PUBLICIDADE

Estreante cobiçado, Vergne herda papel de "salvação" francesa

31 jan 2012 - 07h47
Compartilhar
Emanuel Colombari
Henrique Moretti

O francês Jean-Eric Vergne será um dos estreantes da temporada 2012 da Fórmula 1, mas a responsabilidade do novo piloto da Toro Rosso já é grande. Responsável por conduzir a Red Bull nos testes coletivos de novembro em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, Vergne não decepcionou e liderou os três dias com o carro da equipe austríaca. E de uma vez, o jovem francês surgiu como um candidato a uma vaga na Red Bull para 2013 - em especial, para a de Mark Webber, 35 anos e cada vez mais próximo da aposentadoria.

» Carros, equipes e pilotos: saiba tudo sobre a temporada 2012 de F1

»Saiba 20 motivos para assistir à temporada 2012 da F1

Vergne, porém, evitar traçar planos a médio e longo prazo. "Há sempre muita pressão para corresponder e manter a vaga no automobilismo", disse o estreante, em entrevista exclusiva ao Terra. "Não dirigi nem sequer em uma corrida ainda, então acho que é meio cedo para começar a falar em 2013", completou o francês, certamente ciente das especulações que envolvem uma possível troca de pilotos na melhor equipe da Fórmula 1 da atualidade.

Ao mesmo tempo em que Jean-Eric Vergne tem arrojo nas pistas (foi vice-campeão da World Series by Renault em 2011), mostra também inteligência no discurso. Sem disputar uma temporada da GP2 antes de chegar à Fórmula 1, como costuma ser praxe no automobilismo, o jovem piloto da Toro Rosso, 21 anos, defende a escolha - não por acaso, quase sempre a mesma opção dos pilotos do programa de desenvolvimento da Red Bull. "É claro que a experiência na GP2 é útil, porém, não é essencial", explicou.

Mas se Vergne atua na defensiva quando questionado sobre a relação com a Red Bull, aceita uma outra responsabilidade sem pestanejar: a de ajudar a reconstruir o esporte a motor francês.

Apesar de viver uma fase morna desde a aposentadoria de Alain Prost, com nomes como Jean Alesi, Olivier Panis e Sebastien Bourdais brilhando pouco, a França mostra otimismo com o novo trio: Jean-Eric Vergne, Romain Grosjean (Lotus) e Charles Pic (Marussia). A meta, segundo o jovem da Toro Rosso, é ajudar a desenvolver o automobilismo de base do país e recolocar o GP da França no calendário da Fórmula 1.

Confira a entrevista exclusiva de Jean-Eric Vergne ao Terra:

Terra: A França não teve pilotos na Fórmula 1 nas temporadas 2010 e 2011, e não tem dois pilotos em uma mesma temporada desde 2001 (Alesi e Panis). Em 2012, serão três franceses: Grosjean, Pic e você - além disso, temos Jules Bianchi (testador da Ferrari) perto de uma vaga. Que tipo de relacionamento você tem com os compatriotas? Você vê esta geração em condições de, talvez, "resgatar" as ambições da França na F1?

Jean-Eric Vergne: No automobilismo moderno, você não tem muito tempo para um "relacionamento" com os pilotos, mas é claro que conheço os dois (Pic e Grosjean). Os franceses estão muito animados por terem nós três na Fórmula 1 neste ano. No passado, havia boas escolas de treinamento na França para as categorias de acesso, e é por isso que tínhamos um monte de pilotos franceses na F1. Não é como agora, e eu tive sorte de ter o apoio da Red Bull. O próximo passo seria ver o GP da França de volta ao calendário (está fora desde 2008, quando era disputado no circuito de Magny-Cours).

Terra: A Toro Rosso acabou de dispensar Sebastien Buemi (que será piloto de testes da Red Bull em 2012) e Jaime Alguersuari, depois de 41 pontos somados por eles em 2011. Historicamente, a Red Bull não mostra paciência com os pilotos a longo prazo. Desde já, você sente a pressão por resultados rápidos com a time?

Jean-Eric Vergne: Não cabe a mim comentar as escolhas de pilotos da Red Bull. Estou feliz por ter esta oportunidade, e espero tirar o máximo disso. Há sempre muita pressão para corresponder e manter a vaga no automobilismo.

Terra: Mark Webber assinou contrato até o fim de 2012, e os rumores sobre a aposentadoria dele são recorrentes. Você se vê como um candidato a uma vaga na Red Bull para 2013? Você acha que correr com um piloto australiano, Daniel Ricciardo, que começou na F1 em 2011 com a Hispania, pode ser um obstáculo para você mostrar seu trabalho?

Jean-Eric Vergne: Não dirigi nem sequer em uma corrida ainda, então acho que é meio cedo para começar a falar em 2013! A nacionalidade de meu companheiro de equipe não afeta em nada na minha carreira.

Terra: Você estreará na Fórmula 1 sem correr por uma equipe da GP2. Você vê isso como uma tendência para os próximos anos, com pilotos mais jovens chegando ao ápice do automobilismo, ou é uma qualidade que Ricciardo e você - a dupla mais jovem da F1 em 2012 - têm a mostrar? Você acredita que a experiência na GP2 seria inútil?

Jean-Eric Vergne: Há muitos caminhos diferentes para chegar à Fórmula 1, e já vimos muitos pilotos que chegaram lá sem correrem pela GP2. Não acho que haja regras fixas. É claro que a experiência na GP2 é útil - mas não é essencial.

Terra: Você foi o piloto da Red Bull durante os testes de novembro nos Emirados Árabes. O que você pode trazer destes testes e da Red Bull para a Toro Rosso? O que o time pode fazer para alcançar a Force India e a Sauber neste ano? Como proceder para conquistar melhores resultados, talvez um pódio?

Jean-Eric Vergne: Nos testes, eu apenas fiz meu trabalho, tentando ajudar a equipe e a me melhorar também. Tenho trabalhado no simulador da Red Bull por um longo tempo, então não foi exatamente uma experiência nova. O que a Toro Rosso pode fazer para alcançar as equipes à nossa frente? É uma pergunta para os engenheiros que estão preparando o novo carro, e que esperamos que produzam um pacote competitivo.

Estreante na Fórmula 1 em 2012, Jean-Eric Vergne é uma das esperanças do automobilismo francês
Estreante na Fórmula 1 em 2012, Jean-Eric Vergne é uma das esperanças do automobilismo francês
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade