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Campeão da NBA sente evolução de Splitter e pede ação contra racista

1 ago 2014 - 20h47
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O título da NBA conquistado pelo San Antonio Spurs sobre o Miami Heat foi marcado pelo jogo coletivo. Para não sobrecarregar os já veteranos Tim Duncan, Tony Parker e Manu Ginóbili, o time dividiu suas ações em quadra e contou com boas participações de atletas menos badalados como o armador Danny Green.

O jogador norte-americano, de bom aproveitamento em arremessos de longa distância, teve média de 9,1 pontos, 3,4 rebotes e 1,5 assistências na temporada em que os Spurs conseguiram a revanche sobre o Heat e conquistaram o título da NBA depois da virada sofrida na final da edição anterior da liga.

Outro jogador importante para a conquista da franquia do Texas foi o pivô brasileiro Tiago Splitter, como Green contou nesta entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.net. Mesmo cansado pela viagem, atrasada por um problema no avião, e por participar de um evento com mais de 2 mil crianças na Grande São Paulo, o armador falou tão rapidamente quanto distribui o jogo a seus companheiros de Spurs.

Além de elogiar Splitter e Anderson Varejão, este seu companheiro por uma temporada no Cleveland Cavaliers, Green pediu punição a Donald Sterling, dono dos Los Angeles Clippers envolvido em casos de racismo nos Estados Unidos, e elogiou as iniciativas da NBA para promover a liga fora dos país.

Gazeta Esportiva: O San Antonio Spurs é um time com jogadores de diferentes nacionalidades: Itália, França, Argentina, Brasil, Sérvia, Austrália, Canadá e Estados Unidos. Como é conviver nesse grupo?

Danny Green: É algo que faz o time ser único, é ótimo. E todos eles sabem jogar basquete, são ótimas pessoas fora da quadra e também dentro, sabem como se joga. Eu aprendo muitas línguas e culturas diferentes e muitas coisas que eles conhecem e cresceram fazendo. Nós somos muito diferentes, mas ao mesmo tempo somos iguais. Jogamos basquete e temos um ritmo muito bom.

Gazeta Esportiva: Você disse que aprende diversas línguas ao mesmo tempo. Você aprendeu alguma coisa de português com o Tiago Splitter?

Danny Green: 

Nada, apenas a falar oi e obrigado. Aprendi mais espanhol do que qualquer coisa, um pouquinho de francês. Não são tantos idiomas assim.

Gazeta Esportiva: Qual é a importância do Tiago Splitter para os Spurs?

Danny Green:

Ele é muito importante, faz muitas coisas para nós que não aparecem nas estatísticas: atua bem na defesa, faz bons bloqueios, é muito bom nos rebotes. E agora começou a ter um bom jogo à meia distância. Ele também consegue faltas e faz muitas coisas que assim nós não precisamos fazer. Está ficando melhor a cada ano.

Gazeta Esportiva: Como é a relação de vocês? São amigos?

Danny Green:

Sim, somos bons amigos. Espero encontrá-lo e passar um tempo com ele aqui no Brasil.

Gazeta Esportiva: Ele parece ser uma pessoa mais reservada. Como é na intimidade? É mais contido mesmo ou às vezes faz brincadeiras?

Danny Green:

Ah, sim. Ele é quieto, mas sai de sua concha quando está se divertindo com a gente. Por isso mal espero para encontrá-lo aqui.

Gazeta Esportiva: Você também jogou com o Anderson Varejão no Cleveland Cavaliers. Como era sua relação com ele?

Danny Green:

Andy é um grande cara, muito parecido com o Tiago. Fala um pouco mais, mas também é calmo. Está ficando mais velho agora. É um grande jogador, faz todas as pequenas coisas e era um dos meus favoritos lá em Cleveland. Os dois são ótimos.

Gazeta Esportiva: Todo mundo parece gostar do Varejão. O LeBron James sempre fala que é um dos companheiros favoritos dele. Você sabe por quê?

Danny Green:

Ele é muito legal, é uma boa pessoa. É muito fácil se dar bem com ele, é um cara divertido. Está mais calmo agora que é mais velho, mas ele e Tiago são duas pessoas muito boas, antes de tudo. Além disso, são grandes jogadores e ótimos caras para se ter junto.

Gazeta Esportiva: Você chegou a jogar com o LeBron em Cleveland. Ficou feliz com o retorno dele ao time que te selecionou para a NBA?

Danny Green: Eles me escolheram no draft, então temos uma história. Agora o LeBron está voltando para casa, ele irá reconstruir o time. Fará a Conferência Leste ficar mais equilibrada. Estou feliz por ele, mas ao mesmo tempo preciso manter o foco nos Spurs. Temos muitos times bons no Oeste.

Gazeta Esportiva: Você acha que o Cleveland Cavaliers pode ser candidato ao título da NBA já este ano?

Danny Green: Com certeza. Todos os times do Leste podem se candidatar ao título agora. O New York Knicks tem Carmelo Anthony, o Cleveland tem o LeBron, no Chicago Bulls o Derrick Rose está voltando depois de lesão, o Miami Heat só perdeu o LeBron (Chris Bosh e Dwyane Wade renovaram seus contratos). Todos estes times são grandes candidatos. Mas também há o Washington Wizards, Charlotte Hornets. Está muito equilibrado, realmente acho que todos podem lutar para chegar às finais.

Gazeta Esportiva: Os últimos playoffs da NBA foram marcados pela polêmica de racismo envolvendo o Donald Sterling no Los Angeles Clippers. Qual é a sua opinião sobre o assunto?

Danny Green:

Nós, jogadores, conversamos. Queríamos ele fora do comando do time. Obviamente essa é uma coisa que não queremos, não só na nossa liga, mas no esporte de forma geral. A NBA precisa fazer algo e acho que está dando os passos na direção correta para lidar com isso e proporcionar uma liga melhor para nós.

Gazeta Esportiva: Chris Paul e Doc Rivers, estrela e técnico dos Clippers, respectivamente, estão fazendo pressão pela venda da equipe e até cogitam um boicote. Você concorda com essa postura?

Danny Green:

Nós só saberemos quando acontecer. Mas também, se chegou a esse ponto, talvez seja necessário para fazermos a liga ser como queremos.

Gazeta Esportiva: A NBA aproveitou para fazer um tour da taça de campeão por diferentes países e te trouxe até o Brasil. O que você acha dessas iniciativas para deixar a liga mais popular em outros luagres?

Danny Green: É ótimo. Ter jogadores viajando o mundo e interagindo com crianças faz com que elas se envolvam mais no esporte. Obviamente o futebol é muito grande aqui, estamos tentando fazer o basquete ficar um pouco maior em outros países para que as crianças queiram jogar e acompanhar partidas. Com caras da NBA fazendo isso, além do troféu, é divertido e muito rico. E eles podem ver que é algo real para um dia quererem fazer isso também.

JOGADOR ACOMPANHOU A COPA EM MEIO A VIAGENS E NOTÍCIAS DA NBA

País que mais comprou ingressos para a Copa do Mundo depois do Brasil, os Estados Unidos acompanharam com relativa atenção o evento futebolístico. Até mesmo pessoas que não são fãs do esporte dedicaram tempo a ver alguns jogos, como Danny Green.

"Não foi tão popular como aqui no Brasil, vimos um pouco. É bom, pelo ponto de vista de um fã de esporte, ter pessoas se juntando e interagindo por um jogo. Mas não é tão grande quanto aqui. É divertido de ver, assisti a alguns jogos, mas estava viajando e muito ocupado", explicou o campeão da NBA pelo San Antonio Spurs.

Comandada pelo técnico alemão Jurgen Klinsmann, a seleção dos Estados Unidos chegou às oitavas de final do Mundial-2014, perdendo na prorrogação para a Bélgica por 2 a 1. O time estava no Grupo G, ao lado de Alemanha, Portugal e Gana, e conseguiu avançar na segunda posição da chave com quatro pontos, levando vantagem nos critérios de desempate sobre a equipe de Cristiano Ronaldo.

"Tento acompanhar o máximo possível de esportes pela TV, mas havia muita coisa acontecendo com o período de agentes livres na NBA", disse o armador.

Gazeta Esportiva: Você já jogou alguma vez fora dos Estados Unidos?

Danny Green: 

Joguei no exterior durante o locaute da NBA, fui para Eslovênia. Então entendo um pouco do basquete europeu.

Gazeta Esportiva: Muita gente fala que o jogo coletivo dos Spurs foi fundamental para o título. O quão importante é esse estilo de jogo, mais comum em times da Europa, para o sucesso do time?

Danny Green:

Isso é muito importante, tenho certeza que muitos times tentarão imitar esse tipo de sistema mais frequentemente agora, de dividir e movimentar a bola, porque eles viram como jogamos bem contra o Miami Heat nas finais, o que nem todo mundo consegue. Outros times podem ter sucesso sem grandes estrelas porque eles sabem que precisam trocar a bola, viram que isso funciona. É um jeito de jogar e muitos times vão tentar se aproveitar disso.

Gazeta Esportiva: O Mundial da Espanha será realizado no final de agosto. Você esperava ser convocado para o time norte-americano?

Danny Green:

Infelizmente não fui chamado, mas espero que um dia possa jogar pelos Estados Unidos. Vou continuar trabalhando e essa é uma das minhas metas.

Gazeta Esportiva: Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, quem sabe?

Danny Green:

Espero que sim, mas tenho que ser convocado. Até lá preciso continuar trabalhando e me tornar um jogador melhor.

Gazeta Esportiva: Seu amigo Tiago Splitter vai defender o Brasil. A equipe caiu na mesma chave de França e Espanha. Acha que a Seleção pode ter sucesso?

Danny Green:

Com Tiago e Andy, que são ótimos jogadores, acho que o Brasil tem uma boa chance. Com o potencial que tem e com os jogadores mais jovens ficando melhores, pode ser muito efetivo.

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