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Socos, batidas e perseguição; lembre as polêmicas de Senna

Ayrton Senna foi tricampeão mundial em 1988, 1990 e 91 e se tornou um herói nacional, mas também não foi um anjo fora das pistas

30 abr 2014 - 12h49
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Carismático e inesquecível para o torcedor brasileiro, Ayrton Senna não era uma flor que se cheire na Fórmula 1, que diga Eddie Irvine, que tomou um tabefe do brasileiro na sua primeira temporada na categoria. Além da personalidade forte, o maior ídolo do automobilismo nacional também foi vítima de trapaças dos seus adversários e alvo de dirigentes da FISA, antigo nome da Federação Internacional do Automobilismo (FIA). Confira abaixo dez polêmicas da carreira de Senna selecionadas pelo Terra

Término antes da hora do Grande Prêmio de Mônaco de 1984

A primeira corrida que Ayrton Senna chamou a atenção do mundo do automobilismo terminou com uma controvérsia, pois o líder Alain Prost pediu seguidas vezes para ela fosse encerrada antes que todas as voltas fossem completadas, pelo temporal que caía no Grande Prêmio Mônaco. Após muita insistência do francês, a bandeira vermelha foi finalmente exibida por ordens de Jack Ickx, diretor da prova, poucos metros antes do término da 32ª volta, na qual Senna ultrapassou Prost. As regras da F1, no entanto, diziam que o vencedor seria aquele que concluísse a volta anterior à da exibição da bandeira na ponta. Contando com esta medida, o piloto francês subiu ao degrau mais alto do pódio, que foi o primeiro de Senna - enfurecido em razão da prova ter sido interrompida.

Elio de Angelis, companheiro e antagonista na Lotus

Após uma temporada impressionante na pequena Toleman, Ayrton Senna assumiu um dos carros da Lotus na temporada de 1985 da F1 e logo se firmou como principal piloto da equipe. Quem não gostou da ascensão do brasileiro foi o italiano Elio de Angelis, companheiro de time de Senna e na Lotus desde 1980. Frustrado por não ser tratado como líder da escuderia apesar do contrato que previa a partilha do estatuto de primeiro piloto, De Angelis foi para a Brabham em 1986, onde morreu após um acidente ao testar o carro no circuito Paul Ricard, na França. A F1 ficaria oito anos sem mortes nas pistas, que só voltariam a acontecer em 1994, no fim de semana que Roland Ratzenberger e Ayrton Senna se acidentaram em Ímola.

Veto a Derek Warwick na Lotus em 1986

Piloto número 1 da Lotus na temporada de 1986, Senna impediu que a escuderia assinasse com o britânico Derek Warwick como número 2, pois acreditava que a equipe não teria condições de manter dois carros no mesmo nível durante o ano inteiro. O brasileiro teve seu pedido atendido, Warwick não foi contratado e Johnny Dumfries, vindo da F3, aceitou as condições inferiores de investimento para integrar o time, sem atrapalhar a ambição de Senna em ser campeão mundial.

Acordo rompido com Prost no GP de San Marino de 1989

A vitória de Ayrton Senna no GP de San Marino de 1989 iniciou os grandes conflitos internos da McLaren nesta temporada. De acordo com Prost, companheiro de equipe do brasileiro, havia um acordo estabelecido entre os dois que previa que quem liderasse a prova na primeira curva não teria a posição ameaçada pelo colega. O francês passou deste ponto na frente, mas acabou ultrapassado por Senna no decorrer da corrida, que chegou a ser interrompida graças a um acidente violento envolvendo o alemão Gehrard Berger. O incidente resultaria, no fim da temporada, na saída de Prost para a Ferrari. Em entrevista publicada pela própria McLaren, Ron Dennis, diretor da equipe na época, afirmou que os dois tiveram culpa no evento e foram igualmente desonestos.

Batida entre Senna e Mansell no GP de Portugal de 1989

Senna largou na pole no GP de Estoril de 1989, mas foi ultrapassado por Gerhard Berger logo no início da corrida e o brasileiro ficou com Nigel Mansell na sua cola. O britânico cometeu um erro na hora de entrar nos boxes, parando alguns metros além da posição do pit stop da Ferrari, sua equipe. Os mecânicos se deslocaram até o posicionamento do piloto, que engatou a ré para ajustar sua localização. A atitude, no entanto, era irregular e resultou na sua desclassificação da prova. Mansell ignorou a bandeira preta e continuou na corrida perseguindo Senna, que havia retomado a ponta no decorrer do circuito. No início da 48 volta, o britânico tentou ultrapassar o brasileiro ao fazer a primeira curva por dentro. O brasileiro não tirou o carro e os dois bateram e não completaram a prova. Eliminado por um piloto da Ferrari, Senna ficou ainda mais distante do título daquela temporada, vencida por seu colega de McLaren, Alain Prost, que coincidentemente integraria a escuderia italiana em 1990.

Desclassificação em Suzuka em 1989 e rixa com Jean-Marie Balestre

Ao contrário de Senna, Prost logo se retirou do carro em Suzuka
Ao contrário de Senna, Prost logo se retirou do carro em Suzuka
Foto: Getty Images
Presidente da FIA em 1989, Jean-Marie Balestre foi o responsável por decretar a desqualificação de Ayrton Senna do GP do Japão, no qual o brasileiro bateu com Alain Prost, mas voltou à pista com a ajuda dos comissários na chicane que ocorreu a colisão, sem seguir o trajeto daquele trecho do circuito, e cruzou a linha de chegada em primeiro, na frente do italiano Alessandro Nannini, que o ultrapassara momentos depois do acidente, mas não conseguiu segurar a posição. Senna precisava da vitória para continuar com chances de título e sua eliminação deu a Prost o primeiro lugar da temporada. O caso deixou o brasileiro irritado e desconfiado de que, na Fórmula 1, decisões polêmicas seriam tomadas com parcialidade a favor de Prost. Na mesma corrida da temporada seguinte, o brasileiro conquistou seu segundo título depois de nova batida, que tirou os dois da prova, mas o campeão foi outro.

Eddie Irvine toma tabefe de Senna no GP do Japão de 1993

Ayrton Senna liderava com folga o Grande Prêmio de Suzuka de 1993, a ponto de dar uma volta no então quinto colocado, o britânico Eddie Irvine. O brasileiro tinha pela frente o também retardatário, e quarto colocado, Damon Hill, o qual não conseguiu deixar para trás. Brigando pela posição com Hill, Irvine recolocou seu carro na frente de Senna, que ficou preso atrás da dupla e perdeu alguns  segundos que tinha de vantagem em relação a Prost, o vice-líder da prova. Senna sairia como vencedor, mas a vitória não fez com que o brasileiro esquecesse da atitude de Irvine. O britânico foi procurado por Senna na área reservada da Jordan, sua equipe, e teve que ouvir o tricampeão do mundo reclamar do seu comportamento irresponsável, para no fim da discussão levar um soco do brasileiro.

Suspensão ativa da Williams: o carro que andava sozinho

Após o seu terceiro título mundial em 1991, Ayrton Senna encontrou um novo inimigo dentro das pistas: a Williams projetada por Patrick Head e Adrian Newey, com a infame suspensão ativa. Pilotando os dois carros da sua futura equipe, em 1992, Nigel Mansell e Ricardo Patrese fizeram a dobradinha na temporada, ficando respectivamente na primeira e segunda posições. Além disso, a escuderia britânica levou o mundial de construtores, título que repetiu em 1993, quando Alain Prost e Damon Hill estavam por trás dos volantes. O brasileiro conseguiu se enfiar entre os dois pilotos, terminando atrás apenas do rival francês na classificação. Maravilhado com o carro “do outro planeta” da equipe britânica, Senna foi seduzido para ela no ano seguinte, quando a tecnologia única desenvolvida pelos projetistas foi banida da Fórmula 1. Afinal, o que a tal da suspensão ativa trazia de diferente? Ela coordenava o impacto do veículo no asfalto, fosse ele regular ou irregular, otimizando a aerodinâmica e perdendo pouca velocidade em curvas. Como resultado, as Williams alcançavam voltas segundos mais rápidas do que os demais times, de forma praticamente independente ao talento dos pilotos. "Quero ser desafiado pelos meus próprios limites contra os limites de outra pessoa, por alguém que é de carne e osso em que a diferença é entre cérebro, experiência e adaptação ao circuito. Não quero ser desafiado pelo computador de outra pessoa. Não quero um carro de Ron Dennis que me leve à vitória, quero um carro que me deixe competir. Os regulamentos têm que ser alterados. As máquinas dispensam o gênio, e é o gênio que os patrocinadores e o público querem", disse Senna na época. A campanha contra a computação no esporte surtiu efeito, mas uma equipe continuou tendo um carro de performance estranhamente superior...

A Benetton sem filtro de segurança no abastecimento de Schumacher

A FIA proibiu uma série de sistemas eletrônicos em 1994, motivada pela ampla superioridade da tecnológica Williams nos dois anos anteriores. A temporada da morte de Senna foi marcada por carros instáveis, que exigiam muito dos pilotos para serem mantidos dentro das pistas, com uma exceção: a Benetton de Michael Schumacher, que se tornaria o campeão. Embora não tenha havido investigação em torno do caso, existem evidências que sustentam a tese de que a equipe do alemão não utilizasse o filtro de segurança durante o abastecimento do veículo, o que daria segundos de vantagem para a escuderia nos pit stops. As desconfianças ganharam sustentação após as denúncias de Jos Vestarppen, parceiro de time de Schumacher, que acusou o alemão e Flavio Briatore de camuflarem o carro irregular.

Rivalidade com Piquet fora das pistas

<p>Em Hungaroring, Senna sofreu uma das ultrapassagens mais impressionantes da F1</p>
Em Hungaroring, Senna sofreu uma das ultrapassagens mais impressionantes da F1
Foto: Getty Images
Ayrton Senna e Nelson Piquet tinham personalidades opostas fora das pistas. Os dois tricampeões da Fórmula 1 brasileiros competiram durante cinco anos na categoria, mas dois deles, em especial, ficaram marcados: 1986 e 87. Nas duas Piquet terminou o ano com a sua Williams na terceira e primeira posição, respectivamente, enquanto Senna foi quarto e terceiro na Lotus, para conquistar o título no ano seguinte quando Piquet veio para o posto de Senna – que havia acertado com a McLaren – para a Lotus. Na temporada de 1986, os rivais protagonizaram uma das cenas mais impressionantes da categoria, quando o piloto carioca fez seu carro derrapar para conseguir ultrapassar o paulista em Hungaroring, corrida em que eles ficaram no primeiro e segundo lugares do pódio.

Fonte: Terra
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