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Gestão transparente é arma do Bahia na conquista do Baiano

14 abr 2014 - 08h00
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<p>Fernando Schmidt comemorou quinto título como presidente do Bahia</p>
Fernando Schmidt comemorou quinto título como presidente do Bahia
Foto: Reprodução / Reprodução

O Bahia contratou o técnico Marquinhos Santos e o diretor de futebol William Machado, este último já deixou o cargo, em dezembro de 2013, pensando no ano seguinte. Quatro meses depois, a equipe conquistou o título do Campeonato Baiano de 2014 neste domingo, 13 de abril. Porém, dentro do clube, há defensores de que o trabalho que levou a equipe tricolor ao 45º título estadual de sua história começou não neste ponto, mas alguns meses antes.

Para a atual diretoria, encabeçada pelo presidente Fernando Schmidt, pessoas ligadas ao clube e mesmo para atletas, como o goleiro Marcelo Lomba, capitão da equipe, o trabalho realizado no sentido de democratizar as ações do clube e torná-las mais transparentes tem refletido dentro de campo e culminaram na primeira taça conquistada pelo clube desde que uma nova presidência e um novo conselho deliberativo foram eleitos.

Em julho de 2013, Marcelo Guimarães Filho foi destituído da presidência do clube e um processo de intervenção judicial, para a reforma do estatuto e promoção de eleições diretas, comandado pelo advogado Carlos Rátis, durou dois meses. Neste período, também foram iniciados o processo de associação em massa dos sócios e a instauração de mecanismos de auditoria constante nas contas e processos administrativos do clube, visando mais transparência.

Em setembro, foram realizadas eleições e o político Fernando Schmidt foi eleito, com 67% dos votos, dando continuidade às ações de um movimento que veio a ser chamado pelo grupo que venceu as eleições de "Novo Bahia" ou "Democracia Tricolor". O momento de democratização do clube teve apoio quase que total dos sócios do clube – 99% dos 3089 votantes, à época, optaram pelas eleições diretas. Hoje, o Bahia é o 9º time do Brasil com o maior número de sócios, com 24.580 associados, e o momento de renovação do clube ganha, também, defensores no próprio elenco de jogadores.

Durante a semana, em uma coletiva antes do jogo, Marcelo Lomba não teve meias palavras. Para ele, o momento atual do Bahia é importante na história do clube, pela forma como a diretoria tem trabalhado.

"É um momento importante na história do Bahia. A diretoria está jogando junto com a gente. Dentro desse processo, existe uma mobilização com os torcedores virando sócios. Isso chega para a gente. Essa associação em massa. Isso cria uma expectativa em nós jogadores", declarou o capitão antes do jogo decisivo deste domingo.

Após a conquista do título baiano, Lomba voltou a citar a mudança de ares na condução do clube como um fator importante para que o Bahia alcançasse o seu primeiro objetivo em 2014.

"Nosso grupo é muito forte, muito unido. É um Bahia que vem se modernizando, que tem uma administração aberta com os jogadores. O prêmio é da torcida, e esse título é também dos funcionários do clube, que contribuíram para que o clube atingisse esse objetivo", comentou.

As seguidas manifestações de apoio do capitão do Bahia à gestão que foi eleita em setembro são recebidas pelo presidente do clube com prazer. Para Fernando Schmidt, as declarações, vindas de um jogador, mostram que o trabalho da diretoria tem sido bem realizado. Segundo o mandatário do Bahia, o pagamento dos salários em dia é um fator obrigatório para os clubes e também ajuda a deixar os jogadores motivados.

"Essa é a maior novidade. Se eu disser isso é uma coisa normal. Lomba dizer isso mostra que não é um sentimento apenas dos diretores e conselheiros do clube, mas um sentimento dos atletas também. Eles sentiram isso. Vi dirigentes de outros clubes dizerem: 'ah, jogador tem que jogar com salário atrasado, porque se esforça mais e joga melhor, para ter o salário em dia'. Não! É obrigação dos clubes pagar os salários de todos os funcionários e atletas em dia. E estamos fazendo isso", disparou.

Quem também esteve presente ao estádio de Pituaçu para os festejos pelo título baiano foi o interventor Carlos Rátis. Rátis, que é torcedor do Atlético-MG, declarou-se como "novo torcedor" do Bahia durante o seu período à frente do clube, e, na gestão de Schmidt, acabou sendo aclamado como sócio grande benemérito do clube. Sobre a atual situação do clube, o advogado tem uma visão semelhante às de Marcelo Lomba e de Fernando Schmidt. Para ele, as ações que foram implantadas para tentar resolver os problemas econômicos do clube também tem um reflexo dentro de campo, pois transmitem mais organização para todos os funcionários do Bahia.

"Há um conjunto de setores que vem acompanhando o trabalho feito no Bahia. Os conselheiros se reúnem regularmente. E, como estamos percebendo, essa ascensão do clube não acontece apenas nos processos administrativos e no saneamento dos problemas, que são muitos, mas também dentro de campo. É indiscutível que quando você está diante de um clube que passa a informar tudo o que está acontecendo, com planejamento, isso dá mais segurança aos profissionais e aos funcionários do clube de maneira geral", disse.

Voz dissonante, Fernando Schmidt bate de frente com CBF

Fernando Schmidt foi presidente do Bahia entre 1976 e 1979, quando conquistou quatro títulos estaduais. Desde que deixou a dirigência do clube, se ocupou da vida política e voltou, de fato, ao futebol, quando se tornou o primeiro presidente do Bahia a ser eleito de forma direta pelos sócios, no ano passado. De lá para cá, Schmidt tem defendido alguns pontos de vista incomuns entre os cartolas do futebol brasileiro. O gestor não poupa críticas à CBF e já se declarou integralmente a favor das propostas do Bom Senso FC, movimento organizado por jogadores de futebol para rediscutir a modalidade como produto.

Sabe-se que o presidente da CBF, José Maria Marin, e a presidente Dilma Rousseff não tem a melhor das relações e que tem opções políticas opostas. Como aliado da presidenta, Schmidt, que é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e foi ministro no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, além de secretário de estado do governador Jaques Wagner, não deixa de criticar a atual gestão do futebol brasileiro. Em entrevista concedida a Bob Fernandes, do Terra Magazine, no mês de março, deixou claro o seu descontentamento com os rumos da modalidade no país.

"Hoje, no futebol brasileiro, o que há é uma bagunça. Vários atores mexendo em tudo ao mesmo tempo, e não há confluência para um mesmo objetivo. A Globo mexe, a CBF mexe, as federações, o Bom Senso, os ministérios, as arenas… uma bagunça, sem clareza de objetivo, pelo menos objetivos que interessem a todos, que façam o futebol brasileiro mudar. O Bahia, por exemplo, fez 8 jogos em 24 dias no início da temporada, depois de voltar das férias. Assim, quem treina o quê? Isso em relação ao calendário, e tem o fair play financeiro, os dirigentes, federações… não é mais possível dirigentes se eternizando, em lugar nenhum, nem em clube nem em federação e, ao final, sempre a mesma coisa", declarou.

Após o título do Bahia, neste domingo, o presidente do Bahia voltou a atacar a CBF e criticou as eleições para presidente da entidade, que acontecem nesta quarta, 16 de abril, no Rio de Janeiro. Schmidt comparou o pleito, cujos votantes serão os 20 clubes da primeira divisão do futebol brasileiro e as 27 federações, à assembleia geral que definiu a presidência do Bahia. Para Schmidt, o trabalho de democratização que acontece no Bahia está longe de acontecer na entidade máxima do futebol nacional.

"Tenho certeza que esse resultado (o título do Bahia, sob nova gestão) terá repercussão fora do estado, em um momento em que se discute a reformulação do futebol brasileiro. Dia 16 teremos eleição na CBF e apenas 47 pessoas irão eleger o novo presidente. Temos apenas um candidato. Frente aos novos paradigmas do futebol brasileiro, que tentamos implantar aqui, isso não pode continuar. Lutei pela restauração da democracia no país pela minha vida inteira. Fui preso por causa disso, respondi a processos e sou anistiado. A democracia corre no meu sangue. Mas a democracia não é uma coisa que você constrói e no dia seguinte está pronta e não tem mais perturbação. É um trabalho constante e vamos prosseguir, aperfeiçoando-o cada vez mais. Mas não pode ser um trabalho apenas do Bahia, tem de ser de todo o futebol brasileiro", atacou.

Fonte: Paço Virtual - Comunicação, Consultoria e Projetos LTDA - ME - Especial para o Terra Paço Virtual - Comunicação, Consultoria e Projetos LTDA - ME - Especial para o Terra
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