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Coulthard relembra como levou "mago da F1" à Red Bull

Em entrevista exclusiva ao Terra, escocês admite desconfiança para correr pela então Jaguar após 2004, vencida graças aos conhecidos no time dos tempos de Stewart; após treinar sem contrato pela nascente escuderia austríaca, piloto ajudou na contratação de Adrian Newey, mas reconhece: desempenho superou suas próprias expectativas

29 mai 2013 - 08h04
(atualizado às 08h33)
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Quando estreou na Fórmula 1 em 2005, a Red Bull era uma equipe de meio de pelotão, que lutava para superar o fracasso da passagem da Jaguar (2000 a 2004) pela categoria máxima do automobilismo mundial. Cinco anos depois, o time conquistou os primeiros títulos de pilotos e construtores, levando à F1 uma imagem positiva e alegre. Neste intervalo, nomes importantes ganharam força na equipe austríaca, como Sebastian Vettel, Christian Horner e Adrian Newey. No entanto, na transição entre Jaguar e Red Bull Racing, outro nome foi de fundamental importância na equipe, desenvolvendo ainda hoje papel importante nos bastidores: David Coulthard.

<p>No fim de 2004, escocês testou sem contrato pela Red Bull na Espanha; modelo exibia pintura diferente da que seria usada na Fórmula 1</p>
No fim de 2004, escocês testou sem contrato pela Red Bull na Espanha; modelo exibia pintura diferente da que seria usada na Fórmula 1
Foto: Getty Images

Em 2005, o escocês - que ocupou a vaga aberta por Ayrton Senna na Williams em 1994 - deixou a McLaren para assumir o desafio de pilotar pela equipe novata. Não venceu corridas, mas ajudou a trazer Adrian Newey (então da McLaren) em 2006. Além disso, trabalhou no desenvolvimento do carro, conquistando o primeiro pódio da escuderia – no caso, o terceiro lugar no Grande Prêmio de Mônaco, também em 2006.

Mas o que levou Coulthard a trocar a vitoriosa McLaren pela Red Bull? A fraca temporada de 2004 da equipe inglesa ajudou a não renovar o contrato, é claro, mas o desempenho apagado da Jaguar no mesmo ano não parecia pouco atraente. Ainda assim, o passado do time como Stewart (1997 a 1999) ajudou, já que o escocês correu pela “antecessora” Paul Stewart Racing na Fórmula 3 (1991) e na Fórmula 3000 (1992).

Em entrevista exclusiva ao Terra, Coulthard revela que a transição de Jaguar para Red Bull foi, no mínimo, um alívio na hora de buscar sua vaga. Ainda que tivesse conhecidos no time com os quais já havia trabalhado, o modelo de administração da escuderia verde não o agradava. “Eu conhecia um número de pessoas porque trabalhei com elas na Paul Stewart Racing, que depois se tornou Stewart e que virou Jaguar Racing. Quando vi que a Red Bull estava adquirindo o time, aquilo me deu confiança de que haveria uma nova estrutura administrativa. Não me sentia confortável com a antiga estrutura dentro da Jaguar”, contou Coulthard.

Números de David Coultard na Red Bull
Temporadas: 4 (2005 a 2008)
Vitórias: 0
Pódios: 2
Melhor resultado: 3º lugar (Mônaco, em 2006, e Canadá, em 2008)
Pontos: 60
Melhor temporada: 2007 (10º, 14 pontos)
Companheiros: Christian Klien (2005 a 2006), Vitantonio Liuzzi (2005), Robert Doornbos (2006) e Mark Webber (2007 a 2008)

Com a confiança de Dietrich Mateschitz (dono da Red Bull) e Christian Horner (chefe de equipe desde 2005, trazido da Fórmula 3000 no ano anterior), Coulthard teve papel importante na contratação de Newey, responsável por carros vitoriosos da Williams e da McLaren na década de 90. A Red Bull desejava o projetista, que não conseguia o aumento de salário desejado no time de Ron Dennis – então, coube a Coulthard ajudar nas conversas para contratá-lo no início da temporada de 2006.

“Fiz parte das conversas iniciais entre Adrian Newey e Christian. Trazê-lo para o time me deu a confiança para continuar buscando resultados. Fiquei sem tempo para mim, mas tinha a esperança de que a equipe alcançaria o sucesso esperado”, contou Coulthard, responsável pelos primeiros testes da Red Bull em Jerez de la Frontera (Espanha) ainda no final de 2004, quando pilotou sem contrato o protótipo do RB1 - cuja pintura nem de longe lembrava o carro azul-marinho que se tornou um sucesso com Sebastian Vettel.

<p>Coulthard tinha amigos na Jaguar desde os tempos de Stewart, mas admite que administração do time entre 2000 e 2004 não o agradava</p>
Coulthard tinha amigos na Jaguar desde os tempos de Stewart, mas admite que administração do time entre 2000 e 2004 não o agradava
Foto: Getty Images

A bordo do carro, "vestido" com os motivos das latas do energético de Dietrich Mateschitz, David Coulthard não imaginava estar ajudando a construir a mais vitoriosa equipe da Fórmula 1 nos últimos anos. “Nunca imaginei isso. Pensei que o time poderia vencer corridas, poderia ir bem em um campeonato e disputar o título, mas eles foram além do que eu pensei que seria possível”, afirmou o experiente piloto escocês.

Confira a entrevista exclusiva de David Coulthard ao Terra:

<p>Escocês, ex-Williams e McLaren, intermediou as conversas entre Adrian Newey e Christian Horner; insatisfeito no time de Ron Dennis, projetista acabou contratado em 2006</p>
Escocês, ex-Williams e McLaren, intermediou as conversas entre Adrian Newey e Christian Horner; insatisfeito no time de Ron Dennis, projetista acabou contratado em 2006
Foto: Getty Images
Terra – Depois da temporada 2004, como você decidiu apostar suas chances em uma nova equipe?

David Coulthard -

Bem, depois que terminei minha temporada de 2004 com a McLaren, eu estava procurando oportunidades de conversar com alguns times. Havia conversado com a Jaguar e fiquei um pouco nervoso sobre aquilo, sobre o caminho que eles vinham tomando. Eu conhecia um número de pessoas porque trabalhei com elas na Paul Stewart Racing, que depois se tornou Stewart e que virou Jaguar Racing. Quando vi que a Red Bull estava adquirindo o time, aquilo me deu confiança de que haveria uma nova estrutura administrativa. Não me sentia confortável com a antiga estrutura dentro da Jaguar. Sentia que eles tinham uma pilotagem burocrática ao invés de se concentrarem em ganhar espaço no grid.

Terra – Como foram os testes de pré-temporada com o modelo RB1?

Coulthard -

Aceitei ir e testar com a equipe em Jerez sem assinar contrato. Dietrich Mateschitz, o dono da Red Bull, estava lá. Passei algum tempo com ele e consegui entender o que ele pensava e qual era sua visão para a equipe. Depois daquilo, senti a confiança de que a equipe estava dando passos à frente.

<p>Em 2006, Coulthard conquistou o primeiro pódio da Red Bull, graças ao terceiro lugar no Grande Prêmio de Mônaco</p>
Em 2006, Coulthard conquistou o primeiro pódio da Red Bull, graças ao terceiro lugar no Grande Prêmio de Mônaco
Foto: Getty Images
Terra – Quais eram suas expectativas para a temporada 2005 depois daqueles testes?

Coulthard -

Durante os testes de pré-temporada com o novo carro, nós víamos que haviam oportunidades de mostrar um bom desempenho em um bom final de semana, especialmente por conta da guerra de pneus entre a Bridgestone (que fornecia para Ferrari, Jordan e Minardi) e Michelin (fornecedora de todas as outras equipes). Na primeira corrida com a Red Bull, terminamos com o quarto lugar em Melbourne, o que era claramente um bom resultado e nos ajudou a criar credibilidade no paddock. O resto foi construído a partir daí.

Terra – Era possível dizer, naquele momento, que a Red Bull poderia brigar pelo campeonato em poucos anos?

Coulthard -

Havia um processo para trazermos um novo pessoal. É claro que Christian (Horner) e seu time trabalhavam nisso, mas algumas sugestões vieram de mim. Fiz parte das conversas iniciais entre Adrian Newey e Christian. Trazê-lo para o time me deu a confiança para continuar buscando resultados. Fiquei sem tempo para mim, mas tinha a esperança de que a equipe alcançaria o sucesso esperado. Acho que vencer três mundiais de pilotos (2010 a 2012, com Sebastian Vettel), mesmo tendo corridor por dois times campeões antes (Williams e McLaren)… Nunca nem mesmo imaginei isso. Pensei que o time poderia vencer corridas, poderia ir bem em um campeonato e disputar o título, mas eles foram além do que eu pensei que seria possível. Isso me dá confiança de que não é apenas um nome que traz o sucesso, são as pessoas dentro da equipe. Acho que a Red Bull vem construindo uma grande história para uma empresa jovem. Qualquer companhia que se reestruture pode acreditar firmemente que é possível desafiar os rivais estabelecidos em qualquer indústria.

Guia Fórmula 1
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Foto: AFP

Fonte: Terra
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