar na formação de pilotos</p>
Além de competir pela Fórmula Truck, agora com um caminhão da Volkswagen, paranaense também administra categoria de monopostos para ajudar na formação de pilotos
Foto: Divulgação

O começo não foi fácil, já que o preconceito em torno do inexperiente paranaense era grande. Mas aí veio mais uma aposta de Gardenal – o antecessor de Totti conseguiu patrocinadores para o “pupilo” e disse que eles não precisariam pagar se os resultados não viessem. Resultado: a equipe Londrina Truck Racing (caminhão da Ford) ficou em oitavo lugar no primeiro ano do piloto.

Correndo ao lado de nomes como Roberval Andrade, Djalma Fogaça, Wellingto Cirino e Beto Monteiro, Totti foi ganhando espaço. Em 2012, ABF Race Team (com um caminhão da Mercedes), bateu mais um nome experiente: Felipe Giaffone. Apesar das vitórias de Beto Monteiro nas duas primeiras etapas do ano (Velopark e Jacarepaguá), o paranaense conquistou seis vitórias nas sete últimas corridas do ano, faturando o título da temporada com 216 pontos. Giaffone, com uma vitória no ano, somou 154 pontos e foi vice-campeão.

Com a vantagem de conhecer bem a mecânica dos caminhões, Totti foi contratado para disputar a temporada 2013 pela equipe RM Competições, correndo com um caminhão MAN da Volkswagen. O modelo especial de corrida, testado dois dias antes do início da temporada, ainda vem caindo no gosto de Totti, que é o quarto colocado após as três primeiras etapas do ano (Tarumã, Londrina e Caruaru).

“Foi um ano muito vitorioso, mas estou muito contente com a nova equipe e com o novo caminhão da MAN Latin America. Sabemos que era um caminhão novo, que teríamos que ter um tempo para desenvolver, mas o bom é que parte da engenharia (da equipe) está muito dedicada. A cada corrida, o caminhão vem se tornando mais competitivo; com isso, teremos a certeza que ainda neste ano iremos brigar por vitórias e pelo título”, disse Totti, com 35 pontos nas primeiras etapas – Paulo Salustiano, o líder, tem 70.

<p>Totti (73) conquistou a temporada de 2012 da Fórmula Truck com seis vitórias nas sete últimas corridas</p>
Totti (73) conquistou a temporada de 2012 da Fórmula Truck com seis vitórias nas sete últimas corridas
Foto: Divulgação
Sem caminho após o kart, Totti tem categoria própria para iniciantes

Por conta dos problemas que teve para correr em categorias de acesso na infância, Leandro Totti resolveu compensar: criou uma categoria própria, a Fórmula Spider, na qual ele prepara o carro de todas as equipes de maneira igual, independente do investimento de cada uma delas. Assim, segundo ele, a disputa será equilibrada, mesmo diante de investimentos diferentes.

“É uma categoria com muitos atrativos para quem quer começar a correr de monopostos. São carros abertos, protótipos, com um equilíbrio muito grande. Todos os carros são limitados, o piloto não pode mexer em nenhum acerto - são iguais para todos os pilotos, onde quem faz a diferença é o piloto mesmo. Com isso, consigo limitar o gasto se tornando uma categoria barata”, disse o administrador da disputa.

A meta para 2013, além de disputar o título da Truck, é expandir a Fórmula Spider. Nos caminhões, a meta é conquistar mais vitórias (tem nove na carreira); nos bastidores, quer ajudar a tornar sua categoria mais nacional, ajudando a desenvolver pilotos.

“Com o tempo, acabei vendo que estava difícil para os meninos que estavam no kart com 16 anos e que queriam ir para outra categoria, por que não havia outras categorias. Com isso, acabei tendo essa iniciativa para poder ajudar a eles a andar com carros monopostos, onde o custo é bem em conta para quem vai começar”, completou.

Fonte: Terra
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