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Mascote da Copa, Fuleco precisa de ajuda urgente para evitar a extinção

14 mai 2014 - 17h23
(atualizado às 17h27)
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Fuleco, o mascote da Copa do Mundo do Brasil, é um animal de verdade: um tatu-bola que luta para sobreviver e fugir da extinção. Mas até o momento, a Copa não o ajudou muito.

Agora, os cientistas querem que cada gol marcado no Mundial, que será disputado em 12 cidades brasileiras entre 12 de junho e 13 de julho, se transforme em mais proteção para o animal.

Cientistas vinculados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) lançaram uma provocativa campanha no qual pedem à FIFA e ao governo que cada gol marcado na Copa seja transformado em 1.000 hectares de proteção do seu eco sistema.

O tatu-bola é um animal curioso de 50 centímetros que quando sente a aproximação do perigo se recolhe e, com sua dura carapaça, forma uma bola perfeita. Daí a sua escolha como mascote do Mundial.

A caça e a destruição de seu hábitat, a 'Caatinga', semiárido que abrange parte do norte e o nordeste do Brasil, são as principais ameaças à sua sobrevivência.

A ONG Associação Caatinga propôs à FIFA que adotasse o "tatu-bola" como mascote, convencida de que o Brasil, um país de rica biodiversidade, deveria vincular a Copa do Mundo ao meio ambiente e aproveitar o evento para proteger espécies e ecossistemas em risco.

Mais de 1,7 milhão de pessoas votaram para escolher o nome do pequeno tatu, que pesa menos de um quilo e se alimenta de formigas, raízes e frutas. "Fuleco", combinação das palavras "futebol" e "ecologia", foi o escolhido.

Mas até agora, "Fuleco não usou nenhum discurso ambiental, não diz que está em risco de extinção. Muitos nem sabem que Fuleco é um tatu, nem mesmo aqui na Caatinga, de onde o animal é originário", explicou à AFP Rodrigo Castro, presidente da Associação Caatinga.

"A FIFA autoriza empresas a vender produtos com Fuleco, inclusive um milhão de pelúcias [produzidas na China], mas nenhuma parte deste dinheiro vai para a proteção da espécie", afirmou.

"Ter escolhido Fuleco como mascote oficial ajudou a aumentar a consciência no Brasil sobre o tatu-bola e seu status de espécie vulnerável", afirmou a FIFA em um comunicado enviado à AFP, no qual indica que o mascote não está sendo "usado para promover mensagens ambientais específicas".

"Queremos que a escolha do tatu-bola como mascote do Mundial não seja apenas simbólica, mas contribua efetivamente para a conservação desta espécie tão carismática e de seu ambiente", afirmou José Alves Siqueira, professor da Universidade Federal do Vale de São Francisco (Univasf), em artigo publicado na revista Biotrópica, no qual os cientistas lançaram a campanha.

O governo brasileiro tem boas notícias para o tatu. Está para sair um plano com metas específicas para a preservação da espécie, informou o Ministério do Meio Ambiente.

"Sem a Copa do Mundo, certamente isto não teria ocorrido", disse Castro.

Uma patrocinadora do Mundial, a filial brasileira da empresa alemã fabricante de pneus Continental, aderiu a esta campanha a favor do tatu.

A Caatinga, que ocupa uma área mais extensa que França, Reino Unido e Suíça juntos, e mantêm aproximadamente 50% de sua cobertura vegetal, é o hábitat de outras espécies emblemáticas e ameaçadas que poderiam se beneficiar desta proteção, como a onça e a jaguatirica.

O tatu-bola - cujo nome científico é "Tolypeutes Tricinctus", em alusão às três faixas que permitem que sua carapaça se encaixe em forma de bola - é "a única espécie de tatu endêmico do Brasil", além de ser a menor e menos conhecida, segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

"O tatu-bola não cava buracos, e suas únicas estratégias de defesa são a fuga e se recolher sob sua carapaça, mas mesmo correndo em fuga, pode ser alcançado facilmente por uma pessoa e quando se enrola [uma posição que pode manter por 20 ou 30 minutos], pode ser agarrado sem riscos para quem o caça", diz o Livro Vermelho.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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