F1: Rosberg x Hamilton e as 10 guerras que abalaram equipes

Talvez seja difícil encontrar um esporte no qual a rivalidade e a competitividade sejam tão grandes: no automobilismo, cada segundo é importante, cada curva é fundamental e cada ultrapassagem pode fazer a diferença. Mais do que isto: cada relação tem a sua história e cada época, a sua rivalidade. Em 2014, não vem sendo diferente: Nico Rosberg e Lewis Hamilton são companheiros de equipe na Mercedes, amigos de infância desde os tempos de kart, mas a ferrenha disputa pelo título mundial de Fórmula 1 fez rachar a confiança que um tinha no outro.

Os atuais líderes do Mundial de Pilotos não souberam lidar com a pressão de ter o melhor carro e apenas uma primeira colocação em cada corrida. Ultrapassagens polêmicas, desrespeito a ordens de equipe e acidentes propositais criaram uma nova grande rivalidade na principal categoria do automobilismo mundial.

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O estopim ocorreu no domingo, quando o alemão tentou ultrapassar o britânico na segunda volta do GP da Bélgica, não conseguiu e tocou o bico de seu carro no pneu traseiro esquerdo do rival. Resultado? Borracha furada e guerra decretada.

Há, sem dúvidas, uma nova bipolaridade no mundo da Fórmula 1. E isso não é algo raro. Muito pelo contrário: em 64 anos, não foram poucas as intensas rivalidades que atraíram os olhares do planeta e provocaram disputas históricas, tanto dentro como fora das pistas.

O Terra separou, abaixo, as 10 maiores rivalidades históricas a Fórmula 1 e apresenta, em ordem cronológica, para você. Já com um 11º capítulo que promete muita discussão.Divirta-se: 

Década de 70:

James Hunt x Jochen Mass

Apesar de companheiros de McLaren, os dois nunca se deram bem. A hostilidade veio à tona no GP do Canadá de 1977. Então campeão mundial, Hunt daria uma volta no alemão, mas uma colisão com ele o fez abandonar a corrida. Extremamente irritado, o inglês saiu do carro, ficou próximo da pista e passou a mostrar o punho a Mass a cada passagem dele pelo trecho da batida. Além disto, não controlou seus ânimos, agrediu um fiscal e acabou multado. O fato estremeceu o clima da McLaren, que viu seus pilotos mais abandonarem do que completarem corridas na temporada e terminarem o campeonato na quinta e sexta posições, respectivamente.

Década de 80:

Alan Jones x Carlos Reutemann

Muito talentoso, o argentino Reutemann não aceitou ser o segundo piloto da equipe Williams em 1981. Todos os privilégios do grupo britânico eram dados ao australiano, campeão do mundo um ano antes. No GP do Brasil de 1981, Reutemann estava na liderança, quando recebeu a ordem de Frank Williams para deixar Jones passar. A troca de posições não foi feita e irritou Jones profundamente. Ele se recusou a subir no pódio em Jacarepaguá e também não ajudou o companheiro na prova seguinte. Resultado? Reutemann perdeu o título mundial para Nelson Piquet por apenas um ponto.

A rivalidade entre Didier Pironi e Gilles Villeneuve teve apenas um capítulo, com direito a final trágico na Ferrari. A Fórmula 1 passava por um momento crítico e apenas sete equipes disputaram o GP de San Marino, em 1982. Villeneuve, que era o favorito ao título e queridinho da escuderia, liderava a poucas voltas do fim, mas foi ultrapassado nas voltas finais por Pironi, descumprindo um acordo entre os dois e a equipe.

Enfurecido com a ultrapassagem do companheiro na última corrida, Villeneuve não queria ficar novamente para trás e na disputa para superar o melhor tempo feito por Pironi no treino de classificação do GP da Bélgica, ainda no autódromo de Zolder, o canadense acabou batendo em Jochen Mass, que retornava para os boxes em baixa velocidade. A Ferrari foi lançada ao ar, seguindo-se uma sequência de capotagens que partiu o cockpit ao meio e arremessou o corpo de Villeneuve para o alto, só parando no lado extremo da pista, ao chocar-se violentamente contra o alambrado de proteção. O piloto já não estava respirando quando a equipe de socorro chegou ao local e foi declarado morto em um hospital próximo a Lovaina.

Ayrton Senna x Elio De Angelis

A chegada de Ayrton Senna na Lotus, em 1985, não agradou Elio de Angelis. Queridinho da equipe, o italiano era rápido nas pistas, mas viu seu reinado ser ameaçado pelo jovem piloto brasileiro. Apesar da regularidade no Mundial, se mantendo à frente de Senna na maior parte do torneio, De Angelis não aceitava que a equipe destinasse toda a atenção para o brasileiro. O clima piorou após uma disputa dentro das pistas. Na África do Sul, o italiano tomou uma fechada de Senna e precisou frear para não acertar o companheiro. Depois da prova, já nos boxes, os dois trocaram xingamentos e empurrões, sendo separados por mecânicos. No ano seguinte, Elio se transferiu para a Brabham, onde morreu no ano seguinte durante um teste.

Em 1986 e 87, a Williams decidiu formar sua equipe com dois dos melhores pilotos da Fórmula 1: Nelson Piquet, então bicampeão da categoria, e Nigel Mansell, considerado um dos melhores da época. No primeiro ano, as brigas foram tão constantes e intensas que a equipe perdeu o título de pilotos para o francês Alain Prost, então na McLaren.

No ano seguinte, a equipe priorizava Mansell, o que irritou o brasileiro, que decidiu trabalhar por contra própria e com mecânicos de confiança. Piquet escondia as informações de acerto do carro com medo de que a equipe repassasse para seu companheiro. No GP do Japão, após acidente de Mansell no treino classificatório, o brasileiro conquistou o tricampeonato mundial.

Ayrton Senna x Alain Prost

A famosa rivalidade entre Senna e Prost começou em 1989, quando o francês acusou o brasileiro de quebrar um acordo na equipe: o piloto que estivesse na frente após a largada não seria ameaçado pelo companheiro de equipe até que os carros da McLaren se distanciassem do pelotão. Para Prost, Senna não respeitou isso em um GP de Ímola, na Itália, e a relação ficou abalada.

Na penúltima corrida daquela temporada, Prost aprontou. No GP do Japão, Senna precisava vencer para evitar que o título ficasse com o companheiro. O francês liderava a prova e o brasileiro pressionava. Durante uma tentativa de ultrapassagem na chicane, Prost deixou o carro e os dois se tocaram. Senna ainda fez uma corrida de recuperação e conseguiu vencer, mas acabou desclassificado por ter voltado à pista pelo caminho de apoio.

No ano seguinte, mesmo com Prost já na Ferrari, a rivalidade ganhou mais um capítulo. Novamente no Japão, a situação era inversa em relação à temporada passada: Senna seria campeão caso os dois abandonassem. Antes mesmo da primeira curva, os dois se tocaram e saíram da prova. Senna conseguiu, enfim, o bicampeonato.

Década de 90

Alain Prost x Nigel Mansell

No papel, a ideia da Ferrari era genial: a escuderia italiana teria dois dos melhores pilotos da Fórmula 1 na temporada de 1990. Porém, o talento de Alain Prost e Nigel Mansell era diretamente proporcional a capacidade de arrumarem confusão com antigos companheiros. Mansell havia acabado de fazer uma parceria complicada com Piquet, e Prost havia brigado com Ayrton Senna na McLaren. Na Ferrari, não foi diferente. O inglês reclamava de um suposto favorecimento ao francês, o que conturbou o paddock dos italianos e atrapalhou no desempenho dos pilotos. Senna, na McLaren, ficou com o título.

Anos 2000

Michael Schumacher x Rubens Barrichello

A rivalidade entre Michael Schumacher e Rubens Barrichello foi uma das mais “tranquilas” da Fórmula 1. Os pilotos foram companheiros na Ferrari entre 2000 e 2005 e se estranharam algumas vezes, mas a ampla vantagem técnica do alemão servia perfeitamente como desculpa para a escuderia dar toda atenção ao heptacampeão mundial. Nos anos em que correram juntos, Schumacher conseguiu cinco títulos, enquanto Rubinho acabou com o vice em duas oportunidades. A cena mais clássica da rivalidade aconteceu em 2002, quando Barrichello liderava o GP da Áustria e, a poucos metros da linha de chegada, foi ordenado a abrir para Schumacher ultrapassá-lo. O alemão retribuiu em uma prova nos Estados Unidos, mas a confiança já estava quebrada.

Fernando Alonso x Lewis Hamilton

Em 2007, Lewis Hamilton e Fernando Alonso protagonizaram uma rivalidade parecida com a de Nelson Piquet e Nigel Mansell. Uma equipe briânica, com um prata da casa, nesse caso Hamilton, contrata o melhor piloto da categoria, Alonso, para formar uma dupla imbatível. A aposta, no entanto, saiu pela culatra.  A briga teve o espanhol prejudicando deliberadamente o inglês no treino classificatório, até um caso de espionagem industral em que Alonso foi acusado. Ao final da temporada, a McLaren perdeu o título na última prova para a Ferrari e a escuderia ainda recebeu uma multa de centenas de milhões de dólares pelo caso.

Anos 2010

Sebastian Vettel x Mark Webber

Sebastian Vettel e Mark Webber também tiveram uma relação conturbada na Red Bull. A escuderia dava prioridade para o alemão, o que gerou uma leve irritação no australiano. Esse, porém, foi apenas o começo da rivalidade entre os dois. No GP da Grã-Bretanha, em 2011, Webber começou os conflitos. Enquanto Fernando Alonso liderava a prova com tranquilidade, Vettel estava em segundo, seguido de Webber. A ordem da equipe era para que guardassem posições. No entanto, Webber não obedeceu e atacou o alemão. Mesmo sem conseguir ultrapassá-lo, o clima esquentou. Um dos capítulos mais marcantes da dupla aconteceu no GP da Malásia, em 2012. Vettel ignorou uma ordem da equipe para deixar Webber passar e gerou a revolta do australiano. Os dois também colidiram na Turquia, em uma batalha pela liderança e ainda teve o episódio no qual a equipe tirou a asa dianteira do carro de Webber para dar ao alemão.

Lewis Hamilton x Nico Rosberg

Nico Rosberg e Lewis Hamilton protagonizam hoje a grande rivalidade da Fórmula 1. Coadjuvantes no começo da temporada, os pilotos da Mercedes cresceram junto com a escuderia e brigam na pista pelo título do Mundial de pilotos de 2014. Elogiada pela liberdade que dava para a disputa, a Mercedes já começa a se preocupar com o clima de tensão no paddock.

O primeiro duelo aconteceu no GP do Bahrein: na terceira etapa da temporada, os pilotos deram um aperitivo do que viria pela frente. Rosberg largou em primeiro, mas acabou superado por Hamilton. Nas últimas voltas, os dois fizeram uma disputa de cinema, com ultrapassagens e retomadas.

Na Espanha, quinta etapa do ano, Rosberg pressionou Hamilton nas voltas finais, mas não conseguiu a ultrapassagem e o inglês assumiu a ponta do campeonato.

Foi em Mônaco que a rivalidade pegou fogo. Hamilton acusou Rosberg de errar de propósito durante o treino de classificação, atrapalhando sua última volta rápida e ficando com a pole position. O alemão, que acabou vencendo a prova, afirmou que o erro foi sem querer e lamentou ter atrapalhado Hamilton. O inglês não aceitou as desculpas e declarou guerra: "não somos mais amigos".

O quarto capítulo aconteceu na Hungria, na 11ª etapa. Hamilton recusou o pedido da equipe para abrir para Rosberg passar. No fim da prova, o inglês terminou em terceiro, à frente do alemão, e disse que Rosberg não chegou perto o suficiente para realizar a ultrapassagem.

O estopim ocorreu neste domingo, quando o alemão tentou ultrapassar o britânico na segunda volta do GP da Bélgica, não conseguiu e tocou o bico de seu carro no pneu traseiro esquerdo do rival.