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Chefe da F1 nega acusações de corrupção na Alemanha

24 abr 2014 - 17h56
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O chefe da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, de 83 anos, negou nesta quinta-feira as acusações de corrupção contra ele em Munique (sul da Alemanha), em um caso que ameaça o reinado de 40 anos do polêmico bilionário britânico.

"Tenho confiança, o sol brilha", disse um sorridente Ecclestone aos jornalistas, ao entrar na sala do tribunal, de terno escuro, gravata preta e camisa branca.

"O senhor Ecclestone nega as acusações", escreveu seu principal advogado, Sven Thomas, em um texto destinado aos juízes e tornado público após o início do julgamento.

"A suposta corrupção não aconteceu", ressaltaram.

O magnata pode ser condenado a até dez anos de prisão se for considerado culpado por um suborno de US$ 44 milhões em 2006 e 2007 ao banqueiro alemão Gerhard Gribkowsky - que trabalhava para o banco público Bayern LB - para poder concluir a venda dos direitos da F1 ao fundo de investimento CVC Capital Partners.

A CVC comprou por US$ 839 milhões os direitos da F1, até então nas mãos do Bayern LB.

Durante o julgamento, a defesa indicou que Ecclestone se comunicará apenas por meio de seus advogados. Ele responderá, porém, aos argumentos que forem apresentados por Gribkowsky contra ele, em uma audiência prevista para 9 de maio.

Ecclestone chegou ao tribunal a bordo de um carro com vidros escuros e seguiu diretamente para o estacionamento subterrâneo, escapando da multidão de fotógrafos e cinegrafistas.

Em seu texto, os advogados de Ecclestone classificaram de "inexatas, mentirosas e imprecisas" as declarações de Gribkowsky em seu julgamento em junho de 2012.

O multimilionário sempre alegou inocência e se negou a entrar em um acordo, que lhe teria evitado um julgamento. O "patrão" da FI diz ter sido vítima de uma chantagem, enquanto Gribkowsky garante que se tratou de suborno.

Em junho de 2012, Gribkowsky foi condenado a oito anos e meio de prisão por corrupção e fraude fiscal por não ter declarado os milhões recebidos.

Durante o julgamento do banqueiro, Ecclestone, convocado na qualidade de testemunha, admitiu o desembolso, mas o apresentou como uma forma de "preço do silêncio" para que Gribkowsky não fizesse revelações comprometedoras sobre seu patrimônio ao fisco britânico.

"Hoje, o perdedor sou eu, porque as pessoas me denigrem, sem saber realmente do que se trata", declarou Ecclestone há alguns dias em entrevista à emissora de televisão alemã ARD.

O juiz Peter Noll, que preside o julgamento de Ecclestone, é o mesmo que condenou Gribkowsky. Ao ler a sentença do banqueiro, o magistrado declarou que Ecclestone havia "levado o condenado ao crime".

Para preparar melhor sua defesa, o chefe da F1 se afastou da gestão da categoria. Ele precisa comparecer ao tribunal de Munique duas vezes por semana. Para que possa continuar acompanhando as corridas no mundo todo, o julgamento será às quartas e quintas. As audiências estão previstas para até meados de setembro.

"Se ficar provado que Ecclestone é responsável por atos penalmente condenáveis, vamos demiti-lo", advertiu o cofundador da CVC Donald Mackenzie, perante a Alta Corte de Justiça britânica no ano passado.

Em entrevista publicada nesta quarta no jornal especializado em Economia "Handelsblatt", o diretor-executivo da equipe Mercedes, Toto Wolff, também garantiu que o julgamento será acompanhado de perto.

"Vamos ver agora o que acontece exatamente", declarou Wolff. "É claro que pensamos no futuro da F1. Temos de fazer isso", acrescentou.

Ex-piloto, Ecclestone comprou em 1971 a Brabham, fundada por Sir Jack Brabham. A equipe conquistou dois títulos mundiais com Nelson Piquet (1981, 1983). As últimas estimativas situam sua fortuna pessoal em cerca de 4 bilhões de euros.

Rei da F1, ele também é uma figura controversa. Em 2005, teve de se desculpar por comentários sexistas sobre as mulheres pilotos de Fórmula 1 e, em 2009, chamou Adolf Hitler de "eficaz".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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