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Blatter admite que foi um "erro" atribuir a Copa de 2022 ao Catar

16 mai 2014 - 10h52
(atualizado às 10h53)
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O presidente da Fifa, Joseph Blatter, admitiu que foi um "erro" ter atribuído a organização da Copa do Mundo de 2022 ao Catar.

Oito anos antes do Mundial e a poucas semanas da abertura da Copa do Mundo do Brasil, aumenta o debate sobre a organização da competição no rico país do Golfo, onde as temperaturas alcançam 40°C e 50°C no verão.

"Sim, claro", respondeu Blatter ao ser questionado por um jornalista da emissora de rádio e televisão suíça RTS se havia sido um erro ter concedido o Mundial ao Catar por causa do calor intenso no emirado.

"Mas como você sabe, todos cometem erros na vida", completou.

"O relatório técnico do Catar indicava efetivamente que faz muito calor no verão, mas o Comitê Executivo (da Fifa) decidiu, por ampla maioria, jogar no Catar", disse Blatter.

Diante das circunstâncias, "é mais que provável" que a Copa de 2022 seja disputada durante o inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), completou o presidente da Fifa, que já destacou em várias ocasiões o desejo de modificar a data tradicional do torneio.

"A melhor época para jogar seria o fim do ano. Temos que ser realistas. Se mudarmos (as datas), e precisamos modificá-las, porque não se pode jogar no verão, apesar do Catar insistir nisto, temos que jogar no inverno, no fim do ano", disse Blatter em 21 de abril.

Em um comunicado, a Fifa apresentou explicações sobre as declarações do presidente da entidade.

"O presidente reitera que a decisão de organizar o Mundial no Catar no verão foi um erro. Em nenhum momento questiona a organização do Mundial-2022 no Catar", afirma o texto.

A escolha da sede da Copa de 2022 foi feita pela Fifa em dezembro de 2010.

Na mesma entrevista, Blatter, que descartou a questão da corrupção, mencionou o forte lobby de França e Alemanha a favor do emirado.

"Não, nunca direi que compraram (a competição)", declarou, mas admitiu um "impulso político" procedente sobretudo de Paris e Berlim.

"Sabemos muito bem que grandes empresas francesas e grandes empresas alemãs trabalham no Catar. Mas não trabalham apenas pelo Mundial", disse Blatter, antes de afirmar que a Fifa "não pode intervir nas considerações políticas".

Mas as declarações de Blatter foram rebatidas pela França nesta sexta-feira.

"As alegações do presidente da Fifa sobre supostas pressões exercidas pela França no momento da atribuição da sede do Mundial de 2022 carecem de fundamento", reagiu Romain Nadal, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

"A designação de um país para a organização do Mundial corresponde à própria Fifa. O comitê executivo é quem escolhe por meio do voto", completou.

Em Paris, o então presidente francês Nicolas Sarkozy organizou na sede do governo uma reunião com o presidente da Uefa, Michel Platini, e o primeiro-ministro do Catar antes da escolha da sede.

Blatter afirma que não ficou surpreso com a reunião, pois foi informado imediatamente depois, com "transparência".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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