/images.terra.com/2015/05/21/santos.png "Logo do Santos")
Torcida pressiona, picha muro e Ganso teme "saída orquestrada"
- Klaus Richmond
- Direto de Santos
A noite de protestos direcionados a Paulo Henrique Ganso não terminou na Vila Belmiro após a derrota por 3 a 1 contra o Bahia, nesta quarta-feira. Depois de deixar o campo sob chuva de moedas e ser chamado de mercenário, o meia ainda foi alvo de parte da torcida no CT Rei Pelé, onde retornou para pegar o seu carro. Ganso necessitou de reforço na segurança para deixar o local e já passa a temer possível "saída orquestrada" do Santos.
» Confira como está o mercado da bola no Brasil
"É difícil falar a verdade, é difícil ouvir isso. O estádio inteiro vaiou o time por causa da derrota e vocês podem ver que é só uma parte da torcida que está falando isso contra mim", afirmou o meia.
O Terra apurou que o jogador ficou bastante assustado com a presença da torcida e reclamou a pessoas próximas que se sentia desprotegido pela atual diretoria.
Após deixar o CT, os torcedores picharam os muros exigindo a sua saída com a frase "Fora, Ganso". Os dizeres foram repetidos em quatro pontos diferentes no local, em um deles acompanhado de um cifrão, alusivo ao termo "mercenário", utilizado para ofendê-lo no jogo diante do Bahia.
Ganso respondeu as vaias e aos gritos direcionados alegando ter o menor salário entre os titulares. O meia passa a acreditar agora ser vítima de "saída orquestrada" iniciada por nota oficial e declarações que entende que o jogaram contra a torcida.
Neymar, principal parceiro do camisa 10, pediu pelo fim da novela e Muricy garantiu que não virará as costas ao atleta. Esse é o segundo jogo seguido marcado por protesto direcionado, iniciado no clássico contra o Palmeiras, no último sábado, quando a torcida pediu "mais respeito" para com o clube.
O Santos aguarda nova investida do São Paulo e nomeou dois membros do seu comitê gestor para tratar de novas negociações: Álvaro de Souza e José Berenguer. O clube rival já teve rejeitada uma oferta de cerca de R$ 11 milhões por 45% de Ganso na última terça-feira.
De camisa 10 ideal a meia contestado
Ganso, revelado nas categorias de base do Santos, começou no clube em 2008, junto a Neymar, a maior estrela do time na atualidade. Desde que chegou ao time profissional, a carreira de Ganso se revezou em sobes e desces. Nos primeiros anos, o jogador conquistou críticos e torcedores não apenas por ser uma das maiores promessas do futebol do Brasil, mas por ter surgido como protótipo do camisa 10 criativo e pensador, em falta nos últimos anos.
A trajetória de Ganso - que parecia traçar uma ascensão meteórica rumo ao estrelato nos principais gramados do mundo - teve, porém, um baque grande em 2010. No meio daquela temporada, o jogador sofreu grave lesão no ligamento cruzado de seu joelho.
A lesão deixou Ganso fora dos gramados por seis meses e comprometeu a sequência da carreira no Santos do jogador, que não conseguiu manter o nível de seu futebol e perdeu prestígio com a torcida.
A volta ao clube veio durante a Copa Libertadores de 2011, mas nem a conquista do título continental fez com que o meia retornasse a seus melhores dias no Santos. À sombra de Neymar, que se consolidava como grande ídolo e craque do Brasil, Ganso perdeu espaço na mídia e também na Seleção Brasileira. De camisa 10 incontestável, o jogador passou a opção para o meio-campo.
No time olímpico de Mano Menezes, que ficou com a prata na Olimpíada de Londres, o meia Oscar, do Internacional, vestiu a camisa 10 da equipe, a qual, há poucos anos, era reservada para o jogador santista.
Logo após a Olimpíada, intensificaram-se os boatos sobre uma possível saída do Santos. E o destino mais provável para Ganso se tornou o São Paulo, que estaria disposto em buscar na Vila Belmiro um substituto à altura para Lucas, negociado com o Paris Saint-Germain, e teria até feito uma proposta por parte dos direitos de Paulo Henrique. O meia tem contrato com a equipe praiana até fevereiro de 2015.
