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Sertões: maratona tem polêmica entre carros e UTVs

Possível jogo de equipe por parte de dupla do UTV irrita líderes dos carros

29 ago 2014 - 01h19
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Sem freios, Rodrigo Varela e João Henrique Arena não deram passagem para Spinelli/Youssef
Sem freios, Rodrigo Varela e João Henrique Arena não deram passagem para Spinelli/Youssef
Foto: Donizetti Castilho / DFotos/Divulgação

A quinta etapa do Rally dos Sertões 2014, disputada nesta quinta-feira com saída de Paracatu e destino Diamantina, foi a mais polêmica da disputa até o momento. Na esperada maratona, o carro da equipe Mitsubishi Petrobras, do piloto Guiga Spinelli e navegador Youssef Haddad, terminou com o terceiro melhor tempo e viu seus principais adversários se aproximarem no resultado geral.

Apesar da corrida ter ocorrido sem problemas para a dupla, que tinha como estratégia de tentar seguir no mesmo ritmo do segundo e terceiro colocados, Guiga e Youssef se depararam com um UTV que não deu abertura para ultrapassagem nos últimos 20 km, trecho valioso que, na opinião do piloto, deixou o time em uma posição mais delicada para as duas etapas derradeiras do rali.

"O dia foi dentro do planejado, largamos uma posição atrás do (Reinaldo) Varela e a ideia era ir controlando a diferença de tempo entre a gente. Foi o que fizemos, tivemos 315 km em torno de 30 segundos atrás dele. Até faltar 21 km, onde a gente passou a ser bem atrapalhado por um UTV que estava bem mais lento do que o normal e não conseguíamos passar de forma alguma, mesmo pedindo pelo rádio e apertando o aparelho de ultrapassagem", explicou Guiga.

O UTV em questão era o pilotado por Rodrigo Varela, filho de Reinaldo, e sua dupla, o navegador João Henrique Arena. Após iniciarem o dia como um dos principais candidatos ao título da categoria mais nova do Sertões, os jovens do Divino Fogão Rally Team não tiveram uma tarde de sorte. Depois de notarem que o principais adversários pela ponta, José Hélio e Edmilson Camargo, haviam quebrado e deixado a liderança livre, Varela e Arena abusaram da velocidade e rasgaram o pneu.

O dia de azar não parou por aí. Depois de perder tempo trocando o pneu e ser ultrapassada por outros UTVs, a dupla encontrou mais dificuldades pela frente. "Ficamos na poeira, errei uma navegação, perdemos um tempo considerável. Entramos no trial tentando recuperar de novo, perdemos o freio, estourou a mangueira. Então andamos 200 km sem freio", relatou João Henrique Arena.

Pilotando com cautela por causa do problema sério no freio, Rodrigo Varela não acelerou tudo que podia com o veículo em uma maratona considerada complicada por ele. Segundo o piloto, até a metade da prova o veículo estava com a comunicação por rádio funcionando, mas esta desapareceu na parte final da especial. Este problema foi apontado por Rodrigo como o motivo para ele não dar passagem ao carro da Mitsubishi Petrobras.

"Atrapalhei o Guiga no final por causa dessa falha de comunicação. Não só ele como meu pai também. No momento que meu pai estava me ultrapassando eu estava tentando passar um quadriciclo sem freio, para mim estava muito difícil. Quando o fiscal parou o quadriciclo eu comemorei, mas não sabia que era o carro que estava atrás e eles queriam me parar também", relatou o piloto.

João Henrique Arena admitiu a desatenção da dupla em um momento crítico da competição. O navegador creditou os problemas causados a Guiga e Youssef ao cansaço de um dia ruim e uma noite anterior longa ajustando o UTV. Apesar da infeliz coincidência, ele agirmou que não houve intenção de prejudicar outra categoria.

Apesar dos problemas, dupla Spinelli/Youssef segue na liderança dos carros
Apesar dos problemas, dupla Spinelli/Youssef segue na liderança dos carros
Foto: Ricardo Leizer / Webventure/Divulgação

"Não foi por querer, como parece, que a gente ficou segurando o Guiga. Na chegada, a gente sem freio para parar, ficou fazendo ziguezague com o UTV, o que só aumentava a poeira e dava a entender que estava fazendo isso para eles", lamentou o navegador.

Embora a dupla do UTV tenha pedido desculpas, Guiga Spinelli não engoliu a explicação, mas também cobrou da organização do Rally dos Sertões que deveria ter sido tomada na hora.

"Uma vez que ele já tinha parado para o pai passar, segundo ele através de uma sinalização da organização, a organização deveria ter feito o mesmo para gente, o que não foi feito", argumentou o piloto. Para ele, a situação controversa desta quinta-feira serve de motivação para fechar o rali com chave de ouro no que seria o seu quinto título da competição.

"O carro está excelente, terminamos o dia com ele em perfeitas condições. Vamos administrar essa vantagem de quatro minutos e levar o caneco lá em Belo Horizonte. Faltam dois dias, especiais difíceis, mas vamos tentar ao máximo administrar essa liderança agora com mais vontade ainda", disse Guiga, que não compareceu ao briefing do fim do dia, onde a organização prestou esclarecimentos sobre o caso.

Nas duas reuniões realizadas nesta quinta-feira com os competidores, Marcos Moraes, presidente da Dunas Racing - empresa encarregada pelo evento -, abordou o ocorrido e citou ele como uma questão a ser ajustada no futuro do Sertões.

"Eu efetivamente estou preocupado com essa situação, porque temos várias acontecendo ao mesmo tempo. O futuro do UTV, se continuar com essa demanda, vamos fazer o mesmo esquema do caminhão", avaliou Marcos, citando a quilometragem distinta das provas com caminhões, medida adotada para não haver conflitos de categorias.

*O repórter viajou a convite do Rally dos Sertões

Fonte: Terra
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