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"Vilão" na Copa, Daniel Alves espera nova chance na Seleção

8 out 2014 - 10h59
(atualizado às 16h54)
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Titular e jogador de confiança de Luiz Felipe Scolari durante toda a campanha que antecedeu a Copa do Mundo, Daniel Alves acabou perdendo a posição nas quartas de final da competição, contra a Colômbia, e ficou de fora também da eliminação para a Alemanha, na semifinal, quando a Seleção Brasileira perdeu por 7 a 1, seu maior vexame em Mundiais. Apesar de não ter participado das últimas três partidas, também não entrou na derrota para Holanda na disputa do terceiro lugar, o lateral direito acredita que sua saída ficou manchada e que foi considerado um dos “vilões” da equipe nacional.

“Fiz uma história muito bonita dentro da Seleção, mas que acabou sendo manchada e frustrada pelo Mundial. Acho que fui considerado um dos vilões, já que eu estava em um grupo onde foi eliminado por um placar elástico. Para os grandes entendedores do futebol, ironicamente falando, fomos humilhados”, disse em entrevista exclusiva ao Terra, durante o anúncio de uma parceria entre Gillette e Barcelona.

<p>Daniel Alves participa do anúncio da parceria entre Gillette e Barcelona</p>
Daniel Alves participa do anúncio da parceria entre Gillette e Barcelona
Foto: Gillette / Divulgação

No entanto, o atleta do Barcelona, que está com 31 anos, espera uma nova chance para provar seu valor, assim como teve o técnico Dunga, que também fracassou na edição de 2010. “O futebol voltou a dar uma oportunidade a ele para tentar fazer diferente, sobretudo no Mundial. A vida não dá oportunidade em vão, se ela dá, é porque você fez por merecer, que é o que eu vou procurar fazer”.

Entre outros assuntos abordados na entrevista, Daniel Alves também comentou sobre sua continuação no Barcelona, racismo no futebol, organização dos atletas brasileiros junto ao Bom Senso FC e a segunda temporada de Neymar na Espanha.

Confira na íntegra a entrevista com Daniel Alves:

Terra - Como você vê os testes de Dunga na lateral direita da Seleção?

Daniel Alves - Eu não acredito que seja o momento de pensar em alguém que vá suceder a gente (Maicon e Daniel Alves). Ainda acho que vamos brigar por essa ‘vaguinha’. Minha relação com a Seleção Brasileira não acabou ainda. Acredito que são opções que o treinador tem, ele pode fazer testes e dar oportunidades. Eu vou continuar trabalhando na esperança da minha (oportunidade) chegar. Ainda não dei por perdida essa vaga.

Daniel Alves elogia Dunga e espera nova chance na Seleção:

Terra - Na primeira passagem de Dunga você chegou a atuar no meio-campo. Considera essa possibilidade para um retorno?

Daniel Alves -

Eu amo o futebol e eu tenho uma facilidade de adaptação. Já joguei em outras posições também. Eu não descarto. Do mesmo jeito que não descarto voltar à Seleção. Estou para servir o Brasil, ajudar a Seleção a crescer, com minha mínima contribuição, e eu vou seguir lutando por essa nova chance. Ele foi o cara que me convocou pela primeira vez para a Seleção principal. Sigo torcendo por minha nova oportunidade, porque no grande da minha última competição eu fiquei de fora, ainda falta esse gostinho e vou seguir lutando por ele.

Terra - Como você viu o retorno de Dunga à Seleção Brasileira?

Daniel Alves -

A saída dele (Dunga), de repente, foi manchada como a minha. Fizemos uma história muito bonita dentro da Seleção, mas que acabou sendo frustrada pelo Mundial. Agora o futebol voltou a dar uma oportunidade a ele para tentar fazer diferente, sobretudo no Mundial. A vida não dá oportunidade em vão, se ela dá, é porque você fez por merecer, que é o que eu vou procurar fazer.

Terra - Você disse que sua saída acabou manchada. Acha que foi considerado um dos vilões da campanha do Brasil na Copa?

Daniel Alves - 

Um dos (vilões do Mundial). Porque eu estava em um grupo onde foi eliminado por um placar elástico. Para os grandes entendedores do futebol, ironicamente falando, fomos humilhados. O sonho foi frustrado quando não chegamos a final, independente do placar.

Terra - Você se arrependeu de ter renovado contrato até o meio de 2015 com o Barcelona?

Daniel Alves -

Falaram isso por mim. Eu não acredito que eu tenha falado que me arrependi. Como vou me arrepender de ter prolongado minha estadia aqui nesse clube? O que eu falei no ano passado foi que se não mudasse a energia,

Lateral do Barcelona cogita volta ao futebol brasileiro:

eu estaria disposto a não continuar. Eu vivo minha vida de sensações e desafios e eu não estava acreditando nessa proposta, coisa que mudou, e isso te dá uma injeção de adrenalina para seguir. Mas o principal motivo para eu seguir com muita vontade de seguir fazendo história nesse clube é que se duvidaram de mim. Eu não gosto quando duvidam de mim. Eu tenho uma trajetória no futebol, dentro do Barcelona, tenho meu nome aqui e acho que isso não foi respeitado. Mexeram em uma ‘coisinha’ que nós temos que se chama brio e com isso não se pode brincar. Não sei se vou seguir aqui por muito tempo, meu contrato diz que é só essa temporada, mas o tempo que estiver aqui vai ser muito bonito. Vou colocar tudo e mais um pouco da minha parte. Não posso sair daqui, depois de tudo, com a sensação que não sirvo, que não faço parte disso. É meu desafio esse ano: mostrar que quando eles foram me buscar em Sevilla estavam buscando um grande profissional que faria parte da história desse clube.

Terra - Se tiver que sair, tem alguma preferência?

Daniel Alves -

Se for para sair eu não descarto nenhuma possibilidade, até o Brasil. Vou estudar e ver a melhor opção futebolisticamente, profissionalmente e pessoalmente falando. As decisões não podem ser precipitadas, tem que ser cautelosa para você acertar na decisão. É o que eu pretendo fazer.

Terra - O que falta para o Barcelona voltar a ser dominante como nos tempos de Pep Guardiola?

Daniel Alves -

Eu acredito que cada etapa tem sua história e não estamos aqui para copiar o passado, e sim para melhorar. Acredito que temos a pessoa certa para isso, profissionalmente e estrategicamente falando. Não pretendemos ser melhor que o Pep (Guardiola), porque acho que vai ser impossível, mas vamos tentar igualar de uma forma melhorada, esse é o nosso objetivo. Acho que o Barcelona do Pep foi o ápice do futebol, não tinha mais para onde ir, tinha conseguido tudo. Para você voltar aí, tem que baixar, não deveria, mas infelizmente foi assim que aconteceu. Precisa tentar se manter sempre em cima, mas todos se preparam e é difícil manter um alto nível por dez anos.

Racismo: Daniel Alves apoia Aranha e critica postura de Pelé :

Terra - Você concorda com o Pelé de que o Aranha se precipitou na sua atitude contra os torcedores do Grêmio?

Daniel Alves -

Eu respeito o Pelé pelo "rei do futebol", pelo grande cara que é e pelo que representa para nós e para o mundo, mas

não compartilho a opinião dele.

Acho que temos que denunciar o feitor disso, dessa atitude, temos que ridicularizá-lo perante todo mundo, apresentar quem realmente está fazendo isso, para que quando os outros queiram ter essa atitude eles saibam que serão ridicularizados. Acho que uma pessoa afrodescendente como o Pelé, deveria ter um outro conceito em relação a isso, não lavar as mãos. Essa atitude é o mesmo que lavar as mãos, sabe? “Eu não opino porque, de repente, penso que opiniões vão ter sobre minha opinião?" Então eu discordo dele. Acho que a atitude de tentar falar e denunciar do Aranha é digna. É a cor dele, é afrodescendente, tem que respeitar. Acho que ridicularizar é o que tem que ser feito. Assim as pessoas pelo menos vão pensar antes de repetir estes atos. Acho que temos de

Daniel Alves aprova Bom Senso, mas vê brasileiros egoístas:

denunciar isso, se não vai continuar acontecendo. Temos que nos unir e tentar minimizar isso.

Terra - Em 2011, os jogadores do Campeonato Espanhol entraram em greve para resolverem questões de salários atrasados. O Brasil tenta fazer isso através do Bom Senso FC. O que acha da atuação desse movimento?

Daniel Alves -

O Brasil é muito egoísta nesse aspecto. Não há um consenso geral do futebol brasileiro sobre isso. No Brasil ouvimos: “vamos fazer”, já outros: “não, não vamos entrar nessa briga”. Aqui (Espanha) não, se não está sendo legal, nós temos uma associação que fecham em defesa dos atletas e dos jogadores das equipes. Aqui sim há um bom senso. No Brasil não é bom senso. Eles criaram isso, e eu apoio, porque todo trabalhador tem direito a remuneração, as suas férias, um calendário digno. É impossível que a Seleção jogue e o campeonato continue. Só no Brasil isso acontece, aqui até ocorre, mas na segunda divisão, onde não tem jogadores servindo as seleções. Para o Bom Senso ter uma fortaleza, ele teria que ter um bom senso e um consenso de todos os atletas,

Lateral elogia Neymar e vê atacante adaptado ao Barcelona:

porque assim você teria mais força para reivindicar. É uma atitude muito digna daqueles que fizeram, mas falta união no futebol brasileiro em geral. No Brasil às vezes é: “se o meu está bom, o resto não importa”. Então não, acho que isso não é um bom senso.

Terra - Como você está vendo essa segunda temporada do Neymar no Barcelona?

Daniel Alves -

Acho que o que estamos vendo com é o normal do Neymar. Não é nenhuma surpresa, ele foi contratado porque fazia isso, porque jogava bem e fazia gols. Teve o período de adaptação, que normalmente dura em torno de um ano mesmo, onde as coisas foram mais ou menos se encaixando, e agora as coisas estão encaixadas. Ele já consegue se relacionar sozinho, no aspecto de idioma, consegue entender um pouco mais o conceito do futebol e o estilo do Barcelona. Isso vai gerando as partes fundamentais desse encaixe. Com as coisas encaixadas o resultado vem.

*O repórter viajou a convite da Gillette

Fonte: Terra
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