No final da década de 80, insatisfeira com o regulamento da Fórmula 1, Ferrari chegou a especular uma mudança para a Fórmula Indy; na Itália, equipe chegou a criar um carro próprio para a categoria americana
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Enzo Ferrari nunca escondeu seu desejo de vencer as 500 Milhas de Indianápolis, e o desentendimento com os organizadores da F1 em 1985 foi o estopim para declarar no time que levava seu nome suas intenções de trocar de categoria; por indicação da Goodyear, o homem forte da equipe italiana conversou então com a equipe TrueSports - então principal rival da Penske nos EUA - para avaliar a viabilidade de sua participação na Indy
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
No fim do ano, a TrueSports então enviou para Itália seu chassi March 85C, pintado em vermelho e movido pelo motor Cosworth, para que a Ferrari avaliasse a performance; em Fiorano, o carro da Indy foi testado por Bobby Rahal (piloto da equipe na Indy) e por Michele Alboreto (representante da Ferrari na F1)
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Os resultados agradaram tanto à equipe italiana que o carro acabou ficando em Fiorano para que fosse analisado e detalhado; dali, Enzo Ferrari pediu ao engenheiro austríaco Gustav Brunner que projetasse uma Ferrari naqueles moldes para competir nos Estados Unidos
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Em poucos dias, Brunner entregou o projeto do carro, construído pela equipe de Harvey Postlethwaite e batizado de Ferrari 637; expectativa era que a Ferrari começasse a temporada de 1986 da F1, entrando na Indy nas últimas provas do ano - por isso, primeiro carro foi adesivado com o nome de Stefan Johansson, piloto da equipe italiana em 1985
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Assim, no meio de 1986, a Ferrari já tinha um carro pronto para a Indy - e não por acaso, as imagens do bólido passaram a ''vazar'' para a imprensa, deixando claras as intenções de Enzo Ferrari
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
No segundo semestre de 1986, a Ferrari então convocou uma entrevista coletiva, gerando muita expectativa; o que se anunciou foi a contratação de Gerhard Berger (então na Benetton) e do engenheiro John Barnard (então na McLaren)
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Porém, pela primeira vez, a equipe falou abertamente de seus planos para os EUA, inclusive mostrando à imprensa seu motor V8 construído com as especificações da Indy; nos EUA, Bobby Rahal e a TrueSports venciam as 500 Milhas de Indianápolis, enquanto Alboreto desempenhava papel fraco na F1
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Neste momento, entretanto, a meta de John Barnard era construir um carro competitivo para 1987, de forma que a ida para a Indy só acontecesse quando a Ferrari estivesse ''no topo'' da F1 novamente
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Por pressão do novo engenheiro, a Ferrari decidiu engavetar o projeto 637; nem mesmo a visita de Steve Horne (chefe de equipe da TrueSports) no fim de 1986 foi capaz de demover a escuderia da ideia
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Para ajudar, em 1987, a equipe foi protagonista na mudança da regra de motores, que valeria a partir de 1989; graças a este acordo, a F1 conseguiu manter a Ferrari correndo na Europa
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
FIA queria trocar os motores turbo por V8 aspirados, mas Enzo Ferrari pretendia correr com motores de 12 cilindros; para selar de vez o acordo entre a entidade e a equipe, a FIA aceitou os motores V12 na F1
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Em troca, a Ferrari encerrou de vez seu projeto Indy e ajudou a manter a popularidade da categoria máxima do automobilismo mundial; em março daquele ano, foi assinado um novo Pacto de Concórdia
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Hoje, a Ferrari 637 é vista em raras exposições pelo mundo. Já foi vista em Indianapolis Motor Speedway Museum Hall of Fame, e ocupa lugar de destaque do Museo Ferrari, em Maranello, onde é exposto ao lado de carros que fizeram sucesso na Fórmula 1 e dos veículos de passeio mais famosos da marca italiana
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
Mesmo tendo sido oficialmente testado, o modelo 637 da Ferrari é um dos raros casos oficiais da equipe que jamais chegaram a competir
Foto: Museo Ferrari / Divulgação
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Entre as décadas de 80 e 90, o automobilismo mundial vivia um cenário bastante peculiar: ao mesmo tempo em que a Fórmula Indy ganhava espaço e superava as fronteiras dos Estados Unidos, a Fórmula 1 via a Ferrari apresentar um desempenho pouco competitivo, que nem mesmo o vice-campeonato de Michele Alboreto no Mundial de 1985 atenuou. Nos bastidores, a escuderia de Maranello vinha se mostrando incomodada com as regras de motores impostas pela FIA no início da década. Assim, criou-se a possibilidade de a mais tradicional equipe da F1 romper com a categoria para protagonizar um movimento inesperado: disputar a Indy.
Eis o cenário: Enzo Ferrari nunca escondeu seu desejo de vencer as 500 Milhas de Indianápolis, e o desentendimento com os organizadores da Fórmula 1 em 1985, época da negociação em torno do afastamento dos motores aspirados, foi o estopim para que o comendador declarasse no time que levava seu nome suas intenções de trocar de categoria. Por indicação da Goodyear, o homem forte da equipe italiana conversou então com a equipe TrueSports - então principal rival da Penske nos EUA - para avaliar a viabilidade de sua participação na Indy.
No fim do ano, a TrueSports então enviou para Itália seu chassi March 85C, pintado em vermelho e movido pelo motor Cosworth, para que a Ferrari avaliasse a performance. Em Fiorano, o carro da Indy foi testado por Bobby Rahal (piloto da equipe na Indy) e por Michele Alboreto (representante da Ferrari na F1). Os resultados agradaram tanto à equipe italiana que o carro acabou ficando em Fiorano para que fosse analisado e detalhado. A partir daí, Enzo Ferrari pediu ao engenheiro austríaco Gustav Brunner que projetasse uma Ferrari naqueles moldes para competir nos Estados Unidos. Era o primeiro passo para sair da F1.
Em poucos dias, Brunner entregou o projeto do carro, construído pela equipe de Harvey Postlethwaite e batizado de Ferrari 637. A expectativa era que a Ferrari começasse a temporada de 1986 da F1, entrando na Indy nas últimas provas do ano e competisse apenas nos EUA a partir de 1987. Assim, no meio de 1986, a Ferrari já tinha um carro pronto para a Indy – e não por acaso, as imagens do bólido passaram a “vazar” para a imprensa, deixando claras as intenções de Enzo Ferrari.
No segundo semestre de 1986, a Ferrari então convocou uma entrevista coletiva, gerando muita expectativa. O que se anunciou foi a contratação de Gerhard Berger (então na Benetton) e do engenheiro John Barnard (então na McLaren). Porém, pela primeira vez, a equipe falou abertamente de seus planos para os EUA, inclusive mostrando à imprensa seu motor V8 construído com as especificações da Indy. Nos EUA, Bobby Rahal e a TrueSports venciam as 500 Milhas de Indianápolis, enquanto Alboreto desempenhava papel fraco na F1.
Neste momento, entretanto, de maneira um tanto quanto obscura, a Ferrari decidiu manter seu foco na Europa. A meta de John Barnard era construir um carro competitivo para 1987, de forma que a ida para a Indy só acontecesse quando a Ferrari estivesse “no topo” da F1 novamente. Assim, por pressão do novo engenheiro, a Ferrari decidiu engavetar o projeto 637. Nem mesmo a visita de Steve Horne (chefe de equipe da TrueSports) no fim de 1986 foi capaz de demover a escuderia da ideia.
Para ajudar, em 1987, a equipe foi protagonista na mudança da regra de motores, que valeria a partir de 1989. A FIA queria trocar os motores turbo por V8 aspirados, mas Enzo Ferrari pretendia correr com motores de 12 cilindros. Para selar de vez o acordo entre a entidade e a equipe, a FIA aceitou os motores V12 na F1. Em troca, a Ferrari encerrou de vez seu projeto Indy e ajudou a manter a popularidade da categoria máxima do automobilismo mundial. Em março daquele ano, foi assinado um novo Pacto de Concórdia.
Hoje, a Ferrari 637 é vista em raras exposições pelo mundo. Já foi vista em Indianapolis Motor Speedway Museum Hall of Fame, e ocupa lugar de destaque do Museo Ferrari, em Maranello, onde é exposto ao lado de carros que fizeram sucesso na Fórmula 1 e dos veículos de passeio mais famosos da marca italiana.