Nelsinho confirma "cooperação" com a FIA e diz não ter medo
O piloto Nelsinho Piquet confirmou, em comunicado divulgado nesta sexta-feira, que passou informações à Federação Internacional de Automobilismo (FIA) sobre o possível caso de "marmelada" no GP de Cingapura de 2008. Nelsinho ainda disse que não tem medo do diretor esportivo da Renault, Flávio Briatore, que o processou por "chantagem".
"À respeito da corrente investigação da FIA, eu confirmo que tenho cooperado integralmente e honestamente com a corpo esportivo. Eu estou dizendo a verdade e não tenho nenhum medo, tanto da Renault como do Sr. Briatore", disse no comunicado.
"Embora esteja ciente do poder e da influência daqueles que estão sendo investigados, e dos vastos recursos que possuem à sua disposição, não serei novamente intimidado a tomar uma decisão da qual venha a me arrepender", completou.
Nelsinho é apontado, ao lado do pai, como o responsável pela denúncia da possível iregularidade. O brasileiro teria batido propositalmente a pedido da Renault em benefício de Fernando Alonso. A história teria sido mantida como trunfo da família para o piloto continuar na equipe. Porém, Nelsinho foi demitido no dia 3 de agosto.
"Tenho toda a confiança na investigação da FIA e do Conselho Mundial de Automobilismo e não farei qualquer comentário adicional até a conclusão da audiência de 21 de setembro de 2009", concluiu Nelsinho. Na data mencionada por Piquet, a Renault será ouvida pelo Conselho Mundial da FIA.
O comunicado foi divulgado antes de declarações ofensivas de Briatore ao piloto. Segundo o diretor esportivo da escuderia, Nelsinho teria tido caso com um homem mas velho. A assessoria da família Piquet ainda não se pronunciou sobre o assunto.
A polêmica
Tudo começou no GP de Cingapura de 2008, quando Nelsinho sofreu um acidente que beneficiou diretamente o espanhol Fernando Alonso, que venceu a corrida. O clima de "marmelada" teria ficado no ar, mas só passou a ser encarado como provável perto da demissão do brasileiro na Renault, no dia 3 de agosto de 2009.
A FIA recebeu informações e começou a investigação sobre o caso no dia 26 de julho. Dois dias depois, Briatore teria enviado a carta a Piquet insinuando que o ex-piloto seria o responsável pela denúncia. No dia 30 de julho, Nelsinho enviou um depoimento à entidade admitindo culpa e fornecendo detalhes comprometedores à equipe.
Na carta divulgada na quinta-feira pelo site F1SA, Nelsinho diz que Briatore e o engenheiro Pat Symonds lhe sugeriram uma estratégia em que bateria no muro para beneficiar Alonso, o que posteriormente ocorreu. O brasileiro afirma que aceitou a proposta por se sentir pressionado na equipe e por temer que seu contrato não fosse renovado para 2009.
Posteriormente confirmado para a atual temporada, Nelsinho continuou com resultados abaixo do esperado e com constantes boatos de que seria substituído. A demissão finalmente ocorreu no dia 3 de agosto, poucos dias depois de a polêmica do GP de Cingapura ser reativada.
Nesta sexta, diante da divulgação da carta de Nelsinho, a Renault foi à justiça francesa e fez uma denúncia à família Piquet por "chantagem com agravante". Segundo a escuderia, a história foi usada para forçar a manutenção do piloto no cockpit da equipe.
Ainda nesta sexta, o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Mosley, garantiu a Nelsinho imunidade em caso de cooperação total do piloto na investigação.
Com informações da agência Gazeta Press.