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Olha Ele! "Com R$ 4 no bolso", herói do Botafogo leva vida como carpinteiro

17 mar 2013 - 10h56
(atualizado às 10h56)
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<p>Mazolinha se diverte ao relembrar feitos de 1989</p>
Mazolinha se diverte ao relembrar feitos de 1989
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

A mais de 500 quilômetros de distância do Engenhão, no último domingo, um botafoguense de verdade mandava forças a Oswaldo de Oliveira e seus jogadores. Mazolinha convidou dois amigos, foi a um boteco em Santa Bárbara d'Oeste-SP e, durante as duas horas que culminaram no título da Taça Guanabara, tomou algumas cervejas e se esqueceu dos problemas. Teve receio em olhar para a televisão, nervoso e supersticioso, e só contou histórias sobre os tempos que, a cada manhã, rondam seu pensamento. 

"Todos os dias é a mesma coisa. Eu acordo eu penso, 'bem que podia treinar em Marechal Hermes'. Agora no Engenhão, então, até melhor", recorda Mazolinha ao Terra. Foi dele a jogada e o cruzamento que, concluído a gol pelo centroavante Maurício, permitiram ao torcedor do Botafogo comemorar aquele que possivelmente foi o título mais aguardado da história alvinegra - o Campeonato Carioca de 1989, que encerrou jejum de 21 anos sem taças. 

Os tempos daquela conquista sobre o Flamengo parecem muito mais distantes para Mazolinha, o talismã do time. Há cinco anos, no interior de São Paulo, ele leva uma vida muito mais modesta do que em 1989. Mora "em uma casinha", como ele mesmo define, e trabalha cinco dias por semana, nove horas por dia, como auxiliar de uma carpintaria. Tem uma rotina até certo ponto pesada para um senhor de 53 anos que sofreu enfarto em 2008. 

<p>Herói botafoguense trabalha como auxiliar de carpinteiro em Santa Bárbara D'Oeste</p>
Herói botafoguense trabalha como auxiliar de carpinteiro em Santa Bárbara D'Oeste
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

"Ainda sou um garoto", corrige o bem humorado Mazolinha. "Trabalho de segunda e na sexta, mas na sexta à noite vou cantar moda sertaneja com o meu irmão e tomar uma cervejinha. No sábado, lavo as roupas, limpo minha casinha e de tarde jogo uma bola. Domingo é em casa descansando, ou então uma pescaria. De peixe pequeno mesmo. Eu adoro", conta. 

Para este fim de semana, depois de comemorar o título da Taça Guanabara, Mazolinha tinha planos mais modestos. Na realidade, uma preocupação. "Agora tenho quatro reais de moeda no bolso, é uma sexta-feira. É a minha situação. Todos gostam de dinheiro, quem não gosta? Mas na minha situação, hoje, não importa o dinheiro. Importa é ser reconhecido. Como disse o Aílton Lira uma vez: 'falem bem ou falem mal, mas falem de mim'", lamenta, com menção ao ex-jogador do Santos.

O sonho de voltar ao futebol

Mazolinha repete a frase de Aílton várias vezes durante a entrevista e parece ansioso. Havia uma semana, também tinha falado com a Rede Record, e tanto espaço na mídia parecia um fato novo para ele. "Só sou lembrado uma vez por ano, ou duas. Em 2012, nem falei com ninguém", diz com uma ressalva. "Não estou jogado às cobras, mas estaria melhor com uma oportunidade. Meu sonho é estar na bola novamente. Quem sabe? Tenho mais 10 anos de trabalho pela frente". 

Há três anos, Mazolinha (ao centro) durante encontro com campeões de 1989
Há três anos, Mazolinha (ao centro) durante encontro com campeões de 1989
Foto: Divulgação

Oportunidade, de fato, ele só recebeu depois da aposentadoria, mas na União Barbarense. Trabalhou como professor de uma escolinha, mas acabou fora. "Fui arrancado. Cara do seu lado que te derruba de ciúmes. No Botafogo mesmo, ninguém mais me chama para nada. Sou só lembrado porque cruzei aquela bola. Senão hoje eu poderia ser lixeiro, encanador, pegador de latinha, que ninguém ia se lembrar de mim", afirma 

A alegria do "bem humorado e companheiro" Mazolinha, como define o colega de empresa Morano, também pode ser medida por uma carreira que tentou emplacar. Durante algum tempo, ele atuou como palhaço em festas de aniversário, mas parou por um enfarte. Sem escolhas, aceitou o convite para ser auxiliar de carpinteiro.

"Faço caixas de madeira, de 50 a 60 quilos. Só trabalho com madeira pesada", admite com certa preocupação, orgulho e uma ponta de mágoa. Hoje, para se ver no futebol, Mazolinha só tem duas escolhas: abrir os almanaques de 1989 ou sonhar com os tempos em que treinava em Marechal Hermes. 

Fonte: Terra
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