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Com futuro incerto, B. Senna se divide entre firmeza e calma

10 ago 2010 - 08h28
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Emanuel Colombari

Pela primeira vez desde que estreou na Fórmula 1, Bruno Senna desembarcou no Brasil. Das 12 corridas realizadas desde o GP do Bahrein, esteve em 11 pela novata Hispania - a equipe o substituiu por Sakon Yamamoto na prova da Inglaterra. E mesmo com um retrospecto discreto, do qual o 16º lugar em Sepang e Xangai são os melhores resultados, Bruno mostrou confiança na volta a sua cidade-natal.

Bruno Senna escolheu São Paulo para conceder uma entrevista. Chegou com 20 minutos de atraso ao evento, e encontrou uma sala repleta de jornalistas. Bem-humorado, o sobrinho de Ayrton Senna não fugiu de perguntas sobre o tio, o futuro, o seu desempenho discreto e o otimismo para o GP da Bélgica. E se mostrou, principalmente, disposto a vender seu peixe para correr em 2011.

"(A Fórmula 1) é bem diferentes das outras categorias, porque outras coisas movem a Fórmula 1. É muita política, muitas pessoas negociando o futuro delas", disse o brasileiro, ainda se adaptando ao novo paddock. "Conheço os rostos, mas não conheço as pessoas", contou.

Foram seis abandonos nas 11 provas em que disputou. Mesmo sabendo que é difícil brilhar estando nos últimos lugares do grid, Bruno acredita ser dono de um bom desempenho com o carro da Hispania.

"Sei que tem muita gente prestando atenção", afirma, sem pensar em questões como patrocínio e sobrenome para mantê-lo entre os titulares da categoria máxima do automobilismo. "Todo mundo tem que mostrar serviço todo dia, senão vai para casa rapidamente", comentou ainda.

Em menos de uma hora de conversa, Bruno encarou perguntas às quais começa a se acostumar. Sabe que, mesmo na limitada Hispania, começa a apagar a imagem de "herdeiro do legado" no que chamou de "ano de oportunidades".

"Às vezes, as pessoas esperam um pouco mais do que é possível. Acham que eu vou pegar o carro na chuva e quase ganhar, como em 1984", comparou, lembrando o desempenho da Ayrton Senna com a Toleman no GP de Mônaco da citada temporada e decretando o fim do que chamou de "Fórmula 1 romântica".

Com a Hispania, Bruno lembra que "em muitas corridas é possível ultrapassar o potencial do carro e mostrar um bom serviço".

"Só tenho que tirar o máximo a partir da situação que sou apresentado", avaliou, garantindo que "não existe decepção" com 2010. "Performance é performance. Todo mundo acha que é só sentar no carro e 'sentar a bota' para passar o outro. A Fórmula 1 é um esporte cheio de variáveis técnicas. Às vezes, um carro se adapta melhor ao estilo de um piloto", disse.

De frente para a imprensa, com tranquilidade, analisou a temporada e colocou a dupla da Red Bull como favorita à conquista do título. Fez elogios a Rubens Barrichello, à McLaren e a Lucas di Grassi - disse que o piloto da Virgin está "muito bem" e com quem espera continuar "batendo roda no ano que vem". Curiosamente, disse que não acha que haja, na Fórmula 1, um piloto que torça pelo outro.

Dentro da Hispania, sabe que a situação não é simples. O time depende de dinheiro para correr em 2010 - o orçamento, que teria complicado a permanência de Karun Chandhok no time, ajudou Sakon Yamamoto e pode garantir a escuderia no grid em 2010.

Ausente no GP da Inglaterra de 2010, Bruno Senna comemorou as oportunidades que a Hispania dá aos companheiros, mas se disse instatisfeito por não correr em Silverstone: "é claro que não estou contente. Eu quero correr sempre". Agora, ele espera não correr mais riscos em 2011.

"Acho que a gente tem boas chances de estar na Fórmula 1 no ano que vem", disse o piloto, no casarão paulistano que abrigou a conversa, reconhecendo não ter sua situação definida para a próxima temporada. "Conversa oficial com equipe, a gente ainda não tem. Mas a gente tem conversado para ver o futuro, não só para o ano que vem."

Decidido, Bruno Senna só não tem claro seu futuro - já foi cotado na extinta Honda e na Toro Rosso antes de acertar com a Hispania. Mesmo assim, não parece disposto a trocar a Fórmula 1 por alguma outra categoria, como a Fórmula Indy ou a GP2.

No "ponto alto" de sua entrevista, respondeu a uma repórter o que faria se não tivesse espaço para correr na F1: "vou vender coco na praia", respondeu, arrancando risos.

Novato, Bruno Senna vê Fórmula 1 "muito política":
Fonte: Terra
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