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Após dispensas, Nenê vive chance de acabar com estigma de "traidor da pátria"

28 ago 2014 - 15h17
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Após despontar no Vasco como grande promessa do basquete nacional e se tornar o primeiro jogador do país a se destacar na NBA, Nenê tem no Mundial da Espanha, que começa no próximo sábado, sua maior chance de conquistar a torcida brasileira, que não esconde a decepção com os pedidos de dispensa do pivô em competições nas quais defenderia a seleção.

Essa frustração chegou ao ápice no ano passado. Na primeira vez que o Brasil recebeu uma partida - de pré-temporada - da liga americana, Nenê, do Washington Wizards, recebeu uma estrondosa vaia em um discurso no centro da quadra, antes de a bola subir. E continuou a ser hostilizado em cada lance em que foi acionado no duelo com o Chicago Bulls, no Rio de Janeiro. O pivô também não foi poupado por Oscar Schmidt, que estava presente no ginásio e disse concordar com as vaias.

"Se você recusa a seleção brasileira, você está recusando o seu país. Não venha me falar do meu país. No mês passado, (Nenê) não veio jogar pela sua seleção, e vem jogar pré-temporada da NBA aqui, não é nem jogo oficial", disparou o 'Mão Santa' na ocasião.

Poucos dias antes, sem Nenê e outras estrelas, o Brasil deu vexame na Copa América e não conquistou uma vaga direta no Mundial. A seleção só vai participar do torneio por ter recebido um convite da federação internacional de basquete (Fiba).

Após a partida no Rio, em entrevista coletiva, Nenê se defendeu, alegando que pediu dispensas por causa de lesões e de um câncer no testículo direito (em 2008).

De fato, alguns desses problemas o afastaram de vários jogos da NBA - até mesmo de uma temporada inteira, como a de 2005/2006, quando sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito na primeira partida do time. Em fevereiro deste ano, teve um estiramento no ligamento colateral medial de seu joelho esquerdo, mas se recuperou a tempo de disputar, agora, o primeiro Mundial de sua carreira.

Mas na última edição do torneio, em 2010, Nenê foi cortado dois dias antes da estreia devido a uma lesão muscular. Em 2006, o mesmo problema que o havia tirado da temporada da NBA no fim do ano anterior foi a razão para a ausência. No ano em que foi 'draftado' para jogar na liga americana, 2002, o pivô não foi ao Mundial porque sua equipe exigiu que ele participasse dos treinos de pré-temporada.

Das 20 competições oficiais que o Brasil disputou desde que Nenê foi para a NBA, o pivô esteve em dois Pré-Olímpicos (2003 e 2007) e nos Jogos Olímpicos de Londres (2012), nos quais não brilhou como esperado. Paralelamente, quando defendia o Denver Nuggets (entre 2002 e 2012) ou seu atual time, o Washington Wizards, figurava entre os melhores de sua posição na elite do basquete americano.

Sétimo escolhido na primeira rodada do draft de 2002, Nenê tem números de respeito na NBA. Participou de dois desafios de estreantes contra jogadores de segundo ano no All-Star Game, esteve entre os primeiros colocados em aproveitamento de arremessos de quadra e tem médias na carreira de 12,6 pontos e 6,8 rebotes, sendo 14,2 e 5,5, respectivamente, na última temporada.

Aos 31 anos, o gigante de 2m11 garantiu seu nome entre os melhores jogadores da história do basquete brasileiro mesmo jogando pouco pela seleção. Desta vez, será um dos líderes do experiente elenco dirigido pelo argentino Ruben Magnano, e caso leve o Brasil de volta a um pódio de Mundial após 36 anos (desde a edição de 1978, nas Filipinas), poderá pôr a cereja no topo do bolo de sua carreira e acabar com o estigma de "traidor da pátria".

EFE   
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