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Em crise financeira, Franca luta por luz no fim do túnel

6 mar 2015 - 11h04
(atualizado às 11h04)
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Depois de quase fechar as portas na pré-temporada passada, o Franca, um dos clubes mais tradicionais de basquete do Brasil, ao poucos, começa entrar no eixo. Sede de um dos eventos mais importantes do calendário brasileiro, o fim de semana das estrelas, a equipe ainda passa por grandes dificuldades financeiras, mas já começa a ver uma luz no fim do túnel.

Para você entender melhor essa história, vamos voltar em agosto do ano passado. Foi nesse mês que Vivo e Franca se separaram e o time começou a ficar sem rumo. Sem o patrocínio máster, a equipe do interior paulista teve sérios problemas financeiros, deixando, inclusive, de pagar seus atletas. A situação ficou insustentável, e Mauro Bassi, vice-presidente do clube, chegou a pensar no pior.

Franca é uma das equipes mais tradicionais do basquete brasileiro
Franca é uma das equipes mais tradicionais do basquete brasileiro
Foto: Celio Messias/LNB / Divulgação

Para evitar fim de suas atividades, o Franca lançou a campanha “Franca Patrocina Franca”, onde convocava seus torcedores a aderirem ao seu programa de sócio-torcedor. A ideia não trouxe muito resultado, e foi aí então que eles apelaram para doações para tentar manter time de basquete ativo, lançando uma plataforma online para receber contribuições dos torcedores. O resultado também não foi o esperado, o que gerou preocupação nos mandatários.

"Nós não estamos nos Estados Unidos, e sim no Brasil. Muita gente apoiou, mas o que se arrecada por aqui é muito irrisório, não sustenta a máquina. Se o sócio-torcedor também tivesse dado certo, nós não ficaríamos tão refens do patrocínio", lamentou Bassi em entrevista exclusiva ao Terra.

Sem um resultado positivo dessas ações e dinheiro para pagar seus jogadores, Franca esteve perto de ver seu elenco ser praticamente desmontado, faltava pouco para que os atletas começassem a procurar outros lugares para jogar. Foi aí que um personagem fundamental chamou a responsibilidade e conseguiu convencê-los a não abandonarem a capital brasileira do basquete.

Lula Ferreira, técnico da equipe desde 2012, foi praticamente o anjo da guarda da equipe do interior paulista, como descreveu o próprio prefeito da cidade. "Fizemos uma reunião e ele, no meio de todo mundo, disse: vocês são profissionais, pais de família e recebem por isso. Mas independente do que acontecer, eu vou ficar. Depois disso, todos concordaram em ficar", contou Alexandre Ferreira.

Lula Ferreira comanda o Franca desde 2012
Lula Ferreira comanda o Franca desde 2012
Foto: João Pires / Divulgação

"Qualquer técnico brasileiro se sentiria orgulhoso de ser treinador do Franca. É uma responsabilidade muito grande também. Diante de uma situação de dificuldade financeira, com o risco de, eventualmente, tudo aquilo que foi construído por uma infinidade de pessoas e personalidades do basquete acabar, foi complicado. Procuramos todos os ícones da cidade e falamos: ou todo mundo abraça essa causa ou não vai dar. Eu não vim aqui por dinheiro e não vou sair por causa dele. Como comandante do time eu não poderia abandonar o barco de maneira alguma", lembrou Lula em conversa com o Terra.

"Os jogadores foram de uma dignidade impressionante. Eu não ficaria chateado se eles optassem parar ir para outro clube. Mas eles ficaram. Para mim, já escreveram uma página na história de Franca. Essa demonstração de crédito já valeu muito, temos um compromisso esportivo. Eles foram muito dignos, foi muito tranquilo com eles", falou, cheio de orgulho de seus comandados. 

A luz no fim do túnel se dá por uma séria de mudanças que os dirigentes do clube, juntamente com a prefeitura da cidade, estão organizando. A ideia principal é criar um comitê profissional de gestão, que será responsável pela organização do Franca.

Prefeito de Franca, Alexandre Ferreira tenta ajudar a equipe de basquete
Prefeito de Franca, Alexandre Ferreira tenta ajudar a equipe de basquete
Foto: Foto Jump/LNB / Divulgação

"Nós chamamos as personalidades de Franca, alguns patrocinadores e hoje somos um grupo de 40 pessoas. Vamos montar um comitê gestor, que vai cuidar desde a parte administrativa até o marketing do clube. A prefeitura já ajuda com o que pode, vamos atrás de grandes empresas e vamos achar uma solução", disse o prefeito, que revelou que o órgão muncipal ajuda com cerca de R$ 60 mil mensais o clube.

Para o vice-presidente, o caminho é esse: apostar na profissionalização do Franca. "Precisamos fazer uma transformação administrativa, buscando moldes mais profissionais. A forma que era administrado, ao nosso ver, era muito amadora. Já estamos resgatando a confiança das pessoas com o propósito principal que chama transparência. Ainda temos problemas financeiros, mas nosso grupo foi aumentando e acho que agora, até para fazer uma aproximação de um possível patrocinador, demonstrando uma nova filosofia, vemos o sonho mais perto de virar realidade", completou Bassi.

Lula, que sofreu na pele a crise mais profunda da equipe, já vê uma melhora e acredita que tempos melhores virão para Franca. "O combinado tem sido feito. Os jogadores estão recebendo metade dos salários, que foi o acordo feito com o clube, e essa gestão vai correr atrás do resto. Vamos deixar claro que o problema não está resolvido, mas está totalmente encaminhado. Nós temos uma perspectiva, sabemos que pessoas competentes estão cuidando da gestão do clube. O que me deixou muito gratificado é saber que eles não vieram para resolver o problema momentâneo, e sim para fazer uma gestão duradoura, a longo prazo", finalizou o técnico da equipe.

*O repórter viaja a convite do Bradesco

Fonte: Terra
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