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Um mês após 7 a 1, CBF segue conservadora e irrita críticos

8 ago 2014 - 14h51
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Oito de julho de 2014. Em um primeiro momento, tal data não remete a nenhum fato histórico do Brasil. Para muitos, poderia representar o marco de mudanças profundas do futebol nacional. Para os que comandam o esporte bretão em terras tupiniquins, entretanto, ele parece cada vez mais fadado ao esquecimento.

Foi neste 8/7/14 que os únicos pentacampeões mundiais de futebol caíram de sete dentro de casa. Em uma semifinal de Copa do Mundo. A Alemanha fez quatro gols em seis minutos, estampou o placar do Mineirão com um humilhante 7 a 1 e externou todas as fragilidades do futebol brasileiro. Um mês após o fracasso, porém, pouca coisa mudou.

Pressão para isto não faltou. Jornalistas, torcedores e jogadores – representados pelo grupo Bom Senso Futebol Clube – clamaram por mudanças após a pior derrota da história da Seleção Brasileira. Acabaram, porém, ainda mais frustrados com um exacerbado conservadorismo da entidade que comanda o futebol no Brasil.

Fora de campo, o Bom Senso aguardava a divulgação do calendário de 2015 com mais dias de férias e pré-temporada, além de clubes pequenos com maior tempo de atividade. O que aconteceu? A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até aumentou a pré-temporada, mas as convocações da Seleção Brasileira continuarão a desfalcar os clubes na disputa do Campeonato Brasileiro.

Além disto, o novo calendário não dará opções às equipes de menor porte, que seguirão com possibilidade de disputar apenas competições deficitárias e inexpressivas como a Copa Paulista, em São Paulo, por exemplo. De acordo com o Bom Senso, atualmente 82% dos times atuam somente por três meses por ano – o que deixa quase 12 mil atletas sem emprego. O calendário foi uma verdadeira “lambança”.

Também fora das quatro linhas, a CBF seguiu protagonizando erros primários no sistema de registros de jogadores em suas competições. O Brasília perdeu o título da Copa Verde após escalação de quatro jogadores supostamente irregulares na final contra o Paysandu, e o time paraense conquistou a taça no STJD. O clube da capital federal, contudo, garantiu que a ausência dos atletas BID havia ocorrido por um erro no site da CBF. Resultado? O caso foi parar no Pleno do STJD.

Algo parecido aconteceu com o Criciúma. O clube, que havia sido acusado de escalar irregularmente o atacante Cristiano no Campeonato Brasileiro, perdeu três pontos na competição nacional, mas depois os recuperou no Pleno do STJD. O jogador havia recebido suspensão de cinco jogos por uma agressão na Copa do Brasil, quando defendia o Naviraiense, do Mato Grosso do Sul, mas a punição não aparecia no sistema de consulta eletrônica do STJD.

Ainda no extra-campo, o mês subsequente ao 7 a 1 protagonizou polêmica em relação ao Proforte, novo projeto de lei para refinanciamento das dívidas fiscais dos clubes. Entre os principais pontos, a medida promete punir sas equipes que não estiverem com os pagamentos em dia - a fiscalização seria feita pela CBF.

Foto: Alexandre Loureiro / Getty Images

Botafogo luta para abater dívida de quase R$ 700 milhões (Alexandre Loureiro/Getty Images)

Entretanto, o Bom Senso não concordou com o projeto. Por meio de seu líder, Paulo André, disse que, do jeito que ele é proposto, bastaria apenas a apresentação da CND (Certidão Negativa de Débito) uma vez por ano para que os clubes conquistassem “a garantia inquestionável de uma gestão transparente no futebol nacional”. No meio disso tudo, o Botafogo luta para abater dívida de quase R$ 700 milhões e até cogitou abandonar o Campeonato Brasileiro.

Já dentro de campo, o conservadorismo também reinou. A "multicampeã" comissão técnica do selecionado canarinho, ao menos, foi trocada. Luiz Felipe Scolari, Carlos Alberto Parreira, Flávio Murtosa e cia. saíram do comando da Seleção Brasileira. Quando se esperava algo novo – como até um técnico estrangeiro -, José Maria Marin e Marco Polo del Nero anunciaram Gilmar Rinaldi e Dunga - este último, técnico que oito anos antes havia sido despejado do cargo após eliminação para a Holanda nas quartas de final do Mundial da África do Sul. Pelo menos existe a promessa de melhorar a integração com a base.

Se jornalistas e torcedores queriam a volta do “futebol bonito” à Seleção Brasileira, tiveram que se contentar em ouvir, logo na apresentação do treinador, que “defesa também é arte”. E o que mais havia incomodado o novo coordenador geral de seleções, Gilmar Rinaldi, no 7 a 1 de então dias antes? O boné com a mensagem “Força Neymar” utilizado pelos jogadores antes de entrar em campo. “A frase deveria ser 'Força Bernard', porque no futebol as coisas são dinâmicas, rápidas. Tinha que dar força ao jogador que fosse entrar”, justificou.

Enquanto isto, Luiz Felipe Scolari, um dos protagonistas da vexatória queda na Copa do Mundo, negociava e depois era anunciado como novo treinador do Grêmio, que demitira o promissor Enderson Moreira após derrota para o Coritiba no Campeonato Brasileiro. Na entrevista coletiva de apresentação no time tricolor, Felipão disse que "ainda era o mesmo de 1967” e que “não estava nem aí” para discutir o 7 a 1. “Não vale a pena”, decretou, na época, entre gritos de incentivos e aplausos de conselheiros.

Felipão recebe cachecol do Grêmio em seu retorno
Felipão recebe cachecol do Grêmio em seu retorno
Foto: Lucas Uebel/ Grêmio / Divulgação

Menos de um mês depois do 7 a 1, Felipão assumiu o comando do Grêmio (Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação)

Fonte: Terra
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