Brasil enfrenta Espanha por semifinal do Mundial e história
- Felipe Held
- Direto de São Paulo
A Seleção Brasileira tem nesta quarta-feira seu maior desafio até agora no Campeonato Mundial feminino de handebol. Sensação do torneio, realizado em São Paulo, e invicta em seis jogos realizados, a equipe verde-amarela entra em quadra no Ginásio do Ibirapuera às 20h (de Brasília) para a disputa das quartas de final contra a Espanha e para conseguir um feito inédito em um torneio neste nível: uma vaga nas semis e a consequente briga por um impensável pódio - algo que parecia muito distante até bem pouco tempo atrás.
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Fazendo com que o handebol brasileiro viva seu melhor momento na história da modalidade, a Seleção feminina vem encantado no Mundial. Aproveitando o fator de atuar com a torcida a seu favor no Ibirapuera, o time comandado pelo dinamarquês Morten Soubak se classificou na liderança do Grupo C com cinco vitórias nas cinco partidas - uma delas, a mais impressionante, sobre a vice-campeã mundial França.
Nas oitavas de final, a Costa do Marfim foi um adversário tranquilo, e a vaga nas quartas foi ratificada com um triunfo por 35 a 22. O grande desafio, de acordo com a própria Seleção Brasileira, será a vaga na semifinal, contra uma Espanha quarta colocada do Mundial de 2009. "Queremos fazer história neste campeonato e agora tentaremos dar mais um grande passo", afirmou Soubak, comandante da equipe verde-amerela.
O Brasil, que nunca conseguiu ir além de um sétimo lugar em Mundiais (entre homens e mulheres, a melhor posição foi obtida pela equipe feminina há seis anos), tem pela frente, nesta quarta, uma Espanha que ganhou embalo ao despachar Montenegro por 23 a 19, com grande atuação da goleira Silvia Navarro. Para o confronto com as anfitriãs do torneio, porém, o técnico Jorge Dueñas acredita na consistência defensiva e na velocidade de sua equipe.
"A personalidade do meu time é diferente das demais equipes. O nosso temperamento e a nossa velocidade muitas vezes suprem algumas carências do elenco. Não somos um time muito alto, mas nossa velocidade nos ajudou bastante a chegar até aqui", discurreu o comandante espanhol. "O Brasil teve uma performance incrível neste campeonato e se mostrou uma equipe muito forte. Teremos que ser muito bons defensivamente", acrescentou.
De fato, a velocidade espanhola e a goleira Silvia Navarro são as principais preocupações do Brasil para o jogo desta quarta. Apesar de a Seleção ter vencido as europeias por 28 a 24 em um amistoso em novembro, antes do Mundial, Soubak foi extremamente cauteloso ao citar o encontro em São Bernardo do Campo e assegurou que nem levará em conta o que aconteceu no jogo.
"O amistoso para mim não vale nada, se formos analisar o resultado. A Espanha havia acabado de chegar ao Brasil de uma longa viagem, as jogadoras só tiveram uma noite de sono e já foram para quadra", comentou o dinamarquês. "O que eu posso levar em consideração foi o desempenho das minhas jogadoras, mas não o placar final", acrescentou Soubak, citando o retrospecto recente em amistosos contra as espanholas: dois amigáveis em 2009, com uma vitória para cada lado, e um empate no ano passado, definido a favor das europeias nos tiros de 7 m.
Enquanto orienta suas jogadoras para o importante jogo desta quarta, Soubak pede uma ajuda da torcida paulistana - que, até agora, não lotou o Ginásio do Ibirapuera. O treinador, insatisfeito por ver tantos lugares vazios na arena paulistana, disse também contar com a força do público. "Espero que o ginásio lote e leve as meninas para frente e para a semifinal", afirmou.
A torcida verde-amarela, aliás, não é a maior preocupação de Jorge Dueñas. O comandante espanhol, ainda que reconheça o ambiente favorável para as brasileiras, se mostrou preocupado com outro aspecto. "O público não faz gols, então não me preocupa tanto. Meu maior medo é que a arbitragem se deixe influenciar, então espero que haja justiça nas decisões", apontou o europeu.
Quem passar de Brasil e Espanha poderá cruzar nas semifinais contra a atual campeã olímpica: a Noruega. A seleção nórdica entra em quadra também nesta quarta para encarar a Croácia, em partida programada para as 17h15 (de Brasília), também no Ibirapuera.