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Conheça o treinador que pode levar "supertime" do Sport ao título da LBF

22 mar 2013 - 07h00
(atualizado às 09h03)
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<p>Roberto Dornelas &eacute; o comandante do Sport na LBF</p>
Roberto Dornelas é o comandante do Sport na LBF
Foto: Eduardo Amorim / Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra

Nas semifinais da Liga de Basquete Feminino 2013, o Sport Recife venceu a primeira partida e pode garantir a vaga na final caso vença novamente o São José, neste sábado, a partir das 10h, na Ilha do Retiro. Para isso, o técnico Roberto Dornelas deve contar com sua força máxima dentro de quadra e "a única preocupação é a Alessandra, que machucou o pé e está fazendo tratamento intensivo, não está podendo fazer corrida, mas até agora não seria problema pra esse jogo de sábado". Mas essa é apenas a primeira etapa de um sonho do treinador, que pela segunda vez monta uma equipe de alto nível na capital pernambucana.

Este é um momento muito importante para a equipe montada por Dornelas, que quer chegar à final da LBF e vê nisso uma grande chance de ganhar visibilidade e garantir a continuidade do time no Recife. O grupo vem trabalhando desde setembro do ano passado, tem atletas com experiência na Seleção Brasileira, mas ainda não conta com um patrocinador máster e deve participar do Campeonato Paulista para continuar atuando em alto nível.

A segunda partida contra o São José será um teste também para a torcida das Leoas, que deve lotar o pequeno ginásio da Ilha do Retiro e já é considerada fator fundamental para desequilibrar - especialmente numa possível final contra o bicampeão Americana. Afinal, se para as meninas o foco é todo na partida de sábado, é inevitável lembrar que nas três vezes que Sport e São José se enfrentaram nesta temporada, o time pernambucano saiu de quadra vencedor.

No amistoso realizado em dezembro de 2012, o Sport ganhou por 75 a 63. Já pela primeira fase da Liga, as rubro-negras fizeram 60 a 44. E na primeira semifinal, o time começou mal, mas conseguiu reagir e fechar em 73 a 58, com a pivô Érika marcando 21 pontos e sendo a cestinha do jogo.

"Não vamos ganhar com uma ou duas jogadores. Vamos ganhar com todo mundo jogando, participando, entrando forte na quadra, quem entra muda o jogo, muda o ritmo, marca aquela que estava pontuando. Porque a gente está ganhando no grupo. Lógico que temos jogadoras de nome, mas estamos ganhando no grupo. Se pegar todos os jogos, o mínimo que utilizamos em quadra foram nove jogadoras. Então, de doze sempre usar nove demonstra que é um grupo muito forte", explica o treinador, sem querer jogar responsabilidade para uma atleta expecificamente.

<p>Sport tenta vaga na decis&atilde;o da liga feminina de basquete</p>
Sport tenta vaga na decisão da liga feminina de basquete
Foto: Eduardo Amorim / Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra

Além de jogadoras conhecidas por suas passagens pela Seleção Brasileira, como Adrianinha, Vanessa Gattei, Francielle, Palmira, Alessandra e Érika, o time do Sport conta com a americana Alex Montgomery. Duas jogadoras tiveram passagem pelo time rubro-negro formado em 2005, Luciana e Fabi, e outras atletas ainda estão ganhando mais experiência como a xodó da torcida, Mô, Laís e Viviane.

Além do elenco, no entanto, Dornelas faz questão de ressaltar a importância da equipe multidisciplinar que faz parte da comissão técnica e do apoio de setores como a fisiologia do futebol do Sport. O segundo jogo da semifinal da Liga está marcado para este sábado (23), às 10h. Caso seja necessária, a terceira partida será na segunda-feira (25), às 19h, também na Ilha do Retiro.

Conheça mais do treinador que é responsável pela montagem desse time de estrelas do basquete feminino do Sport Recife na entrevista realizada pela reportagem do Terra.

Terra - Como o time do Sport chega para a segunda partida contra o São José e uma possível final contra Maranhão ou Americana. Todas estão em condições de atuar, em forma física perfeita?

Dornelas -

 A gente pretende utilizar todas as jogadoras. Hoje, a única preocupação é a Alê, que machucou o pé e está fazendo tratamento intensivo, não está podendo fazer corrida, mas até agora não seria problema pra esse jogo de sábado. Pretendemos entrar em força total, mas hoje ainda estamos com Alessandra em stand by. Mas pelo que o médico vem falando pra mim, eu acredito que ela não será problema também não. Então, vamos com a equipe inteira e focada.

O trabalho hoje de manhã já foi mais forte, focando o horário do jogo e tudo que cometemos de erros na partida passada, pra que não se repita. Fizemos um trabalho defensivo visando o adversário. Agora acabamos de passar um vídeo do único período que perdemos no jogo de lá. E falei para elas que esse é um período que a gente não pode esquecer. E focar no trabalho, no conjunto, no grupo, porque não vamos ganhar com uma ou duas jogadores. Vamos ganhar com todo mundo jogando, participando, entrando forte na quadra, quem entra muda o jogo, muda o ritmo, marca aquela que estava pontuando. Por que a gente está ganhando no grupo. Lógico que temos jogadoras de nome, mas estamos ganhando no grupo. Se pegar todos os jogos, o mínimo que utilizamos em quadra foram nove jogadoras. Então, de doze sempre usar nove demonstra que é um grupo muito forte.

Terra - Você diria que é obrigação do Sport quebrar essa hegemonia do Americana, que é bicampeão da Liga de Basquete Feminino?

Dornelas -

 Eu continuo dizendo que Americana é a equipe a ser batida. Vencemos a primeira partida do campeonato, jogando aqui em casa, mas é uma equipe muito entrosada. É um time que pelo olhar uma conhece a outra. E como é um esporte coletivo vai dar muito trabalho à gente. E os números mostram isso, porque nos últimos dois anos em oito competições que elas disputaram venceram todas.

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Pivô Érika foi uma das estrelas contratadas pela equipe rubro-negra
Foto: Eduardo Amorim / Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra
Terra - Como começou o projeto deste time de basquete feminino do Sport?

Dornelas -

Estou com 34 anos como treinador, já no feminino há muito tempo. Aqui no Sport o projeto começou em 2005 e foi interrompido em 2009. É um projeto de levar o basquete feminino do clube a uma final de campeonato nacional. Agora, essa nossa volta desde 2011, nós resolvemos reorganizar todo o departamento (que foi praticamente extinto entre 2009 e 2010, o departamento adulto feminino). E a gente refez o departamento e trouxemos as atletas de volta ao clube. E o objetivo foi fazer a filiação na LBF, depois reconquistar a hegemonia do basquete feminino do Estado, ganhando o campeonato Sub-19, mantendo uma sequência que o Alemão, quando estava praticamente encerrado, jogando com o time juvenil em 2010 ele foi campeão, porque em 2009 a Federação não fez campeonato adulto. Por isso que o Sport atualmente é o decacampeão Estadual. E nessa filiação foi muita pressão do pessoal da LBF para que a gente participasse já em 2011. E nós, não, vamos só nos filiar e vamos nos organizar. A organização começou com a montagem da comissão técnica, de profissionais de várias áreas que pudessem ajudar uma equipe de alto nível. E a partir daí a busca dos parceiros, que possibilitou a contratação de jogadoras como Érika, Adriana, Alessandra, Gatei, Palmira, Alessandra e assim por diante.

Terra - Como foi pra convencer essas atletas a vir para o Recife?

Dornelas - A Fabi e a Luciana, que são atletas que já jogaram no Sport, participaram de uma reportagem do Diario de Pernambuco em 2008 sobre a casa das sete mulheres, que na época estava passando uma minisérie. E a gente tinha um apartamento em que a gente colocava todas as atletas de fora. E era a casa das sete mulheres realmente. E hoje cada uma tem seu quarto, nós temos sete apartamentos que são divididos entre as categorias de base (porque nós investimos esse ano no Sub-17, trazendo meninas novas que são destaque no Nordeste). E as atletas do adulto tiveram suas acomodações individuais.

Então, cada atleta tem seu quarto, mas essa estrutura foi montada sempre pensando em função da casa das sete mulheres. Hoje nós não temos a casa das sete mulheres, mas nós temos sete apartamentos para que elas fiquem mais tranqüilas, cheguem no seu quarto e seja seu mundo. E isso demorou porque a gente teve que arrumar tudo, buscar os apartamentos, a gente teve a preocupação de arrumar um apartamento lá em Boa Viagem, porque a Adriana estava trazendo a filha dela que é americana e tinha que estudar na Escola Americana. Então, todos os detalhes foram pensados para que a gente fora de quadra tivesse toda a estrutura para que essas atletas vinhessem para cá e dessem o seu máximo.

A grande diferença da mudança foi essa. E a propaganda das equipes anteriores que o pernambucano recebe muito bem, o Sport tratava elas como pessoas fora de quadra, não só como máquinas de jogar. Então isso, foi a propaganda da gente, essas meninas que mesmo na casa das sete mulheres eram muito bem tratadas.

Terra - O quanto essa experiência anterior serviu para você trazer erros e acertos pra esse time agora?  Que a proposta é que se torne permanente...

Dornelas -

 É o exemplo que eu falei, a casa das sete mulheres transformou-se em sete apartamentos então isso precisa de uma estrutura porque precisa de dinheiro, de patrocínio, de parceiro. A alimentação delas em um local só, seguindo ao que a gente tinha feito, aprendido na casa das sete mulheres e aí foi a possibilidade de ter um nutricionista esportivo que determinasse o que cada uma come de acordo com a fisiologia de cada uma, que foi analisada por um fisiologista que é o Inaldo (Freire) do futebol. Então nós reunimos profissionais extremamente competentes em sua área e isso fez com que a gente pudesse corrigir erros anteriores que a gente via que na hora do "vamos ver" a gente sempre ficava em quarto ou em terceiro lugar e a gente não tinha essa possibilidade de uma final.

Então isso tudo foi um aprendizado das gestões dos jogos anteriores, das gestões anteriores. Então a gestão do Yuri Romão é que abraçou realmente e a equipe do ex- presidente Gustavo Dubeux, que apostou nessa equipe, deu o aval dele pra essa equipe, fez com que a gente pudesse montar essa estrutura dentro de um aprendizado que a gente sofreu na frente. Então a gente não está sofrendo com isso, os profissionais foram contratações dos profissionais – você só vê isso em futebol profissional – são doze profissionais trabalhando, sem contar com os estagiários.

Então eu tenho três técnicos, tenho dois preparadores físicos, tenho um fisioterapeuta, com dois estagiários, tenho nutricionista esportivo, tinha uma nutricionista, tenho dois cozinheiros, dois motoristas, a gente tem um diretor, a gente tem um assessor de imprensa só equipe, a gente tem um fisiologista profissional do futebol com tudo disponível – foi uma facilitação também do Yuri e do Gustavo Dubeux, facilitar o nosso acesso ao departamento de futebol  pra que  a gente tivesse toda estrutura que o futebol profissional pode dar na aera de fisiologia. Então tudo isso, o médico pra essa equipe também, todos esses profissionais, pode até ser que eu esteja esquecendo de algum porque é tanta gente que trabalha em conjunto. Então isso foi muito bom e está aí o resultado.

Terra - O título e a final claro que são essenciais para uma continuidade do time, porque dá uma visibilidade maior. Mas o que é que vocês estão nos bastidores também aprontando, em termo de busca de patrocínio, de outras competições a disputar, conta um pouquinho...

Dornelas -

 Bom, o futuro desse time é tentar mantê-lo, pra isso a gente precisa de parceiros, então ele realmente precisa de parceiros e precisa de que essa equipe fique num nível de competitividade alta. Infelizmente a gente ainda aqui no Nordeste, aqui em Pernambuco principalmente, a gente não tem esse nível de competitividade. Então o projeto hoje é levar essa equipe após essa Liga a disputar o Campeonato Paulista, então pra isso a gente está tentando fechar parcerias com cidades de São Paulo.

Terra - Você pode dizer algumas cidades?

Dornelas -

 Bom, hoje a gente tem Franca, São Bernardo, Barueri, Ribeirão Preto. São cidades que já tiveram conversas conosco. Mas a gente está focado mesmo nessa semifinal e nessa final. Mas está adiantando também esse processo porque a grande maioria das atletas já disseram que querem continuar, que querem ficar no projeto. Esse projeto não é só um projeto de equipe adulta, como eu lhe falei, a gente investiu na categoria de base e estamos investindo em polos de formação. Então é um projeto que elas abraçaram, que elas dividiram, de vez em quando veem para a escolinha.

A Adriana fez um trabalho com uma comunidade junto com a Alessandra. Então essa coisa toda é que fez com que elas viessem e o povo nordestino, o povo pernambucano as receberam muito bem. Essa continuidade do trabalho é importante pra que a gente não pare o projeto, não interrompa o projeto. Então a gente precisa, pra isso, fechar com grandes patrocinadores. Hoje a gente tem a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado. São parceiros que não tem interesse de ir pra São Paulo disputar o Campeonato Paulista, seria até incoerência. A gente precisa substituir esses parceiros.

Terra - Quer dizer, precisa de um patrocinador máster?

Dornelas -

 Isso, a gente precisa de um patrocinador máster pra que essa continuidade do trabalho seja feita e lógico, a gente já está contactando outras atletas, assim que acabar a LBF a gente vai reforçar ainda mais esse grupo. Então esse grupo vai ficar cada vez melhor, pra que a gente tenha os dois polos, que seja o polo continuidade e o polo melhora de nível de equipe, a gente precisa desse patrocinador máster.

Terra - A Prefeitura está reformando o Geraldão. Vocês pensam em utilizar um ginásio maior, talvez com o programa Todos com a Nota em outras temporadas?

Dornelas -

 Quando a gente passou os principais adversários e sabia que teríamos dois adversários mais fáceis nos últimos jogos, começamos a falar que iríamos fazer os próximos jogos no Geraldão. Era pensamento da gente, porque é uma mudança cultural, de repente você tem um desporto que não é o futebol com aspecto de profissionalismo. É complicado você não ter em Recife um ginásio que comporte mais de 3.000 pessoas.

E a gente precisa disso, o basquete está pedindo isso. Você vê que a gente está lotando sempre o nosso ginásio. Aqui, já deu na partida mais cheia mais de 1.700 pessoas. Fora os convidados, os atletas, os Vips. E a gente precisa fazer como o Maranhão fez, um ginásio que comporte 6.500 expectadores e quando fomos jogar lá estava lotado. A gente infelizmente não pôde levar os jogos para o Geraldão. Então, vamos lotar aqui, porque a gente precisa demonstrar para o prefeito que o ginásio precisa ser reformado porque a gente tem evento esportivo que comporte esse público.

E o exemplo maior foi quando a gente veio visitar o jogo do futebol (Sport x Náutico) nesse último domingo e o estádio todo aplaudiu quando as meninas entraram, não foi nem quando a Rádio Ilha anunciou. E quando o pessoal começou a ver que eram as meninas do basquete. As meninas do basquete! De repente, você pode ter 15 mil pessoas torcendo, porque não vai só torcedor do Sport.

Terra - Quando o Sport estava mal recentemente no Pernambucano de futebol, não sei se você viu, muita gente brincado pelas redes sociais. "Eu não torço por futebol e sim por basquete feminino"...

Dornelas -

 É sempre orgulho. Você ser a matéria mais lida no site oficial do clube. É muito bom. E eu acho que essas meninas estão fazendo por onde, elas vestiram a camisa e se a gente tiver o Geraldão na próximo ano, na próxima Liga, lógico que iremos para lá.

Terra - É um ponto positivo então ser o Sport, já que aqui as torcidas de Santa e Náutico vão se dividir...

Dornelas -

 Passaram para mim uma mensagem recentemente, um casal, falando que a torcida do Sport é a legião do basquete. Então , teve um casal que veio brincar, tudo bem que o basquete é luxo, mas luxo mesmo é ser hexacampeão (como o Náutico no futebol Estadual). Então eu dei uma catucadinha, porque também sou rubro-negro. O basquete feminino não é hexa. Ele é decacampeão! Nós queremos ver o que vimos sábado em São José. A torcida do Sport e a do Santa Cruz juntas torcendo pelo Sport. E em determinado momento eles estavam gritando "Pernambuco. Pernambuco. Pernambuco". Esse talvez seja o maior exemplo que o basquete pode dar ao futebol. Que você pode torcer por um esporte sem richa, sem briga. Tinha uma menina lá com roupa do Santa Cruz, no meio da torcida do Sport. Você imagina isso no futebol... Torcendo e vibrando e gritando.

Terra - Então, nesse momento de tantos conflitos no futebol Pernambucano e de casos sérios de violência entre as torcidas, vem se tornando uma alternativa para as famílias virem assistir o basquete?

Dornelas -

 Foi público que em um jogo amistoso que a gente estava tentando fazer com a equipe masculina do Santa Cruz o pessoal (da Torcida Jovem do Sport e Inferno Coral) estava combinando briga. A gente teve até de cancelar esse jogo, mas para você ver a repercussão que o basquete feminino já está tendo. De torcidas estarem marcando encontros, brigas. Mas a gente não quer isso. A gente quer que eles venham e vibrem. Por que  o basquete tem um diferencial, tem gol toda hora. E esses pontos toda hora são a vibração do jogo. É diferente do futebol onde de repente o time se retranca e não sai gol. No basquete você tem um limite para atacar, para fazer os movimentos, então sempre vai ter ataque, defesa forte e sempre vai ter vibração. Jogadas bonitas, arremessos de três pontos. E a gente sempre vai colocar o basquetebol como um exemplo dos esportes olímpicos para o futebol.

Fonte: Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra
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