Pizzonia lembra "vestibular" na Williams e diz: foi pura política
Nesta quinta e nesta sexta-feira, o alemão Adrian Sutil e o francês Jules Bianchi vão ao Circuito de Montmeló, nos arredores de Barcelona, no que é considerado um "vestibular" para saber quem ocupará a última vaga de titular disponível na Force India. O brasileiro Antonio Pizzonia, 32 anos, já viveu uma situação semelhante em 2005, quando disputou o cockpit da Williams em série de testes com o alemão Nick Heidfeld – e levou a pior.
“Depende muito do caso e da situação”, afirma Pizzonia ao Terra, questionado se apenas a velocidade na pista mostrada nos treinos coletivos de Barcelona decidirá a favor de Sutil ou Bianchi. “No meu caso foi pura política. Mesmo porque, dos cinco testes que fiz com o Heidfeld, ele foi mais rápido que eu em apenas um deles”.
Para 2005, o colombiano Juan Pablo Montoya e o alemão Ralf Schumacher saíram da Williams, que contratou o australiano Mark Webber, ex-Jaguar. A equipe tinha acordo também com o britânico Jenson Button, mas este, após disputa judicial, não conseguiu se desvencilhar do contrato assinado com a BAR.
A solução para definir o outro piloto foi uma bateria de testes em três pistas espanholas diferentes: Jerez de la Frontera, Barcelona e Valência. Na briga dos bastidores, Heidfeld, que havia competido em 2004 pela Jordan, contava com o apoio da alemã BMW, fornecedora de motores da Williams. Pizzonia, que já era reserva da equipe de Grove e havia participado de quatro corridas em 2004, tinha o apoio da brasileira Petrobras, fornecedora de combustível.
"Nós fizemos diversos testes e decidimos no último minuto que Nick Heidfeld será o piloto regular da equipe", anunciou Frank Williams em 31 de janeiro de 2005, data da apresentação do modelo FW27, em Valência.
Naquela temporada, Pizzonia seguiu como piloto reserva e participou das últimas cinco etapas do ano, somando dois pontos e tendo como melhor resultado o sétimo lugar no Grande Prêmio da Itália. Na ocasião, ele substituiu o próprio Heidfeld, que se lesionou em dois acidentes: primeiro em um teste e depois andando de bicicleta. Até então, o alemão colecionava 28 pontos em 14 corridas.
Foi a última experiência do brasileiro na F1. Depois, ele passou pela GP2, pela Fórmula Indy e pela Stock Car. Nesta quarta-feira, anunciou que participará da temporada 2013 da Grand-Am, dividindo a pilotagem do protótipo Ford-Riley DPG3 com o colombiano Gustavo Yacaman nas onze etapas restantes do torneio, que é baseado nos Estados Unidos.
Na Force India, estará em jogo nesta semana em Barcelona o último assento disponível na F1 para 2013. Sutil, 30 anos, foi titular da equipe entre 2008 e 2011 e testa o novo carro do time, o VJM06, nesta quinta-feira. O empresário do alemão, Manfred Zimmermann, disse à agência DPA que a oportunidade é a “última chance” do cliente para retornar à categoria.
Em 2012, Sutil foi condenado por ter agredido um dos sócios da equipe Lotus, Eric Lux, após o Grande Prêmio de F1 da China, em Xangai. Ele teve de pagar uma multa de 200 mil euros (R$ 463 mil, na cotação da época), mas escapou da prisão, cumprindo 18 meses de suspensão condicional da pena.
Já Bianchi, 23 anos, tenta estrear na elite do automobilismo mundial uma temporada depois de ser vice-campeão da World Series by Renault. Membro da Academia de Pilotos da Ferrari, ele foi reserva da própria Force India em 2012 e trabalhou para a equipe na abertura dos treinos coletivos da F1 neste ano, em Jerez de la Frontera. Em Barcelona, testará nesta sexta.
Nesta semana, um porta-voz da Force India informou à rede britânica BBC que as atividades desta semana não seriam um “tiroteio” entre Sutil e Bianchi. “São dois pilotos ajudando o time nos testes”, disse.
O único piloto confirmado pela escuderia como titular é o britânico Paul di Resta, que em entrevista à revista britânica Autosport negou se preocupar com o nome do companheiro de equipe, dizendo que a decisão não é sua. Sobre o alemão e o francês, Sutil afirmou conhecer ambos “muito bem” e os classificou como “boas pessoas”. Resta saber qual dois dois será mais rápido em Barcelona.
Relembre outras disputas diretas na Fórmula 1:
- 2000: Jenson Button (GBR) x Bruno Junqueira (BRA) na Williams: o britânico ficou com a vaga de titular após série de testes
- 2005: Christian Klein (AUT) x Vitantonio Liuzzi (ITA) na Red Bull: disputaram a vaga em treinos e foram testados também em corridas; o austríaco ficou com a vaga de titular
- 2008: Bruno Senna (BRA) x Lucas di Grassi (BRA) na Honda: participaram de treinos no mesmo período, mas a vaga de titular foi para Rubens Barrichello após a saída da Honda da F1 e a consequente entrada da Brawn GP