Ferrari premia reação e confirma renovação de Massa por um ano
16 out2012 - 11h10
(atualizado às 11h33)
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Depois de dois anos de turbulências, Felipe Massa finalmente parece encontrar a paz na Ferrari. Nesta terça-feira, a equipe anunciou a renovação de seu contrato, que se encerrava no final desta temporada, até o fim de 2013.
A notícia põe fim a uma sequência de especulações que davam como certa a saída de Massa da escuderia italiana e que passaram a perder força no segundo semestre de 2012.
Será a oitava temporada consecutiva de Massa como piloto titular da Ferrari, mas os boatos sobre sua saída do time não terminaram. De acordo com a rede britânica BBC, a expectativa agora é de que o brasileiro, atualmente com 31 anos, deixe o time vermelho no final de 2013 para ceder o assento ao alemão Sebastian Vettel, bicampeão da categoria. Ou seja: o segundo semestre de 2013 deve ser de mais rumores envolvendo o nome e o destino do brasileiro.
Desde o acidente que sofreu no Grande Prêmio da Hungria de 2009, quando foi atingido na cabeça por uma mola que caiu da Brawn GP de Rubens Barrichello durante os treinos, Felipe Massa passou a sofrer com o rendimento em queda e com o noticiário. Substituído nas sete corridas seguintes da temporada vencida por Jenson Button (então companheiro de equipe de Barrichello), o brasileiro voltou à Ferrari em 2010, mas não mais venceu corridas desde então.
Em 2010, com um desempenho regular na volta às pistas, Massa conseguiu cinco pódios em 19 corridas, sendo segundo no Bahrein e na Alemanha. Porém, em 2011, nem sequer subiu ao pódio, e teve sua permanência para 2012 já questionada. Na época, nomes como Mark Webber, Sebastian Vettel (ambos da Red Bull), Sérgio Perez (Sauber) e Jules Bianchi (então piloto de testes da equipe) foram cotados para o posto.
Na temporada de 2012, a coisa demorou a melhorar. Na primeira metade do ano, ficou fora da zona de pontuação em cinco das dez corridas, com um abandono e tendo como melhor desempenho um quarto lugar em Silverstone, somando 23 pontos. A saída ao fim do ano era mais uma vez um fantasma, uma possibilidade que insistia em rondar o carro número 6.
Várias hipóteses passaram a circular na imprensa europeia. A MTV3, da Finlândia, dizia em setembro que Heikki Kovalainen (Caterham) havia sido convidado para visitar a fábrica da equipe italiana. Willi Weber, ex-empresário de Michael Schumacher, afirmou ao jornal alemão Bild que "voaria" a Maranello para dar ao heptacampeão uma vaga no time vermelho para 2013. Nomes como Paul di Resta e Nico Hulkenberg (ambos da Force India) também ganharam força na Itália.
Porém, a segunda metade da temporada passou a ser fértil e decisiva para Felipe Massa. Nas seis corridas após o Grande Prêmio da Alemanha (Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão e Coreia do Sul), o brasileiro somou 58 pontos, conseguindo ainda o segundo lugar em Suzuka - foi seu primeiro pódio desde o GP da Coreia do Sul de 2010, quando foi terceiro. O desempenho no período foi superior ao de Fernando Alonso (45 pontos), e ficou abaixo apenas do de Sebastian Vettel (93 pontos).
Neste intervalo, o noticiário europeu mudou de tom. O jornal espanhol As, por exemplo, via com bons olhos a manutenção da dupla Alonso-Massa, dada a boa convivência entre eles - "o que é possível entre companheiros de equipe sempre que não existe uma competição real na pista", segundo a publicação. Mais tarde, após o oitavo lugar do brasileiro em Cingapura, a própria Ferrari destacou o desempenho do piloto, "autor de uma recuperação desde o último lugar".
Mais tarde, a permanência de Felipe Massa na Ferrari ganhou também o apoio de nomes como Niki Lauda. "Alonso gosta dele, então eu digo que uma mudança assim (na Ferrari) não vai acontecer", disse o austríaco ao site oficial da Fórmula 1 no final de setembro. O site da emissora britânica BBC anunciava, há duas semanas, que a renovação seria decidida após o GP da Coreia do Sul - e o bom desempenho de Massa, que foi quarto e pressionou Alonso ao longo da prova, certamente contribuiu neste sentido.
Com a iminência da renovação de contrato, até mesmo a imprensa italiana resolveu repensar as críticas e dar apoio ao brasileiro. O jornal La Stampa, que havia colocado Paul di Resta como favorito ao posto de companheiro de Alonso em 2013, afirmou que uma prova aceitável em Yeongam facilitaria sua renovação. Com poucas dúvidas sobre sua permanência, o brasileiro foi sempre competitivo e não foi ao pódio porque, segundo disse, "tirou muito o pé" para não pressionar Alonso, terceiro colocado em ritmo mais lento.
Confirmada a renovação, Massa tem mais uma temporada pela frente com a Ferrari. A meta agora é voltar a ser competitivo, como foi entre 2006 e 2008. Se conseguir, diminuirá a boataria que certamente envolverá seu nome e afastará a possibilidade, por exemplo, de Sebastian Vettel assumir seu carro em 2014. É esperar para ver.
Após uma longa novela, a Ferrari anunciou a renovação do contrato de Felipe Massa para o ano que vem. Assim, o brasileiro vai completar um período de oito anos na equipe de Maranello. Em 2006, seu primeiro ano, era considerado um "irmão" por Michael Schumacher. Foi vice-campeão em 2008, sofreu um sério acidente no ano seguinte e desde então se tornou coadjuvante de Fernando Alonso. Relembre a carreira de Massa na equipe italiana:
Foto: Getty Images
EstreiaApós três temporadas na Sauber, Felipe Massa foi escolhido para substituir Rubens Barrichello na Ferrari. Com apenas 24 anos, conseguiu o segundo lugar no grid do GP do Bahrein de 2006, mas terminou em apenas nono lugar e não marcou pontos
Foto: Getty Images
Primeiro pódioQuatro corridas depois, Massa subiu ao pódio pela primeira vez na carreira e na Ferrari. Em Nurburgring, no GP da Europa de 2006, ficou em terceiro lugar, atrás apenas de Fernando Alonso, campeão daquela temporada, e Michael Schumacher
Foto: Getty Images
Fim de jejumMassa conseguiu a primeira vitória de um brasileiro em Interlagos após um jejum de 12 anos. Ele fez a pole position e terminou a corrida com 18s de vantagem para o campeão Fernando Alonso. Este GP do Brasil de 2006 também marcou a primeira aposentadoria de Michael Schumacher, que voltou a correr em 2010
Foto: Getty Images
AjudaAgora, Massa tinha um novo parceiro: Kimi Raikkonen, o rápido finlandês que venceu sete corridas em 2005 e foi vice-campeão duas vezes. Em 2007, o brasileiro conseguiu dez pódios, mas chegou na última etapa, em Interlagos, sem chances de título. Poderia ter vencido, mas cedeu a primeira colocação a Raikkonen, que acabou campeão da temporada
Foto: Getty Images
RodouMassa brigou seriamente pelo título em 2008. Chegou à nona etapa, em Silverstone, com três vitórias, um segundo e um terceiro lugar. Largando em nono, o brasileiro não conseguiu lidar direito com a pista molhada e rodou. Terminou em 13º e perdeu pontos importantes
Foto: Getty Images
MangueiraMassa também foi atrapalhado pela Ferrari em 2008. Em Cingapura, a equipe liberou o brasileiro dos boxes com a mangueira de combustível presa ao carro. O piloto liderava a corrida com tranquilidade, mas precisou parar por alguns segundos para os mecânicos retirarem o equipamento. Antes, no GP da Hungria, ele havia abandonado com problemas no motor
Foto: Getty Images
Na última voltaApesar dos problemas, Massa cruzou a linha de chegada da última corrida do ano de 2008 como campeão. Ele venceu o chuvoso GP do Brasil e estava empatando em pontos com Lewis Hamilton. Levaria vantagem no número de vitórias: 6 a 5. No entanto, os pneus para pista seca de Timo Glock não resistiram à McLaren, e Hamilton conseguiu a ultrapassagem na Subida dos Boxes. Com o quinto lugar, garantiu o título por um ponto de vantagem
Foto: Getty Images
A molaNa maluca temporada 2009 da Fórmula 1, Massa não tinha conseguido grandes resultados até o GP da Hungria. No treino classificatório em Hungaroring, uma mola se desprendeu do carro de Rubens Barrichello e acertou o rosto do brasileiro da Ferrari. Ele sofreu um corte de oito centímetros, passou por cirurgia e perdeu o restante da temporada
Foto: Getty Images
Volta com pódioMassa voltou a correr em 2010 em uma nova Ferrari, agora liderada pelo bicampeão mundial Fernando Alonso. O espanhol venceu a primeira corrida na nova equipe, no Bahrein, seguido pelo brasileiro, segundo colocado
Foto: Getty Images
"Faster than you"Exatamente um ano depois do acidente na Hungria, Massa liderou o GP da Alemanha por 49 voltas antes de ceder, por ordem da Ferrari, a primeira colocação para Fernando Alonso. O jogo de equipe escancarado causou constrangimento à equipe italiana, multa de R$ 172 mil, um julgamento no Conselho Mundial de Esporte a Motor da FIA e o fim da última chance em muito tempo de vitória do brasileiro na Fórmula 1
Foto: Getty Images
Último pódioO 33º pódio de Felipe Massa foi na Coreia do Sul, antepenúltima etapa de 2010. Largou em sexto lugar na estreia do circuito de Yeongam e chegou na terceira posição. Ele só voltaria a terminar entre os três primeiros dois anos depois
Foto: Getty Images
CoadjuvanteMassa foi coadjuvante da temporada 2011, que consagrou o bicampeonato de Sebastian Vettel. Se foi constante e pontuou em 15 das 19 etapas, não conseguiu passar do quinto lugar em nenhuma delas e terminou o Mundial de Pilotos em sexto
Foto: Getty Images
DesanimadoA temporada 2012 começou com o futuro de Massa em xeque. O campeonato anterior não animava a Ferrari a renovar o seu contrato, que terminaria ao fim do ano. As primeiras corridas de seu sétimo ano em Maranello não ajudaram. Em cinco provas, conseguiu apenas dois pontos com o nono lugar no Bahrein
Foto: Getty Images
Escudeiro dócilMassa mostrou poder de recuperação após as férias da categoria. Foi quinto lugar na Bélgica, quarto na Itália e oitavo em Cingapura, após cair para a última colocação nas primeiras voltas. Ganhou apoio de Alonso e foi chamado de "escudeiro dócil" pela imprensa espanhola
Foto: Getty Images
A voltaDois anos e 35 corridas depois, Massa voltou ao pódio. No GP do Japão, em Suzuka, ele largou em décimo, aproveitou duas batidas na largada e o bom trabalho de pit stops da Ferrari para terminar a corrida em segundo
Foto: Reuters
GarantidoA Ferrari queria ter certeza que a recuperação de Massa era duradora. A confirmação veio na Coreia do Sul. O brasileiro poderia mais uma vez subir ao pódio. Estava em quarto, era mais rápido que Alonso, mas obedeceu às ordens da equipe e "tirou o pé" para não ameaçar o espanhol. Com os 12 pontos, chegou a 58 nas cinco etapas depois das férias de verão. Apenas Vettel marcou mais nesse período. Foi o suficiente para a renovação