Massa vê volta de Raikkonen possível, mas diz: "ele precisa falar mais"
23 nov2011 - 12h18
(atualizado às 16h48)
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Henrique Moretti
Direto de São Paulo
Piloto geralmente calado conhecido como "Homem de Gelo" na Fórmula 1, Kimi Raikkonen negocia o retorno à categoria em uma equipe intermediária - Williams e Lotus Renault. Embora o finlandês afirme que só corre para vencer, Felipe Massa consegue ver o ex-companheiro de Ferrari ajudando uma escuderia menor a evoluir o carro. Ao mesmo tempo, o brasileiro faz uma ressalva: "ele precisa falar mais".
Nesta semana, Raikkonen, 32 anos, concedeu sua primeira entrevista desde que as especulações sobre sua contratação pela Williams começaram - recentemente, a Lotus Renault também admitiu conversar com o piloto, atualmente no Campeonato Mundial de Rali (WRC). À revista inglesa F1 Racing, ele admitiu que tem propostas de equipes da F1, mas negou sentir falta da competição a ponto de voltar a qualquer custo. E ainda completou dizendo que com com uma "m... de carro você nunca pode ganhar".
Nesta quarta-feira, Massa, 30 anos, participou de um evento do fornecedor de combustível da Ferrari em um shopping de São Paulo e, questionado sobre o finlandês, respondeu com elogios e uma pequena crítica: "acho que é possível (o retorno). É um piloto com muita experiência, que entende bastante do desenvolvimento do carro, mas ele precisa talvez falar um pouquinho mais", disse, provocando risos no público presente.
Raikkonen foi companheiro do brasileiro na equipe italiana entre 2007 e 2009. Em 2007, bateu o inglês Lewis Hamilton e o espanhol Fernando Alonso, ambos da McLaren, para ser campeão mundial contando com a ajuda do então parceiro - o paulistano foi pole position do Grande Prêmio do Brasil, última prova daquela temporada, mas cedeu passagem ao companheiro após a segunda parada nos boxes.
Na época em que trabalhava ao lado de Raikkonen, Massa reconhecia que o relacionamento entre os pilotos da Ferrari era um pouco frio. Em janeiro de 2010, logo após a escuderia anunciar a contratação de Alonso, o brasileiro brincou ao dizer que em apenas um dia de convivência com o espanhol em um evento nas montanhas de Madonna di Campiglio conversou mais com ele do que "em três anos com Kimi".
Ferrari torce por retorno de Raikkonen
Funcionário da Ferrari na Fórmula 1 há 20 anos e diretor de comunicação esportiva da montadora desde 1999, Luca Colaianni também esteve presente no shopping paulistano nesta quarta. Em entrevista exclusiva ao Terra, ele negou a informação de que Raikkonen conversava pouco com os funcionários da escuderia italiana.
"Isso a Ferrari nunca disse", apontou. "Kimi é um rapaz que vem da Finlândia, um país cujas pessoas com certeza não são grandes tagarelas, mas o que conta é como se relacionava com o time. Tenho recordações fantásticas dos três anos com ele: um cara honesto, educado, mas sobretudo um piloto extraordinário".
Desse modo, Colaianni classificou que a contratação do piloto por Williams, Lotus Renault ou outra escuderia seria uma "boa notícia" para a categoria: "é um dos maiores talentos que chegou à F1 em todos os tempos. A Ferrari tem uma lembrança belíssima de Kimi, desejamos a ele todo o bem possível, e se retornar à Fórmula 1 estaremos contentes de vê-lo de novo junto a nós".
Com Sauber, McLaren e Ferrari entre 2001 e 2009, Raikkonen disputou 157 grandes prêmios, somando 18 vitórias e 16 pole positions. Desde que se mudou para o Mundial de Rali, ele não brilhou, sendo o décimo colocado das temporadas de 2010 e 2011 - ambas vencidas pelo francês Sebastien Loeb, octacampeão da modalidade. O melhor resultado do "Homem de Gelo" foi a quinta posição no Rali da Turquia do ano passado.
Rubens Barrichello, 39 anos, chega ao GP do Brasil para a 326ª prova da carreira na Fórmula 1 sem ter um contrato assinado para a temporada 2012. Embora negocie com algumas equipes - Williams e Lotus Renault -, ele pode se ver em uma aposentadoria forçada. Nesse caso, o Terra preparou dez opções para o brasileiro: seja ainda envolvido com as pistas (na Stock Car), com outro esporte (o golfe) ou mais dedicado à família. Saiba mais nas próximas páginas:
Tornar-se jogador de pôquer Após o GP do Canadá, Barrichello disse que tentou aproveitar o período de paralisação da prova pela chuva para jogar pôquer. A internet não funcionou, porém. Ele também costuma se reunir com colegas como Felipe Massa no motorhome para se divertir com as cartas. Utilizar óculos escuros para ludibriar os adversários e profissionalizar-se no pôquer seria uma opção. Ex-tenista, o russo Yevgeny Kafelnikov fez isso e disputou a World Series
Foto: Getty Images
Virar jogador de golfe Outro hobby conhecido do brasileiro é jogar golfe. Em setembro, ele participou do Aberto Damha Golf Club, em São Carlos, e terminou na sexta posição, precisando de apenas dez tacadas a mais para acertar os 18 buracos que o campeão do evento. O corredor da Williams, que já idealizou também a Feira Brasileira de Golfe, foi chamado em 2008 pela revista Caras de "padrinho" da modalidade no País e poderia se dedicar a mais atividades nesse sentido
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Dedicar-se mais à família Esta é a opção mais provável para Rubinho. Em entrevista publicada nesta semana pelo jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que, quando parar, poderá ser "ainda mais útil" para os filhos, "que estão crescendo". São eles Eduardo, 10 anos, e Fernando, 6. O piloto é casado com Silvana desde 1997
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Assinar como piloto de testes Se Barrichello não quiser se desligar do ambiente da categoria a qual disputa desde 1993, ele poderia pleitear uma vaga como piloto de testes. Embora os trabalhos dos reservas esteja muito limitado atualmente na Fórmula 1, sua experiência provavelmente seria útil na evolução de uma equipe. O espanhol Pedro de La Rosa, 40 anos, por exemplo, foi testador da McLaren entre 2003 e 2009
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Competir na Fórmula Indy Caso Barrichello não queira abandonar a adrenalina das corridas, uma boa opção é a Fórmula Indy. Muito amigo de Tony Kanaan (à esq.), o veterano acompanhou a etapa do Brasil da categoria, em São Paulo, em abril passado, quando elogiou também Raphael Matos, Vitor Meira e Helio Castroneves e se mostrou muito animado com a categoria. "Se esses carros fossem movidos a uma chavezinha, certamente eu pegaria um capacete para dar uma volta", brincou
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Virar comentarista Esta é uma trajetória comum para ex-pilotos da Fórmula 1. Atualmente, Luciano Burti comenta para a TV Globo, que de forma esporádica já convidou também Lucas di Grassi e Emerson Fittipaldi para a função. Na Europa isso também é normal acontecer, sendo que a rede britânica BBC emprega atualmente Martin Brundle e David Coulthard. Rubinho poderia utilizar a experiência em falar diante das câmeras para se destacar na nova função
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Competir na Stock Car Uma mudança para os carros de turismo também é normal em se tratando de antigos corredores da F1. Atualmente, Antônio Pizzonia (ex-Williams e Jaguar), Tarso Marques (ex-Minardi), Ricardo Zonta (ex-Toyota, Jordan e BAR) e Luciano Burti (ex-Jaguar e Prost) participam da categoria brasileira. Neste ano, Rubinho criou um carro personalizado da Stock Car em um jogo e publicou uma foto no Twitter, anunciando: "galera, vou correr de Stock Car... virtual"
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Abrir uma equipe de Fórmula 1 A família de Barrichello tem experiência em dirigir equipes. Seu tio, Dárcio dos Santos, tem uma tradicional na F3 Sul-Americana, a PropCar Racing. O sobrinho poderia fazer o mesmo na F1, que só teve uma escuderia nacional até aqui: de 1975 a 1982, competiu a Copersucar Fittipaldi. Nesse caso, Rubinho repetiria a atitude do escocês Jackie Stewart (à dir.), tricampeão mundial que foi chefe do próprio brasileiro na Stewart entre 1997 e 1999
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Escrever uma autobiografia Em 2008, o brasileiro ventilou a hipótese ao dizer que "as pessoas não conhecem metade da história" sobre o que viveu na Ferrari entre 2000 e 2005 e que "talvez" elas poderiam "saber da verdade algum dia em um livro". Aposentado, Barrichello teria tempo livre para escrever e dar detalhes sobre o polêmico GP da Áustria de 2002, quando cedeu a vitória ao companheiro Michael Schumacher nos metros finais da prova
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Pilotar na Nascar Outro caminho normalmente tomado por pilotos que deixam a elite do automobilismo é a Nascar. Barrichello é amigo do colombiano Juan Pablo Montoya, a quem costuma desejar sorte nas corridas via Twitter com um carinhoso apelido: "Gordo". Além do ex-piloto da Williams, 36 anos, terceiro melhor piloto da F1 em 2002 e 2003, a categoria americana conta com o brasileiro Nelsinho Piquet (ex-Renault) e já teve Christian Fittipaldi (ex-Minardi e Footwork)