Mistério, discrição e "desafeto": veja ida de Felipão à Capital da Fé
Luiz Felipe Scolari aproveitou manhã com tempo livre para ir até Trindade. No rastro do treinador, Terra falou com os personagens envolvidos no ato religioso
Nada de assalto, furtos ou qualquer ato de vandalismo. Mesmo assim, na manhã de quinta-feira, funcionários do Santuário Divino Pai Eterno precisaram recorrer às imagens do circuito de segurança da paróquia. O motivo? Matar a curiosidade, afinal havia passado por ali, rápido e quase sem ser notado, o treinador da Seleção Brasileira. Afinal, o que teria feito Luiz Felipe Scolari, tradicional devoto, na Capital da Fé? Teria pedido mais um título mundial como há pouco mais de uma década?
"Ele não me disse, eu não sei", conta Geraldinho, amigo pessoal de Scolari em Goiânia e responsável por conduzí-lo até Trindade - claro, com Flávio Murtosa, auxiliar técnico do treinador. "Eu diria que foi um agradecimento, para falar a verdade. Acho que ele costuma agradecer, rezar pela mãe e pelo pai", acrescenta em entrevista ao Terra. Um funcionário da paróquia, porém, tem um palpite: "você pode vir aqui em julho de 2014! Você vai ver o Felipão agradecer mais um título", brinca.
A ligação entre o religioso Luiz Felipe Scolari e Trindade, como se percebe, não é de hoje. Em 2003, meses depois de conquistar o pentacampeonato mundial com a Seleção Brasileira, Felipão caminhou por 18 quilômetros, acompanhado dos mesmos Murtosa e Geraldinho, e cumpriu a tradicional romaria. Não se sabe ao certo quantas outras vezes o treinador visitou a cidade, mas não foi a única vez que repetiu o trajeto a pé. "Tem uns três anos, eu levei o Luiz Felipe de taxi até o trevo da rodovia", conta Divino, motorista. Ele me disse que ia agradecer por uma cirurgia com a mãe", detalha.
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Na última quinta, quem sabe, Felipão tenha ido a Trindade agradecer pelo retorno à Seleção. Pedir o título da Copa das Confederações ou da Copa do Mundo de 2014. Rezar pela alma da mãe, dona Cecy, que morreu em dezembro último. Tudo isso mesmo, quem sabe? Só ele sabe. As imagens do circuito de segurança, para lamento dos funcionários do Santuário, não revelaram o que muitos torcedores talvez quisessem saber.
"Ele foi muito rápido", define Cristiano, assessor do Santuário. "Ele segurou a fita, se benzeu, olhou para o pai eterno e explicou a história do medalhão para o Murtosa. Deu para ver que ele conhece a história de Trindade", explicou. Cristiano ainda destaca o fato de Felipão ter visitado o Divino Pai Eterno, pequena igreja que deu origem à tradicional romaria, e não a Basílica, maior e com aspecto moderno. "Você percebe que ele segue a tradição do romeiro, de vir primeiro aqui. Isso já dura mais de 200 anos", lembra.
Pai eterno e a fita fazem parte da mística do Santuário Divino Pai Eterno, em Trindade
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra
Felipão teria explicado história de Trindade a Murtosa
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra
Vista externa da paróquia onde Felipão deposita sua fé
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra
Close na placa do local que deu origem à romaria de aproximadamente dois séculos de tradição
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra
Entrada da paróquia: visita de Felipão teria aguçado curiosidade dos moradores do município
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra
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Zezé di Camargo, Pedro Leonardo (filho do cantor Leonardo) e até o treinador Cuca, lembra Cristiano, estão entre os muito frequentadores do Santuário, mas nenhum deve ser mais discreto que Felipão. Na manhã de quinta, ele acessou a paróquia pela entrada lateral e se dirigiu próximo à sacristia para orar sem alarde. Só foi notado por Marcos, segurança do local, que sacou o celular e pediu uma fotografia com o treinador da Seleção. "Aqui dentro, não. Mas vamos lá fora", disse Scolari.
Entre os que lamentaram não ter visto Felipão, um personagem curioso, um quase desafeto que ele não conheceu: Emanuel, funcionário da paróquia, é português. Mas não é fã do treinador que dirigiu a seleção de seu país a partir da Copa do Mundo de 2002 e até a Eurocopa 2008. "Se eu vejo, ia é dar um empurrão nele", diz, sotaque ainda carregado, e com humor aguçado. "Não ganhou um só título em Portugal", esbraveja.
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