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Luca di Montezemolo vai deixar presidência da Ferrari

10 set 2014 - 16h24
(atualizado às 16h32)
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O presidente da Ferrari, Luca Cordero di Montezemolo, anunciou nesta quarta-feira que deixará a direção da montadora italiana e da escuderia de Fórmula 1 no dia 13 de outubro, informa um comunicado do grupo Fiat.

A partir desta data, a presidência da Ferrari será responsabilidade de Sergio Marchionne, diretor da Fiat, segundo o comunicado.

"Luca Cordero di Montezemolo deixará, a seu pedido, a presidência da Ferrari a partir de 13 de outubro, depois das comemorações do 60º aniversário da presença da Ferrari nos Estados Unidos", afirma a nota oficial.

Montezemolo, que comanda a Ferrari há quase 23 anos, paga o preço pela falta de resultados na Fórmula 1 nos últimos seis anos.

No início da semana, Marchionne, diretor do grupo Fiat-Chrysler, afirmou que uma mudança no comando da Ferrari "não estava na ordem do dia", mas reiterou que "ninguém é indispensável".

"Os resultados econômicos de Montezemolo são muito bons, mas, no caso da Ferrari, um dirigente deve ser avaliado pelos resultados esportivos. Há seis anos não ganhamos, apesar de termos os melhores pilotos do mundo", analisou, referindo-se ao espanhol Fernando Alonso e ao finlandês Kimi Raikkonen, dois campeões mundiais.

"Encerramos assim uma era e abrimos outra diferente", comentou Montezemolo durante uma coletiva de imprensa conjunta com Marchione.

De acordo com a imprensa italiana, Montezemolo acredita que a Ferrari tenha se transformado em uma empresa totalmente americana, depois de a Chrysler ter adquirido no início do ano o grupo Fiat, dono da Ferrari.

A Ferrari registra atualmente novos recordes de vendas graças aos resultados comerciais nos Estados Unidos e ao desenvolvimento do mercado chinês, com um volume de negócios que gira em torno de dois bilhões de euros para o grupo Fiat-Chrysler.

Um dos pontos de discórdia entre os dirigentes tem sido a decisão de Montezemolo de limitar a fabricação de automóveis de luxo a somente 7.200 unidades por ano, em uma estratégia que visa a manter o prestígio da marca. Mas Marchionne quer aumentar a produção para 10.000 por ano.

O silêncio do presidente da Fiat-Chrysler, John Elkann, neto do lendário dono da Fiat Gianni Agnelli, "padrinho" de Montezomolo na Ferrari desde os anos 70, leva a crer que a influente família aprova as mudanças.

A Ferrari é a escuderia mais famosa da F1. Seus pilotos conquistaram 15 vezes o Mundial desde 1950.

"O desejo comum de ver a Ferrari mostrando todo o seu potencial na pista nos levou a ter alguns desentendimentos que foram manifestados publicamente no último fim de semana. Agradeço pessoalmente a Luca por tudo o que fez pela Fiat, pela Ferrari e por mim", escreveu Marchionne em comunicado, reiterando essa palavras depois na coletiva de imprensa.

A Ferrari terá um papel importante dentro da Fiat-Chrysler, em sua entrada na Bolsa de Valores de Nova York, em um processo que precisa ser liderado pelo novo CEO do grupo, segundo Montezemolo.

A imprensa italiana acredita que Marchionne pretende criar um "polo de luxo" dentro da Fiat-Chrysler, com marcas como Ferrari, Maserati e Alfa-Romeo, enquanto Montezemolo queria manter a independência da marca e permanecer outros três anos à frente da Ferrari.

"Não temos a intenção de integrar a Ferrari no sistema da Fiat-Chrysler porque não queremos que se contamine com um sistema concebido para o mercado de massas", disse Marchionne durante a coletiva de imprensa conjunta, rejeitando os rumores da imprensa.

Apesar dos resultados negativos no domingo em Monza dos pilotos Fernando Alonso, que abandonou por problemas elétricos, e Kimi Raikkonen, que chegou na nona colocação, a Ferrari "continua sendo uma lenda, um patrimônio para o mundo automobilístico", lembrou o francês Jean Todt, ex-diretor da escuderia.

"A paixão dos torcedores pela Ferrari continua intacta", garantiu Montezemolo, que prometeu durante a coletiva que vai fazer com que a equipe volte a conquistar títulos.

"Estamos tendo um ano ruim porque descartamos a importância e as dificuldades do novo sistema do motor, que não é tradicional. A Fórmula 1 entrará em um ciclo novo. Temos tudo para voltar a vencer", declarou.

A Ferrari não conquista o Mundial de Pilotos desde a temporada 2007, quando Raikkonen ficou com o título.

Paralelamente, a Mercedes, uma das grandes rivais da Ferrari, investiu 500 milhões de euros no novo motor V6 turbo híbrido e vem dominando a temporada 2014.

Marco Mattiacci, diretor da escuderia, estipulou como meta o ano de 2016 para que os italianos voltem a vencer nas pistas.

"A Ferrari está com ótima saúde. Montezemolo fez um trabalho excelente. Trata-se de uma mudança gerencial. A gestão esportiva é essencial para a Ferrari, é parte de nosso DNA", garantiu Marchionne.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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