Ecclestone diz: "não ficaria surpreso" se novatas deixassem F1
28 jul2010 - 08h31
(atualizado às 08h55)
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Maior empresário da Formula 1, o britânico Bernie Ecclestone acredita que, antes mesmo do final da disputa da atual temporada, pelo menos uma ou duas das equipes novas de 2010 irão abandonar a categoria. Ecclestone acredita que elas não farão falta alguma ao circo, à exceção da Lotus, de franquia tradicional - ainda que tenha novos investidores.
Em entrevista ao jornal Daily Telegraph, Ecclestone minimizou a importância do pedido da Renault por um adiantamento dos lucros referentes aos direitos televisivos, e não teve dúvidas da estrutura da escuderia de origem francesa, mas de base fixada no Reino Unido - o que não se repetiu com as outras agremiações menores.
"Toda essa situação acontece porque um dos seus acionistas não quer retirar dinheiro de uma das suas empresas, porque isso significaria a obrigação de uma reunião de seu conselho", explicou. "Mas eu nunca lhes adiantei o dinheiro, e eles afirmaram estar tudo sob controle", contou.
"Mas eu não ficaria surpreso se uma ou duas equipes não atingissem o final da temporada. Eu acho que há uma dupla de times que realmente não deveria estar lá. Eles estão um pouco fora de suas possibilidades no momento", afirmou, em clara referência à Virgin Racing, de Lucas di Grassi, e à Hispania Racing Team, de Bruno Senna.
Bernie não vê necessidade na grande quantidade de carros e equipes presentes na atual temporada da F1. Em 2010, 12 escuderias iniciaram a disputa do campeonato com dois carros cada, e o número ainda pode aumentar para 13 em 2011, se a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) aprovar o ingresso de uma nova agremiação.
Três equipes disputam a vaga citada. Uma delas é a Stefan GP, de investidor sérvio e que já teve a entrada negada neste ano quando a USF1 desistiu de disputar a temporada 2010 dias antes do seu início. A outra vem de investidores que aproveitaram os equipamentos da USF1, e a última, a italiana Durango, que acaba de formar parceria com o piloto canadense Jacques Villeneuve.
A possibilidade, no entanto, não agrada Ecclestone, que é bastante claro ao afirmar que o essencial são apenas 20 carros disputando as provas. "Tudo que sempre quisemos foi ter apenas dez equipes. A Lotus tem um grande nome, e não queremos perdê-lo. Mas neste ano tivemos algum incômodo, pois custa muito manter essas equipes na F1", argumentou.
"O problema é que estas equipes não demonstraram capacidade para estar onde estão. E se de repente elas deixarem de aparecer nas corridas, eu não acho que o público irá sentir sua falta, ou os televisores irão se apagar, ou a mídia parar de escrever", questionou.
GP da Alemanha de 2010: Felipe Massa liderava a corrida em Hockenheim e a menos de 15 voltas do final recebe a ordem da Ferrari para liberar a posição para o espanhol Fernando Alonso
Foto: AFP
GP de Portugal de 1989: Desclassificado da corrida por uma manobra ilegal no pit stop, Nigel Mansel, da Ferrari, ignorou a bandeira preta, seguiu na pista e se tocou com a McLaren de Ayrton Senna (na foto, retornando aos boxes); o acidente beneficiou Alain Prost, companheiro de Senna na McLaren e que no ano seguinte levaria o número 1 para a escuderia de Maranello
Foto: AFP
GP do Japão de 1989: Para ser campeão, Alain Prost joga o carro de forma proposital e provoca um acidente com Ayrton Senna a poucas voltas do fim do GP do Japão de 1989 - o brasileiro, mesmo com o bico quebrado, consegue voltar, trocar a peça e completar a prova em primeiro, mas é desclassificado por ter cortado a chicane; com a decisão, o piloto da França leva o título
Foto: Getty Images
GP do Japão de 1990: Com a situação inversa do ano anterior, Ayrton Senna bate em Alain Prost depois da largada e festeja de forma antecipada o segundo dos seus três títulos mundiais
Foto: Getty Images
GP da Europa de 1997: Michael Schumacher estava próximo de quebrar o jejum de títulos da Ferrari - bastava não permitir que Jacques Villeneuve somasse mais pontos que ele no GP final em Jerez de la Frontera. Com melhor rendimento, o canadense da Williams fez a manobra de ultrapassagem depois do pit stop, mas o alemão tentou provocar o acidente, errou e saiu sozinho da prova. Schumacher foi desclassificado da temporada e nem com o vice ficou - pior: teve que ir aos tribunais da FIA se explica
Foto: AFP
GP da Áustria de 2001: Brasileiro Rubens Barrichello, da Ferrari, deixa o companheiro alemão Michael Schumacher passar no fim e ajuda o companheiro a terminar em segundo, atrás apenas da McLaren do escocês David Coulthard
Foto: Getty Images
GP da Áustria de 2002: Brasileiro Rubens Barrichello repete o gesto do ano anterior - desta vez, ainda pior por estar em primeiro quando permitiu a poucos metros do fim a ultrapassagem do alemão Michael Schumacher. A marmelada da Ferrari provoca a criação da regra contra ordens de equipe
Foto: Getty Images
GP dos EUA de 2002: Para devolver a gentileza a Rubens Barrichello, Michael Schumacher reduz a velocidade a poucos metros do fim e "deixa" o companheiro vencer em Indianápolis
Foto: Getty Images
Temporada de 2007: A McLaren, por pouco, não acabou banida da F1 ao ser descoberto que o projetista da escudeira inglesa, Mike Coughlan, havia obtido informações confidenciais da rival Ferrari por meio de Nigel Stepney, chefe dos mecânicos do time italiano. O piloto espanhol Fernando Alonso, que corria pela McLaren e estava insatisfeito com o tratamento dado ao inglês Lewis Hamilton, colaborou com a FIA na investigação
Foto: Getty Images
GP de Cingapura de 2008: Nelsinho Piquet bate de forma proposital e provoca a entrada do safety car, ajudando o companheiro de Renault, o espanhol Fernando Alonso, que já havia feito um pit stop, assumir a liderança e vencer a corrida