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Rival em Londres, espanhol vê Brasil como "favorito" em grupo

13 jul 2012 - 10h48
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Henrique Moretti
Direto de Foz do Iguaçu*

Atual vice-campeã olímpica e segunda colocada do ranking da Federação Internacional de Basquete (Fiba), a Espanha vê o Brasil como o principal adversário na primeira fase da Olimpíada de Londres. A opinião é do auxiliar técnico da equipe europeia, Juan Antonio Orenga.

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Ex-pivô que iniciou a carreira no Real Madrid, Orenga defendeu o seu país em uma época na qual as conquistas eram mais parcas - resumiu-se basicamente à medalha de bronze conquistada no Campeonato Europeu da Itália, em 1991.

Na década seguinte, a Espanha passou a ser força dominante. Ganhou o Mundial de 2006, no Japão, os dois últimos Europeus, na Polônia e na Lituânia, e foi vice-campeã da Olimpíada de Pequim, perdendo a final para os Estados Unidos por 118 a 107.

Há quatro anos, Orenga é auxiliar do italiano Sergio Scariolo, comandante da equipe de Pau Gasol, Marc Gasol, Juan Carlos Navarro, José Manuel Calderón e Rudy Fernández, e trabalha ainda na coordenação das seleções sub-17, sub-18, sub-19 e sub-20 na federação de seu país.

Em Londres, todos esses jogadores competirão, além do congolês Serge Ibaka, cuja naturalização foi muito bem recebida pelos companheiros, segundo Orenga. Também poderia estar o armador Ricky Rubio, 21 anos, mas uma lesão no joelho impedirá a sua participação no torneio.

Confiante no elenco espanhol, o auxiliar vê seu time, além do Brasil, como "favoritos" do Grupo B da Olimpíada, formado ainda por Rússia, Reino Unido, Austrália e China.

Caso essa previsão seja tão boa quanto a dada nesta quinta-feira ao Terra, o time de Ruben Magnano pode ficar tranquilo pelo menos na primeira fase do torneio olímpico. Terceiro colocado do Super Four de Foz do Iguaçu com a Espanha B, Orenga conversou com a reportagem enquanto os jogadores se aqueciam no Ginásio Costa Cavalcanti para a final do Super Four. "Sinceramente creio que o Brasil ganhará porque o vejo neste momento melhor que a Argentina", disse Orenga, projetando o resultado que se confirmou - o placar favorável aos donos da casa foi de 91 a 75.

Confira a entrevista com Juan Antonio Orenga, auxiliar técnico da seleção espanhola masculina de basquete:

Terra - Em Foz do Iguaçu chamamos o seu time de Espanha B, mas o site da Federação Espanhola de Basquete (FEB) batiza a equipe de Espanha 2014. É por causa do ano em que o país sediará o Mundial da modalidade?

Juan Orenga - É por causa de buscar... nós temos algumas gerações muito boas nos últimos anos, fomos campeões do Europeu sub-20 no ano passado, nos três anteriores havíamos conquistado a medalha de bronze e no anterior a prata. Nesses campeonatos sempre tivemos ou o melhor jogador do torneio ou um ou dois (atletas) no quinteto (ideal). São gerações que não passam diretamente à seleção sênior de Londres, ficam um pouco perdidas. Então queremos recuperar todos para mantê-los perto para a renovação geracional que virá dentro de um ou dois anos.

Terra - Você também aproveitou a viagem para observar mais de perto o Brasil, adversário na primeira fase na Olimpíada de Londres, e a Argentina, que também estará na competição?
Juan Orenga - Não, não por vê-los. Agora a tecnologia te permite ver todas as partidas, no dia em que começarmos o campeonato haverá muitas possibilidades de vê-los mais. Era importante para ver como esta geração seria capaz de competir. Contra a Argentina o fez muito bem (havia perdido dois amistosos por 93 a 81 e 81 a 76 na semana passada); contra o Brasil ontem (quarta-feira, na derrota por 101 a 68 na semifinal do Super Four) não pudemos, fisicamente passaram por cima de nós. Ainda temos que amadurecer um pouco para poder fazer frente a uma seleção como o Brasil, que está muito forte neste ano.

Terra - Como você avalia o grupo da Espanha na Olimpíada de Londres? É a equipe favorita para passar no primeiro lugar?
Juan Orenga - O grupo de Londres é muito difícil. As pessoas pensam que a Espanha já está classificada, que o Brasil já está classificado. O Reino Unido em sua casa é uma equipe perigosa. A China, dependendo de quem levará, é uma equipe que pode ser complicada. Rússia... bom, então há que ganhar cada partida. Nós vivemos essa experiência na última Olimpíada, quando íamos perdendo para a China no último quarto por 17 pontos e tivemos que virar. Cada jogo é uma história e em uma competição como os Jogos Olímpicos pode acontecer como em Atenas 2004: ficamos em primeiro no grupo, os Estados Unidos ficaram em quarto, cruzamos nas quartas de final, eles ganharam e terminamos em sétimo perdendo um jogo só. Tenho certeza de que Brasil e Espanha são os favoritos dentro desse grupo, porém não podemos ter nenhuma bobeira.

Terra - Você está ciente de que o Brasil não participa de uma Olimpíada há 16 anos?
Juan Orenga - O problema é que nunca se juntavam para jogar o Pré-Olímpico. Uma vez que se juntaram todos, classificaram-se, agora a equipe está muito forte, são quatro jogadores da NBA, jogadores são importantes da NBA, e ainda que algum não esteja (na liga americana) poderia estar. É uma das equipes mais potentes das que existe.

Terra - O que você pensa sobre o trabalho de Ruben Magnano? Acredita que sua chegada foi decisiva para o fortalecimento da Seleção Brasileira?
Juan Orenga - Creio que Ruben conseguiu consolidar o grupo, porque ter um grupo com tantas estrelas é complicado... a Espanha é da mesma linha. Ruben conseguiu, é um treinador carismático, e as coisas boas estão se impondo pelas possíveis más, as quais não conheço. O grupo está jogando muito bem, são movimentos longos, com muita dinâmica, muitas opções para cada jogador, e a verdade é que gostei do que vi na partida de Buenos Aires (derrota para a Argentina na última sexta-feira por 80 a 74) e ontem (vitória sobre a Espanha) gostei muito.

Terra - A Espanha não poderá contar na Olimpíada com Ricky Rubio, que vinha sendo uma das sensações da NBA pelo Minnesota Timberwolves. Quanto isso prejudica as chances da equipe?

Juan Orenga - Prejudica na medida em que Ricky é um jogador com um talento especial, e é difícil substituí-lo. É certo que temos jogadores que rapidamente foram bem nessa posição, como Sergio Rodriguez ou Sergio Llull, que se põe na posição de armador porque está jogando no Real Madrid de 1 e de 2. Sentiremos a falta de de Rubio, porém temos reposição.

Terra - Agora a Espanha conta com o ala-pivô Serge Ibaka, do Oklahoma City Thunder, que nasceu na República Democrática do Congo e se naturalizou espanhol em 2011. Houve alguma polêmica quanto à opinião pública do país por ele não ser espanhol?
Juan Orenga - Não porque Serge chegou à Espanha com 16, 17 anos, jogou no CB L¿Hospitalet (entre 2007 e 2008), jogou o Campeonato da Espanha sendo júnior. É um jogador que mais velho se naturalizou, que chegou pequeno. Seu irmão vive na Espanha e sua família também. E ele morará na Espanha quando parar de jogar, portanto todo mundo entendeu, aceitou e a única coisa que fizemos foi recebê-lo com os braços abertos, nada mais.

* O repórter viajou a convite da Confederação Brasileira de Basquete (CBB)

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O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, de 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura conta com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

Juan Orenga (à dir.) quando ainda era jogador. Hoje auxiliar técnico, o espanhol vê o Brasil como favorito
Juan Orenga (à dir.) quando ainda era jogador. Hoje auxiliar técnico, o espanhol vê o Brasil como favorito
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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