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Ex-diretor do GP Brasil não crê em atendimento ruim a Streiff em 1989

15 mar 2013 - 14h33
(atualizado às 15h17)
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Em contato por e-mail e por telefone com o Terra, Philippe Streiff aceita gentilmente conceder uma entrevista, envia fotos e só faz um pedido: "você pode me mandar a entrevista quando for publicado?". Ele nega qualquer tipo de arrependimento quanto ao acidente em Jacarepaguá que o deixou tetraplégico há 24 anos, embora acredite que o resgate no circuito brasileiro tenha deixado a desejar. Mas será que um outro tipo de serviço naqueles testes privados da Fórmula 1 teria mudado a história do piloto que encerrou a carreira com 53 provas e 11 pontos conquistados?

"Quem pode dizer se foi realmente mal feito é o próprio resgate, mas a meu ver não", opina o húngaro naturalizado brasileiro Mihaly Hidasy, que era o diretor do Grande Prêmio do Brasil em 1989, época do acidente, e permaneceu no cargo até 1995. "O salvamento foi de uma extrema urgência por causa da gasolina. A qualquer momento podia ter saído faísca, com peça quente, inflamando tudo".

Comuns na época, os testes no Rio de Janeiro não faziam parte da prova - eram privados e ocorriam na pré-temporada, "mas a segurança era igual como se fosse em uma corrida", conforme lembrou Hidasy, com ambulâncias, bombeiros e equipe de salvamento.

"O acidente foi muito feio: o carro voou por cima do guard-rail, atravessou a tela de proteção que media uns 2 m de altura e caiu do lado de fora da área da pista, onde tinha obra e quase uma pessoa foi atropelada. O carro voou uns 25 m e caiu capotando", recorda Hidalsy. “O acidente foi tão feito que até hoje não foi achado o santantônio do carro. Não sei em que momento o santantônio quebrou, não aguentou o choque".

Em Jacarepaguá, Streiff testava pneus novos e argumenta que, na pista bastante ondulada, eles começaram a se deformar, provocando uma quebra na suspensão traseira de sua AGS. Na época, o santantônio não era uma parte integrante do chassi e sim parafusada a ele. Também não havia o Hans, o que contribuiu para as rupturas no pescoço e na medula do piloto.

No entanto, ele afirma: "o socorro não esteve à altura e os comissários de pista brasileiros não estavam preparados para esse tipo de acidente. Eu fiquei tetraplégico mais por causa do mau tratamento do que por causa do acidente".

De acordo com Hidalsy, o circuito de Jacarepeguá foi modificado em consequência do acidente, com o aumento da área de escape e a diminuição do tamanho do guard-rail na Curva do Cheirinho, local da batida.

Dê uma volta virtual no circuito de estreia da F1:

Ele nega, no entanto, que o incidente tenha contribuído para a mudança de sede do GP do Brasil, que saiu de Jacarepaguá e se transferiu a Interlagos, em São Paulo, em 1990. "Eram mais problemas internos do Estado, de quem vai pagar. Eram problemas mais políticos", diz.

O Terra não conseguiu localizar a empresa que fazia o resgate nos testes privados em Jacarepaguá. A reportagem tentou contato com o britânico Herbie Blash, que era representante da FOCA (Associação de Construtores da Fórmula 1) em 1989 e acompanhou o trabalho de perícia no carro de Streiff após o acidente, mas ele preferiu não se manifestar, segundo informou a assessoria da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Blash atualmente trabalha para a entidade como diretor de provas.

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Guia Fórmula 1
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Foto: AFP

Fonte: Terra
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