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Jogos Olímpicos - 2012

Brasil paralímpico terá "cara de 2016" e espírito nacional, diz Parsons

27 ago 2012 - 20h52
(atualizado em 28/8/2012 às 17h19)
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Danilo Vital
Direto de Londres

Na noite da próxima quarta-feira, no Estádio Olímpico de Londres, a delegação do Brasil desfilará na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos como um único corpo, fortalecido por inédito período de aclimatação em Manchester, e pela variedade de novos atletas. Na capital britânica, o País contará com menos atletas, mas espera ter mais sucesso, ainda que isso não signifique medalha - isso porque, segundo o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, o time terá "cara de 2016".

Em entrevista exclusiva ao Terra , concedida na sala de imprensa do CPB, no Main Press Centre, no Parque Olímpico de Londres, Parsons falou com confiança sobre o novos atletas que representarão o Brasil nos Jogos: "estarão lá como promessas para 2016, pela juventude, mas gabaritados a melhorar o desempenho, já que tiveram méritos na obtenção da vaga. E estarão mais unidos também".

"Na aclimatação, principalmente como foi a nossa, a gente gosta de ter todas as modalidades juntas. Você não é mais 18 equipes, somos uma delegação brasileira", disse o dirigente do CPB, que ainda expôs alguns temores para o evento em Londres: adversários inesperados passando por cima dos brasileiros e casos de doping, que ele admite serem quase certos. "A gente só espera que a delegação brasileira não tenha nenhum caso, até porque, fazemos um programa eficiente de combate e educação", disse Parsons.

Confira a entrevista exclusiva

Terra: qual é a expectativa do Comitê Paralímpico Brasileiro para os Jogos de Londres 2012, não apenas em marcas finais, mas em uma avaliação que já inclua os Jogos do Rio 2016?

Andrew Parsons: Temos a proposta de crescer para sétimo lugar geral, mas nossa estratégia não passa por investir em modalidades que dão mais medalha. Senão, seria só colocar dinheiro na natação, no atletismo, no judô, nesse tipo de coisa. A ideia é oportunizar, da forma mais ampla possível, levando até o mais alto rendimento. É brigar por medalha nas 18 modalidades que vamos disputar, mas a gente quer ampliar. É claro que, no Rio, vamos estar nas 22 modalidades (por ser país-sede). Mas queremos abrir leque de opções.

Terra: o perfil dos atletas indica que outras modalidades podem se destacar em Londres?

Andrew Parsons: De atletismo, natação e judô esperamos bastante, esperamos que venham medalhas, que consigamos alavancar posições no quadro geral com elas. Outras que vêm crescendo, e que imaginamos brigar, é o ciclismo e o voleibol sentado - nesse é mais difícil, porque você tem só três medalhas em disputa. O goalball feminino pode surpreender. A gente espera boas campanhas no tênis. Não temos expectativa de medalha na vela, esgrima e tiro. São atletas jovens. Futebol de 7 briga por medalhas, que tem tradição. A expectativa é boa. Estamos trazendo gente com cara de 2016, mas que conseguiu a classificação, teve méritos. Imaginamos que Londres ainda não vá ser o ápice da carreira deles.

Terra: em entrevista no domingo, o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven, citou o nadador Daniel Dias como candidato a superestrela em Londres. Quem mais pode alcançar tamanho destaque?

Andrew Parsons: A gente tem, eu diria, algumas possibilidades. Na natação, pelo número de medalhas que distribui, o Daniel Dias e André Brasil. Os dois têm possibilidade de seis medalhas individuais, mais os revezamentos. Lucas Prado pode ganhar três de ouro, repetindo o que fez em Pequim. Ganhar 100% de ouro em duas Paralimpíadas, em várias provas, é uma coisa que... só o Bolt conseguiu. A Terezinha (Guilhermina, atletismo), que vem para ganhar duas de ouro. O Odair dos Santos, que vem para os 1500 m e 5000 m muito forte, como campeão mundial das duas provas, fez trabalho excepcional. Esses cinco nomes podem ser. Talvez Tenório (Antônio, judoca) por ser pentacampeão. Se for penta, vai ganhar status de lenda.

Terra: pela primeira vez a delegação brasileira fez período de aclimatação, ficando em Manchester, antes da ida para a Vila Paralímpica. Deu para sentir o que foi positivo e negativo nessa experiência?

Andrew Parsons: Fizemos uma avaliação preliminar, mas ela é mais positiva possível porque serve para uma série de atletas. Primeiro e mais óbvio é pelo fuso-horário: o grupo se adapta com tranquilidade, com tempo. A outra questão é o que a gente chama de polimento, aquele momento final de preparação para os Jogos, do detalhe que no esporte coletivo é fundamental. Coisa importante é porque na aclimatação principalmente como foi a nossa, e a gente gosta de ter todas as modalidades juntas: você não é mais 18 equipes, somos uma delegação brasileira.

Terra: de que forma aconteceu essa integração dos atletas em Manchester? (Nem todas as delegações fizeram aclimatação junto. O hipismo, por exemplo, treinou em outros locais da Europa, entre competições).

Terra: Ali é onde tênis de mesa trava contato com atletismo, onde o judô troca figurinha com a natação. Alguns escrevem que a Paralimpíada é o mundial de 20 modalidades. É diferente disso, e essa expressão de delegação é importante. Entrar em clima de Jogos. Em Manchester, começamos a funcionar como games time, foi ensaio do que seria aqui. Quando você chega à Vila, só muda ambiente

Terra: a dois dias da Cerimônia de Abertura, está sentindo algum medo, alguma espécie de temor?

Andrew Parsons: A gente sempre lamenta antecipadamente qualquer caso de doping que possa surgir, e ele vai surgir, é sempre assim. A gente só espera que a delegação brasileira não tenha nenhum caso, até porque fazemos um programa eficiente de combate e educação. Mas, o medo é de alguma contusão, de surgir um atleta novo e desbancar, apesar de termos uma área de inteligência. Tenho medo de surgir algo que não foi previsto.

Andrew Parsons mostrou bastante otimismo com a delegação brasileira nos Jogos de 2012
Andrew Parsons mostrou bastante otimismo com a delegação brasileira nos Jogos de 2012
Foto: Fernando Borges / Terra
Fonte: Terra
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