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Conheça os novatos que podem brilhar na F1 nos próximos anos

10 jan 2012 - 11h44
(atualizado às 14h47)
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Emanuel Colombari
Henrique Moretti
Direto de São Paulo

Os testes de inverno da Fórmula 1 em Abu Dhabi, restrito praticamente a pilotos novatos, apresentaram um nome pouco conhecido do público em geral: Jean-Éric Vergne, que testou pela Red Bull. O francês, 21 anos, dominou os três dias de sessões em Yas Marina e logo passou a figurar na lista de potenciais nomes que poderão aparecer na Fórmula 1 - o próprio, por sinal, disse que seria capaz de superar as marcas de Mark Webber no time. Acabou oficializado para a temporada 2012, mas na Toro Rosso.

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Os números dos testes em novembro do ano passado deixaram muita coisa passar sem atenção pelos olhos do grande público. Além de Vergne, muita gente andou bem nos testes. Outros pilotos, nem tanto, e devem passar longe da Fórmula 1 a médio prazo. De surpresa, apenas outro piloto foi confirmado para 2012: o também francês Charles Pic, na Marussia. Por isso, nem sempre um bom desempenho nos testes de novatos indica uma ascensão ao topo do automobilismo mundial.

"Alguns que mereciam estavam lá, outros conseguiam através de dinheiro. Muitos mostraram talento, como o Valtteri Bottas (Williams), que mereceu. O Vergne também", avaliou Luiz Razia, único brasileiro em ação nos testes, reconhecendo a dificuldade para analisar os dados - segundo ele, são muitas as variações de pneus e combustível, complicando a avaliação apenas diante dos tempos.

As sessões foram realizadas entre 15 e 17 de novembro, em uma das raras oportunidades de testes coletivos para que as equipes avaliassem a evolução de seus próximos carros antes da pré-temporada de 2012. "Este ano, os testes foram muito limitados. Nenhum piloto consegue testar. O único objetivo deste teste é mostrar à equipe o que você pode fazer", explicou ainda Razia, que esteve em ação apenas por um dia.

Apesar das peculiaridades das sessões, o Terra buscou informações, com algumas opiniões, tentou analisar de maneira superficial os desempenhos em Abu Dhabi. Confira a seguir quem tem - ou não - chances de brigar por um assento na Fórmula 1 nos próximos anos.

Jean-Eric Vergne (FRA/Red Bull)

Único piloto a andar abaixo da casa de 1min39s nos testes (fez 1min38s917 no terceiro dia), Vergne é uma das apostas da Red Bull para o futuro - porém, enfrentou poucos rivais de semelhante competência nas categorias de acesso. "A Red Bull não coloca os pilotos dela na GP2 porque sabe que o buraco ali é mais embaixo. Sem controle de que vai ganhar, eles não colocam", explica Razia. Com bom desempenho na World Series by Renault em 2010 e o título da F3 britânica do mesmo ano, deve ganhar o apoio da Red Bull para o crescimento psicológico dos próximos anos. Não por acaso, foi oficializado na Toro Rosso para 2012.

Jules Bianchi (FRA/Ferrari)
É sabidamente o principal candidato a substituir Felipe Massa na Ferrari em 2013. Em Abu Dhabi, os tempos foram melhores que os da McLaren do experiente Gary Paffett nos três dias, o que deve pesar muito positivamente a favor do francês. No segundo dia de testes, 16 de novembro, realizou sua melhor marca: 1min40s279. Não seria uma zebra se tivesse chance em alguma equipe mediana com motor Ferrari ainda durante a próxima temporada.

Robert Wickens (CAN/Lotus Renault GP)

Curiosamente, foi um dos poucos pilotos a testar por duas equipes diferentes em Abu Dhabi: pilotou pela Lotus no dia 15 (terceiro, com 1min42s217) e com a Marussia/Virgin no dia 17 (13ª, com 1min45s934). Apesar de ser o atual campeão da World Series by Renault com a tradicional equipe Carlin, os tempos em Abu Dhabi não são convincentes o suficiente. Para brigar por uma vaga na Lotus em 2012 (provavelmente a principal porta aberta), deveria ter feito mais. De surpresa, o canadense poderia surgir na Marussia se levasse patrocínio. Fica para o futuro.

Fabio Leimer (SUI/Sauber)
O desempenho na GP2 não empolga - em dois anos na categoria, conseguiu duas vitórias e não ficou entre os dez melhores em nenhum ano. Testou apenas no primeiro dia, com um bom quarto lugar (1min42s331 como melhor marca), mas parece não ter empolgado. De quebra, fica difícil pensar em vaga no time suíço a curto prazo diante dos muitos patrocínios levados ao time pelos mexicanos Sérgio Perez e Esteban Gutierrez.

Gary Paffett (GBR/McLaren)

Dificilmente terá chances na Fórmula 1. Piloto de testes da equipe há algumas temporadas, o britânico apenas exerce a função de homem de confiança do time para os testes. "A McLaren é a equipe dos sonhos de qualquer piloto. Eu queria correr pela McLaren, eles são muito profissionais. Não vão vender a vaga para qualquer piloto", explica Luiz Razia. "Não estão levando outro piloto como o (Lewis) Hamilton (de formação do próprio time). O Paffet está lá há muito tempo e não vai vazar informações", completou o baiano. No segundo dos dois dias de testes, em 16 de novembro, ele foi terceiro: 1min41s756.

Max Chilton (GBR/Force India)
Dois dias de testes com a Force India e bons resultados: sexto (de 14) no dia 15, com 1min43s016, e quinto (também de 14) no dia 17, com 1min41s575. Mesmo assim, os fracos desempenhos na GP2 (sete pontos em dois anos) não devem abrir portas a curto prazo para este britânico de 20 anos. Mais uma ou duas temporadas na GP2 podem ajudar.

Valtteri Bottas (FIN/Williams)
Foi piloto de testes da Williams durante todo o ano, e não decepcionou em Abu Dhabi: com dois dias de carro (15 e 16), conseguiu o quarto lugar no segundo, marcando 1min42s367 e superando Lotus Renault, Mercedes, Force India e Sauber. Campeão da GP3 em 2011, pode até ser um dos candidatos à vaga de Rubens Barrichello no time de Frank Williams - em meio à indefinição, o papel de reserva já está garantido. Aos 22 anos, parece pronto para a F1. Pode passar por um ano de GP2 para amadurecer e ser melhor testado.

Oliver Turvey (GBR/McLaren)
É uma caso semelhante ao de Gary Paffett. Aos 24 anos, já parece passar da idade para uma eventual estreia. De quebra, a temporada de 2011 foi fraca, com apenas uma etapa sem pontos na GP2 (Mônaco, pela Carlin), e duas na GP2 Ásia (Emirados Árabes e Itália, pela ORT, também sem pontuar). Foram dois dias de testes em Abu Dhabi com a McLaren, com um oitavo lugar no dia 15 e um quarto lugar no dia 17. Ou seja: vai ser difícil conseguir um lugar na F1.

Sam Bird (GBR/Mercedes)
Surgiu um candidato a uma vaga na Fórmula 1 a curto prazo. Em 2011, disputando sua segunda temporada na GP2 (a primeira na tradicional equipe iSport), conseguiu três pódios e um sexto lugar no ano. Com três dias em Abu Dhabi a bordo da Mercedes, o britânico foi nono no primeiro dia (1min43s548), sétimo no segundo (1min43s734) e segundo no terceiro (1min40s897), à frente do francês Jules Bianchi. Deve ocupar o posto de terceiro piloto do time em 2012, mas não sera surpresa se brigar por uma vaga de titular em 2013.

Rodolfo González (VEN/Team Lotus Renault)
No primeiro dia de testes, o venezuelano conseguiu apenas o décimo lugar entre os 14 pilotos na pista, superando a Toro Rosso do monegasco Stefano Coletti. Aos 25 anos, e com poucos resultados na GP2 (foram apenas quatro pontos em duas temporadas completas), González parece mais próximo de brigar por uma vaga na Fórmula Indy do que de chegar à Fórmula 1.

Stefano Coletti (MON/Toro Rosso)
A Fórmula 1 teve apenas três pilotos de Mônaco em sua história - o mais famoso deles foi Louis Chiron (1950 a 1958), enquanto o último deles foi Olivier Beretta (1994). Coletti seria uma aquisição bem-vinda à categoria, e pode se firmar. Em 2011, venceu duas provas na GP2 e somou 22 pontos. Nos testes de Abu Dhabi, porém, mostrou que precisa de um pouco mais de quilometragem em um carro de F1: foi 11º no terceiro dia e repetiu a posição no terceiro, andando atrás de carros da Team Lotus (a futura Caterham).

Dani Clos (ESP/HRT)
Foi responsável pelo melhor desempenho do time em Abu Dhabi, com a marca de 1min45s329 no primeiro dia de testes. Antes disso, já havia anunciado que dependia de patrocinadores para assegurar seu posto em 2012 na escuderia. Ou seja: não será surpresa se conseguir arrecadar fundos e aparecer correndo com Pedro de la Rosa no time já na próxima temporada.

Charles Pic (FRA/Marussia)
Participou dos três dias de testes com a Virgin/Marussia, e esteve entre os últimos em todos. Foi 13º de 14 no primeiro dia (1min46s930), 12º de 13 no segundo dia (1min46s698) e ultimo dos 14 no terceiro dia (1min46s348). Apesar dos péssimos tempos e ter brigado para superar a fraca HRT, surpreendeu e conseguiu uma vaga de titular em 2012 na equipe, ocupando a vaga de Jérôme d'Ambrosio. Ao que tudo indica, o patrocínio é bem forte.

Adrian Quaife-Hobbs (GBR/Marussia)
Foi um dos pilotos de testes da equipe ao longo de 2011 (ao lado de Sakon Yamamoto e Robert Wickens), mas não teve um bom desempenho na pista dos Emirados Árabes Unidos: no único dia em que correu, no primeiro, foi o mais lento dentre os 14 carros na pista, marcando 1min47s292 e andando atrás de Toro Rosso, Team Lotus (Caterham) e HRT. Aos 20 anos, tem as portas ainda fechadas na Fórmula 1 - em especial na Virgin/Marussia, que já definiu seus titulares para 2012.

Johnny Cecotto Junior (VEN/Force India)
O pai ficou devendo resultados na Fórmula 1 na década de 80, e o filho parece destinado a nem chegar à categoria. Com duas temporadas completas na GP2, pontuou apenas uma vez. E com chance de testar pela Toro Rosso apenas no segundo dia de testes em Abu Dhabi, foi quinto colocado. Um bom desempenho, à frente de Sauber, Mercedes e Lotus Renault, mas que não deve garantir muita visibilidade na Fórmula 1 - em especial porque Max Chilton, que também testou pelo time, conseguiu marcas melhores em Abu Dhabi.

Esteban Gutierrez (MEX/Sauber)

Piloto de testes da Sauber em 2011, Gutiérrez repetiu o sexto lugar nos dois dias em que trabalhou com o carro em Abu Dhabi, 16 e 17 de novembro. Com uma boa marca de 1min42s049 no dia 17, o mexicano, 20 anos, tem desempenhos consideráveis nas categorias de acesso, com títulos na Fórmula BMW (2008) e na GP3 (2010). Caso confirme a ascensão em 2012, pode até brigar por uma vaga na Sauber em 2013 - especialmente caso Sérgio Perez vá para a vaga de Felipe Massa na Ferrari.

Kevin Korjus (EST/Lotus Renault GP)
Aos poucos, a Estônia produz pilotos de nível razoavelmente competitivo - casos de Tony Kasemets e Marko Asmer. Kevin Korjus, de apenas 18 anos, segue pelo mesmo caminho. Com uma carreira sólida nas divisões da Fórmula Renault, ganhou a chance de testar pela Lotus Renault no segundo dia, e não fez feio: foi oitavo, com 1min43s776, andando à frente de Toro Rosso, Team Lotus, HRT e Virgin. É jovem, e deve passar por categorias como Fórmula 3 e GP2 para poder pensar em brigar por vaga.

Luiz Razia (BRA/Team Lotus Renault)
A opinião é de Mike Gascoyne, diretor técnico da Team Lotus (agora Caterham): "eu gostaria de ver Luiz em outro ano de GP2 conosco, porque penso que ele precisa ser um vencedor de forma regular na GP2 e procurar ganhar o campeonato. Se ele fizer isso, quem sabe?". Piloto da Team AirAsia na GP2, Razia foi nono no segundo dia de testes de Abu Dhabi (1min43s944), e parece não ter empolgado tanto. Deve ir para seu quarto ano na categoria de acesso, e só então pensar em chance na briga por um lugar nas últimas filas.

Kevin Ceccon (ITA/Toro Rosso)
Com apenas 18 anos, teve um ano de destaque: conquistou o título na pouco conhecida AutoGP (que já teve Felipe Massa e Romain Grosjean entre os campeões) e disputou sua primeira temporada na GP2. Ainda é jovem, e deve passar por temporadas de amadurecimento na última categoria de acesso à Fórmula 1. Mesmo assim, não fez feio nos dois dias de testes em Abu Dhabi: apesar de ter andado atrás da Team Lotus de Luiz Razia no segundo dia (1min44s808, contra 1min43s944 do baiano), foi oitavo no último dia, superando a Lotus Renault de Jan Charouz. Pinta como um nome promissor.

Jan Charouz (CHE/HRT)
Foi piloto de testes da Lotus Renault em 2011, mas o caminho para a Fórmula 1 não parece dos mais pavimentados. Campeão da Le Mans Series em 2009, também testou por duas equipes nos Emirados Árabes. No dia 16, foi 11º de 13 pilotos, dando 56 voltas com a HRT (1min46s644). No dia seguinte, com a Lotus Renault, deu 82 voltas e foi apenas o 10º (1min44s470). Ao que tudo indica, tem poucas chances de disputar a categoria maxima do automobilismo mundial. As categorias de turismo parecem ser o destino.

Nathanael Berthon (FRA/HRT)
Entre os pilotos que testaram pela HRT, Nathanael Berthon foi quem teve o pior desempenho. No dia 16, pior: foi lanterna e fez o "pior melhor tempo" dos testes, com 1min48s646. Berthon ainda melhorou no último dia, superando as Virgin e marcando 1min45s839 na melhor de suas 51 voltas. É difícil acreditar que Berthon chegará à Fórmula 1 em algum momento.

Mirko Bortolotti (ITA/Williams)
Ex-piloto da Academia de Pilotos da Ferrari, o italiano Mirko Bortolotti, 21 anos, fez testes promissores para a equipe italiana - esteve até mesmo cotado para substituir o machucado Felipe Massa em 2009. A carreira, porém, não teve a ascensão esperada em dois anos. Aos 21, foi o piloto de testes da Williams no terceiro dia em Abu Dhabi. E com um sétimo tempo, atrás de Sauber e Force India, parece longe de emplacar. O futuro parece restrito aos carros de turismo.

Alexander Rossi (EUA/Caterham)
O desempenho nas categorias de acesso é positivo, com título na Fórmula BMW e um terceiro lugar na temporada 2011 da Fórmula Renault 3.5. Com o carro da Team Lotus, esteve na pista de Abu Dhabi apenas no dia 17, e não fez feio: marcou 1min44283 na melhor de suas 74 voltas, conseguindo o nono lugar dentre os 14 pilotos na pista e superando rivais de Lotus Renault, Toro Rosso, HRT e Virgin. Aos 20 anos, depende apenas de um bom patrocínio para entrar na F1. Se não conseguir, o que é provável, é nome forte para a GP2.

Bianchi, Bird, Vergne: destaques em testes de Abu Dhabi, podem surgir em equipes de ponta no futuro
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Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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