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Após "pegadinha", mulher de ex-piloto lança livro baseado nos bastidores da F1

Ex-assessora da Benetton, Julia Wurz lançou site viral sobre possível nova equipe para promover romance SuperEgo; autora criou personagens e times para temporada fictícia, que tem dois brasileiros e carro número 13

7 abr 2013 - 10h14
(atualizado às 10h14)
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<p>Divulgado por piloto, site da Dupont anunciava ''não apenas outro time''; no fim, endereço era truque</p>
Divulgado por piloto, site da Dupont anunciava ''não apenas outro time''; no fim, endereço era truque
Foto: Reprodução

No dia 31 de março, o espanhol Pedro de la Rosa surpreendeu no Twitter ao anunciar o site da Dupont F1, criando a expectativa por uma possível nova equipe da Fórmula 1 – talvez até para 2014. No link publicado pelo ex-piloto de Arrows, McLaren, Jaguar, Sauber e HRT, um carro encoberto aparecia acompanhado da legenda “não apenas outro time”. Com uma contagem regressiva, o site prometia o anúncio para o dia seguinte, 1º de abril.

A data não foi escolhida por acaso. No Dia da Mentira, o site revelou a verdade, e frustrou as expectativas de quem esperava por um novo time. Na verdade, tratava-se de uma estratégia de marketing para o lançamento de SuperEgo, livro escrito por Julia Wurz (mulher do ex-piloto Alexander Wurz) e que se passa no paddock da categoria máxima do automobilismo mundial. E a Dupont F1, no fim das contas, é a equipe do romance.

Hi Twitter, 1st April ! No new dupontF1 team, but a great F1 Novel #superego, by @juliawurz Go and download the inside view into the paddock

OK, alguns fãs da F1 podem ter se frustrado, mas Julia Wurz mostra otimismo com o lançamento. Em entrevista ao Terra, a autora afirmou ter iniciado o livro há cinco anos com uma ideia diferente em mente: ao invés de falar sobre pilotos reais ou sobre a história da categoria, contar sobre os bastidores da F1 usando como pano de fundo as histórias de pilotos fictícios, que correm por equipes fictícias.

Admiradora dos pilotos brasileiros na F1, Julia colocou um – o fictício Riccardo Santos – como o atual campeão do mundo, correndo pela equipe Martini Magna Racing. O protagonista, porém, é o italiano Enrico Costa, que corre ao lado do alemão Marcel Müller na imaginária Dupont F1. Antagonistas, Santos e Costa disputam entre si os títulos e as mulheres no livro, que se passa em uma temporada fictícia – mas bem próxima da atual, segundo o site da Dupont.

Viral de livro faz sucesso na internet

A campanha do site da Dupont F1 durou pouco tempo na internet - apenas 24 horas. Mesmo assim, fez sucesso. Graças à divulgação de nomes como Pedro de la Rosa (250 mil seguidores no Twitter) e Alexander Wurz (50 mil seguidores), a curiosidade em torno do site se manteve alta - logo na primeira hora no ar, o endereço teve 10 mil acessos.

Resultado: no primeiro dia de vendas online da obra,  o site Amazon registrou SuperEgo como o livro mais vendido nas categorias "esporte a motor" e "vendas para Kindle", alcançando também o segundo lugar nas categorias "automóveis".

"Foi um lançamento de livro muito animador", comemorou Julia. "Com uma campanha de marketing viral combinada com o Dia da Mentira, eu não tinha ideia do que esperar, mas devo dizer que fiquei muito surpresa com a resposta a SuperEgo", completou, em tom de comemoração.

Basta ver o grid “divulgado” pela equipe. Sem contar com Sauber, Marussia e Caterham, a obra manteve todos os pilotos das demais equipes em seus respectivos assentos, mas com uma peculiaridade: segundo a numeração dos pilotos, a temporada anterior foi ruim para a Red Bull e para a Lotus. Sebastian Vettel é o número 9, com Mark Webber com o número 10, Kimi Raikkonen é o 15 e Romain Grosjean é o 16. Na Williams, Pastor Maldonado é o 13, número raríssimas vezes usados na F1 por superstição e respeito - até hoje, apenas dois pilotos correram com o número 13: Moises Solana (1963) e Divina Galica (1976).

Mas tudo isso é pano de fundo – e apenas isso – para o livro de Julia Wurz. Ex-assessora de imprensa da Benetton (onde conheceu seu marido), a inglesa não lança o livro para falar de competição. Escreve para falar de seres humanos na F1. De vitórias e derrotas dentro das pistas, mas também fora. Não é o lançamento de uma nova equipe de F1, mas os fãs da categoria podem ter uma visão interna – e menos pensada na técnica – do que acontece nos paddocks do mundo.

Confira a entrevista exclusiva de Julia Wurz ao Terra:

Terra – Você tem estado no meio da Fórmula 1 há algum tempo, mas como decidiu escrever um romance sobre a categoria?

Julia Wurz - Tive a ideia de escrever o romance há uns cinco anos. Queria focar não apenas nas corridas nas pistas, já que há grandes livros sobre isso, mas também sobre personalidades, sobre a vida no paddock e sobre a experiência de trabalho em equipe. Senti que este era um ângulo interessante e pouco conhecido.

<p>Mulher de Alexander Wurz, autora ficou satisfeita com a repercussão do lançamento do livro e espera poder publicá-lo no Brasil</p>
Mulher de Alexander Wurz, autora ficou satisfeita com a repercussão do lançamento do livro e espera poder publicá-lo no Brasil
Foto: Divulgação
Terra – O que inspirou você a escrever o livro? O que podemos esperar sobre a Dupont F1, sobre Enrico Costa e Marcel Müller?

Julia Wurz - Trabalhar na Fórmula 1 é uma experiência única. Quando você está dentro dela, você se acostuma a ela. Mas desde que parei de trabalhar com uma equipe, comecei a perceber como a indústria e o estilo de vida ali são peculiares – as viagens internacionais sem fim, as longas horas de trabalho, a pressão da equipe. É tudo muito singular, eu sentia, e tudo muito fascinante.

A Dupont F1 é uma equipe de ponta que, incrivelmente, venceu o Mundial em sua primeira temporada. O romance começa no início da terceira temporada da equipe, no momento em que a série de vitórias se encerrou. Enrico Costa é o impetuoso campeão do mundo, imensamente talentoso – e um pesadelo para o assessor de imprensa que trabalha com ele. Marcel Müller é o jovem novato, que é muito rápido, mas ingênuo.

Terra – Pelo que vimos na lista de pilotos do site da Dupont, tivemos um piloto brasileiro como campeão do mundo (Riccardo Santos) na “última temporada”, enquanto Red Bull e Lotus tiveram uma queda de rendimento. É isso? Aliás, Sauber, Marussia e Caterham deixaram a F1?

Julia Wurz - Riccardo Santos é brasileiro e é o maior rival de Enrico Costa, além de ser sua nêmesis. Ele tirou de Enrico o título mundial do último ano, e Enrico tirou de Riccardo sua namorada supermodelo, Adriana.

<p>Grid de temporada fictícia conta com dois brasileiros, sendo um deles campeão do mundo; Sauber, Caterham e Marussia ficaram de fora, enquanto Maldonado corre com o número 13</p>
Grid de temporada fictícia conta com dois brasileiros, sendo um deles campeão do mundo; Sauber, Caterham e Marussia ficaram de fora, enquanto Maldonado corre com o número 13
Foto: Reprodução

SuperEgo se passa em uma temporada fictícia. Há menos times – honestamente, quando eu comecei a escrever o livre, a Marussia e a Caterham não existiam – e menos corridas no calendário para mantermos o ritmo na história.

Terra - O Pastor Maldonado está realmente correndo em um carro com o número 13?

Julia Wurz - Desculpe por isso, Pastor! A maioria dos pilotos apenas figura na lista de inscrições, ou no máximo passam por uma cena. A ação e o enredo se concentram nos personagens fictícios.

Terra – Uma vez que o Brasil tem apenas um piloto na temporada 2013, por que você decidiu colocar um piloto do País em um papel tão competitivo quanto o de piloto da Martini Magna Racing?

Julia Wurz - Os pilotos brasileiros são uma parte muito importante da Fórmula 1!

Terra – Podemos esperar a publicação do livro no Brasil?

Julia Wurz - Eu adoraria. Por enquanto, SuperEgo está disponível apenas em inglês, mas se houver uma possibilidade, eu certamente irei atrás de traduções para outros idiomas. Eu adoraria vê-lo em português.

Fonte: Terra
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