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Alheio à política, filho de Collor leva NBA pela primeira vez ao Brasil

31 jul 2013 - 07h44
(atualizado às 07h44)
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<p>Amon (esq) &eacute; um dos respons&aacute;veis diretos por levar jogo da NBA ao Rio de Janeiro</p>
Amon (esq) é um dos responsáveis diretos por levar jogo da NBA ao Rio de Janeiro
Foto: Giuliander Carpes / Terra

Arnon de Mello Neto é um executivo falante, costuma explicar bem os assuntos de seu novo ramo, a NBA (Liga Americana de Basquete). Mas basta começar a falar do pai, o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello que as palavras somem de sua boca. Arnon não gosta muito de falar de política. E não sabe dizer se a condição de filho do primeiro presidente a sofrer um impeachment no país prejudicou-lhe na vida.

Na carreira, acredita que não. Afinal, o executivo de 36 anos é o diretor do escritório da NBA no Brasil e vai trazer pela primeira vez uma partida da liga das estrelas do basquete mundial para o país – Chicago Bulls e Washington Wizards se enfrentam em outubro, no Rio de Janeiro. No escritório da NBA desde outubro do ano passado, esta é sua segunda experiência em gestão esportiva. Antes, assumiu o cargo de diretor de futebol (entre 1999 e 2001) do seu time do coração, o CSA, com apenas 21 anos.

Economista, Arnon de Mello tem mestrado em políticas públicas na Universidade de Harvard e um MBA no Massachussets Institute of Technology (MIT), duas conceituadas instituições dos Estados Unidos, onde viveu por quase 10 anos e fez carreira em instituições financeiras. Sua única experiência na política foi logo depois que deixou o CSA, em 2002. Não deu certo. Candidato a deputado federal por Alagoas, recebeu 51.039 votos e perdeu a eleição porque não atingiu o coeficiente eleitoral necessário. É um ramo para o qual não pretende retornar.

Arnon de Mello, que não utiliza o sobrenome Collor porque recebeu o nome do avô, conversou com o Terra

Terra: Como foi a negociação para trazer o Washington? Foi porque o Nenê era o único jogador com contrato em vigor na época da negociação?

Arnon de Mello: Teve um interesse muito grande por parte do Washington. Ele fez um pedido especial para a NBA. O presidente do Washington é muito fã do Nenê e queria dar esse presente para ele. Quem manda na NBA são os 30 times. Eles participam ativamente da liga. Quando falamos em trazer a NBA para o Brasil, eles já se prontificaram e a gente viu que era muito relevante pelo histórico do Nenê, o momento atual dele, um jogador que tem a cara da franquia. Foi um conjunto de fatores, mas o fato do Washington querer fazer o jogo no Brasil pesou muito.

Terra: Tem alguma intenção de colocar a NBA na TV aberta? Na época que o Chicago Bulls era campeão da liga, os jogos passavam na TV Bandeirantes.

Arnon de Mello: As conversas nunca deixaram de existir. O interesse da NBA com certeza tem. A gente quer cada vez mais ter jogos disponíveis. Este ano que viemos para o Brasil conseguimos abrir um jogo pela internet, no nosso site. Acompanho muito nas redes sociais o pessoal trocando links de transmissão pirata. Eu quero mais é que as pessoas assistam. Se não estamos mostrando o jogo em outro lugar, temos que usar a internet. Eu morei nos EUA um tempo, acompanhava lá a liga. Aqui não acompanhava muito porque não sabia exatamente que horário passava e em qual canal. Tinha que esbarrar no jogo para ver. A gente quer que os fãs da NBA possam esbarrar no produto com mais facilidade. O Brasil já é o 5º mercado mundial de league pass (transmissão de todos os jogos da liga online). É mais um motivo para convencer as televisões que é um produto viável.

Terra: E como está a expectativa da imprensa americana para o retorno de Derrick Rose (Chicago Bulls)? Será o primeiro jogo dele depois da lesão que tirou-lhe da temporada passada.

Arnon de Mello: O pessoal da ESPN dos Estados Unidos já disse que quer vir pra cá e transmitir ao vivo para Chicago. Realmente, a relevância desse jogo vai ser mundial. A pressão é muito grande em cima dele. Ele tem falado que este é um jogo muito importante. Para o Rio também é importante esta visibilidade.

Terra: É sua segunda experiência com esporte depois do CSA. Como está sendo?

Arnon de Mello: Está sendo muito interessante. Tive experiência com futebol nos anos 2000. Já faz uns 15 anos. Você pode imaginar como é trabalhar na NBA. Tenho gostado muito. É uma responsabilidade muito grande a gente trazer para o Brasil. Teremos todos os olhos da NBA voltados para cá. Há um interesse muito grande, o Brasil já é o segundo país em número de seguidores da NBA no Facebook e o terceiro no Twitter. A gente quer mostrar isso para eles lá (nos Estados Unidos).

Terra: E você se arrepende de ter assumido o CSA? Porque você era muito jovem, é o seu time do coração, futebol não é muito fácil....

Arnon de Mello: Futebol é complicado no Brasil. Não sei se voltaria. Tenho uma paixão grande pelo CSA, mas é complicado. Hoje trabalhando na NBA eu vejo isso, a comparação de uma liga profissional para uma que não é, começando pelo time e passando por toda a estrutura da liga. Dou sempre o exemplo de que a NBA representa os 30 times. Eles são os donos dela. Os acordos de televisão são discutidos e é tudo igual para todo mundo. Você não tem essa concorrência interna entre os times. Para se ter uma ideia, quando se vende uma camisa do Los Angeles Lakers aqui no Brasil, essa receita é dividida por 30 igualmente. Quando a gente fecha um acordo global com a ESPN, o Miami Heat, que é o campeão, não ganha mais que os outros. A competição que fazem é dentro do mercado, a bilheteria é de cada time, enfim. Isso funciona muito bem. Dentro da quadra, se mata ou se morre, mas fora da quadra eles trabalham juntos. A gente quer mostrar aqui no Brasil como tudo isso funciona. Os salários não podem passar de certo montante, senão o time tem que pagar uma multa para os rivais. Isso não dá uma discrepância tão grande. A parte esportiva fica muito mais forte. Estou muito mais contente em participar de uma liga que faz mais sentido do que do futebol brasileiro que ainda está engatinhando bastante. Mas a gente conseguiu chegar, fomos vice-campeões da Copa Conmebol, foi uma experiência interessante para um jovem.

Terra: E ser um Collor prejudica ou ajuda, tem algum peso?

Arnon de Mello: Não sei avaliar. Na NBA nunca me foi perguntado sobre isso. Eu sou quem eu sou. Minha vida foi muito feita lá fora, essas questões não pesam tanto nem para o bem nem para o mal, isso nunca foi uma questão.

Terra: E politicamente, você pretende se envolver algum dia?

Arnon de Mello: Não, não.

Cheerleaders agitam esportes americanos em 2013; veja fotos:

Fonte: Terra
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