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Debate da CNBB esquenta no fim com duelo indireto entre Dilma e Aécio sobre corrupção

17 set 2014 - 01h11
(atualizado às 07h08)
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Um duelo indireto entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) sobre denúncias de corrupção esquentou um até então insosso debate entre presidenciáveis promovido pela CNBB na terça-feira, que teve um direito de resposta para cada um deles, algo inédito nos debates realizados até aqui nesta campanha.

A candidata do PSB, Marina Silva, ficou mais distante da disputa entre os dois rivais, mas aproveitou suas considerações finais para voltar a criticar a polarização PT-PSDB.

Aécio aproveitou uma pergunta do pastor Everaldo (PSC) para atacar a presidente sobre as recentes denúncias de corrupção na Petrobras, o que gerou um pedido de direito de resposta da petista, atendido pela produção do debate.

Já o tucano, ao fazer uma pergunta sobre educação para Luciana Genro (PSOL), acabou ouvindo da adversária afirmações duras lembrando denúncias de irregularidades de governos do PSDB. Ele também teve um pedido de direito de resposta aceito.

"Os brasileiros estão envergonhados, indignados com o que vem acontecendo com a nossa mais importante empresa pública, submetida a sanha de um grupo político que para se manter no poder permitiu que um vale-tudo fosse feito na nossa maior empresa", disse Aécio ao responder Everaldo que, usando um termo cunhado pelo tucano, se referiu às denúncias como "mensalão 2".

"Não é possível que o Brasil continue a ser administrado com tanto descompromisso com a ética, com a decência, com os valores cristãos", disparou Aécio, aproveitando o contexto do debate ser realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Na sequência, o tucano questionou a candidata do PSOL sobre educação, mas ela preferiu centrar artilharia nos escândalos de corrupção tucanos, como o mensalão mineiro --que segundo ela é a origem do mensalão petista--, denúncias de corrupção nas privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e de compra de votos para aprovar a emenda da reeleição no mesmo governo.

"O senhor falando do PT é o sujo falando do mal lavado", disparou Luciana.

Irônico, Aécio fez questão de lembrar as origens petistas da candidata do PSOL e a acusou de atuar como "linha auxiliar do PT", o que só aumentou a artilharia da adversária.

"Com todo o respeito, linha auxiliar do PT, uma ova, candidato Aécio! Porque o PT aprendeu com o senhor, aprendeu com o seu partido", emendou ela, que chegou a chamar o tucano de "fanático da corrupção", o que gerou o pedido de direito de resposta do candidato do PSDB.

No direito de resposta, Aécio evitou rebater diretamente as acusações da adversária do PSOL, que classificou como "irrelevantes", "irresponsáveis" e "levianas".

Já Dilma usou o seu direito de resposta para lembrar que as denúncias na Petrobras foram "investigadas e descobertas" por um órgão do governo, a Polícia Federal.

"Nós fortalecemos a Polícia Federal, criamos o Portal da Transparência, nomeamos o Ministério Público de acordo com a lista tríplice a nós apresentada, nunca escolhemos engavetador-geral da República. E se hoje se descobre atos de corrupção e ilícitos é porque nós não varremos para debaixo do tapete", disse a presidente.

Alheia à disputa entre os dois principais adversários em um debate que, por conta das regras, não teve sequer um duelo direto entre os três principais candidatos, Marina usou suas considerações finais para atacar a polarização vigente nas últimas cinco eleições presidenciais.

"Eu tenho dito que quem vai ganhar as eleições não são as estruturas dos partidos da polarização PT-PSDB que acabaram de aqui se digladiar. Quem vai ganhar as eleições é uma nova postura, principalmente do cidadão brasileiro... que identifica no nosso projeto a verdadeira mudança."

Dilma, que fez suas considerações finais logo depois da rival, não perdeu a oportunidade de contestar a rival.

"Quem vai ganhar essas eleições, é quem mudou o Brasil", declarou.

Já Aécio usou sua fala final para repetir a avaliação de que o governo Dilma "fracassou" e de que Marina "não consegue superar suas enormes contradições". O tucano comemorou ainda a pesquisa Ibope, que apontou crescimento de suas intenções de voto e que, na visão dele, já mostra "um crescimento muito claro da nossa candidatura".

Ibope divulgado na noite de terça-feira mostrou que Aécio foi o único dos postulantes ao Palácio do Planalto a crescer. O tucano saltou 4 pontos para 19 por cento. Já Dilma recuou 3 pontos para 36 por cento, enquanto Marina oscilou 1 ponto para baixo, a 30 por cento. [nL1N0RH300]

(Reportagem de Eduardo Simões)

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