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Pouco conhecido, navegador é figura fundamental do rali

Presentes em três categorias do Rally dos Sertões, navegadores são parte essencial das equipes na travessia de trajetos de cross country

31 ago 2014 - 10h31
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Parceiro de Guiga Spinelli, Youssef Haddad é responsável por praticamente todas as atividades da equipe fora a pilotagem
Parceiro de Guiga Spinelli, Youssef Haddad é responsável por praticamente todas as atividades da equipe fora a pilotagem
Foto: Murilo Mattos / Divulgação

O automobilismo tem como principal figura o piloto, mas apesar de na maioria das categorias ele competir sozinho, sempre há outros competidores nos bastidores, ajudando o protagonista a buscar o objetivo. Na maioria dos casos, estes não vão para a pista, mas não é o caso do rali, onde o navegador desempenha uma função muito mais relevante do que um simples copiloto.

Figura pouco ou não conhecida pelo público geral, que não acompanha o esporte, o navegador participa da corrida do banco do passageiro, mas está longe de ser apenas uma figura passiva no carro. O nome da função é sugestivo, mas eles fazem muito mais do que apenas ajudar os pilotos na travessia dos circuitos cross country.

"A função básica é o que o nome diz, ditar o caminho, passar para o piloto o roteiro, todas as observações da planilha, seja de roteiro ou perigo", explica Youssef Haddad, parceiro de Guiga Spinelli na equipe Mitsubishi Petrobras e bicampeão do Rally dos Sertões ao lado do piloto.

Veterano, o navegador falou da importância dentro da equipe e explicou o porque ela é fundamental para colocar carro e piloto no limite das capacidades. "Cada dupla tem particularidades. Eu e o Guiga dividimos de uma forma que o Guiga fica focado simplesmente na prova. Toda a parte de monitoramento do carro, todo o painel de instrumentos, está para mim. O próprio ditar o ritmo, se estamos muito lentos ou rápidos, eu que faço de dentro do carro, e consigo de uma forma deixar o Guiga focado na pilotagem", contou.

Membro da equipe com mais vitórias nas etapas da edição de 2014 do Sertões, Gustavo Gugelmin ampliou a explicação dada por Youssef. Segundo o navegador do Divino Fogão Rally Team, cada dupla tem uma divisão de funções diferente, que combine melhor com as habilidades de cada um dos membros.

Gustavo Gugelmin afirma que a confiança com o colega de equipe é fundamental entre piloto e navegador
Gustavo Gugelmin afirma que a confiança com o colega de equipe é fundamental entre piloto e navegador
Foto: Divulgação

"Não adianta ter um excelente piloto e um mau navegador que não funciona. Os dois tem que somar. Tanto na decisão estratégica da prova, quantos litros de combustível, sentir o carro, suspensão, os dois têm que entender de mecânica. Na verdade você tem que casar duas pessoas com o mesmo interesse que também pensem parecido e bolem estratégias complementares. Isso que faz uma dupla", argumentou o parceiro do veterano Reinaldo Varela.

Muito mais do que um segundo olho do piloto, o navegador é uma figura crucial para situações como a maratona, quando a dupla deve resolver os problemas mecânicos do veículo para a prova do dia seguinte. Esta é uma das especialidades de Youssef Haddad, que faz de tudo para deixar o colega de time se concentrar somente em pilotar o carro.

"Toda a parte de monitoramento do carro, todo o painel de instrumentos está para mim. O próprio ditar o ritmo, se estamos muito lentos ou rápidos, eu que faço de dentro do carro, e eu consigo de uma forma deixar o Guiga focado na pilotagem", avaliou o navegador.

Fundamentais, os navegadores necessitam de uma boa química com os pilotos para que a dupla dê certo. Para a comunicação dentro do carro ser positiva à equipe, os dois precisam desenvolver uma relação de confiança para que um consiga tirar o melhor do outro nas provas. Para isso, o navegador necessita estudar bem o trajeto que o carro passará nas etapas diárias de um rali.

Mesmo com tamanha importância, os navegadores não recebem o destaque merecido e sequer são uma função conhecida em certos casos. Para Gugelmin, se as pessoas fossem melhor informadas a respeito desta posição, a opinião geral seria outra. "É por falta de conhecimento. O pessoal não sabe o que faz o navegador, mas para quem está no meio, acompanha de perto, sabe que é tão importante quanto o piloto", garantiu.

Youssef, por sua vez, acredita que a forma com que o esporte é apresentado ao público resulta em uma exposição muito maior do piloto do que do navegador. Na sua opinião, os times deveriam ser apresentados em primeiro lugar, não as individualidades.

"Para fora do rali, se usa muito só o nome do piloto. Dentro dele, para as equipes a valorização é muito igual, em função da importância entre piloto e navegador. Eu até brinco que o correto seria não ter o nome da dupla, mas nomes de equipes. Tanto o piloto quanto o navegador são partes de uma equipe que, somadas, tem um resultado. Não deveria levar o nome do piloto e navegador, mas o da equipe. É uma questão cultural que não vai mudar", concluiu o parceiro de Guiga Spinelli.

*O repórter viajou a convite do Rally dos Sertões

Fonte: Terra
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