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Catar nega irregularidades na candidatura à Copa de 2022

1 jun 2014 - 15h53
(atualizado às 16h04)
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Os organizadores da Copa do Mundo de 2022, no Catar, negaram "veementemente" as acusações de que a candidatura do país foi corrupta e disseram que seus advogados vão averiguar as alegações do jornal britânico Sunday Times.

Os catarianos manifestaram-se depois que Jim Boyce, vice-presidente da Fifa, disse que seria a favor de uma outra votação para sede de 2022, se as alegações do Sunday Times forem comprovadas.

Em um relatório com 11 páginas, o jornal alega que obteve milhões de documentos que mostram o ex-membro do comitê executivo da Fifa, Mohamed Bin Hamman, do Catar, fazendo pagamentos que chegam a 5 milhões de dólares a dirigentes em troca de votos pelo país.

O Comitê Supremo para Entrega e Legado do Catar, o comitê organizador da Copa do país, disse que ganhou o direito de receber o Mundial com "a melhor candidatura", e que "já é hora de o Oriente Médio sediar sua primeira Copa do Mundo".

"O comitê da candidatura do Catar para 2022 sempre exigiu o máximo de ética e integridade na sua candidatura à Copa do Mundo de 2022", disse.

"Sobre as últimas alegações do Sunday Times, dizemos novamente que Mohamed Bin Hammam não era representante, oficial ou não oficial, da candidatura do Catar para 2022."

"Como foi o caso com qualquer outro membro do comitê executivo da Fifa, nossa equipe teve que convencer o senhor Bin Hamman dos méritos da nossa candidatura."

"Estamos cooperando completamente com o (chefe da investigação da Fifa) senhor (Michael) Garcia e continuamos totalmente confiantes de que o inquérito irá concluir que nossa candidatura foi justa".

CANDIDATURA DO CATAR

"Vamos tomar todos os passos necessários para defender a integridade da candidatura do Catar."

A Fifa não quis comentar neste domingo a reportagem, e pediu para a Reuters "entrar em contato com o escritório do chefe de investigação independente Michael Garcia diretamente".

O escritório de advocacia com sede em Washington que representa Garcia não atendeu o telefone e não respondeu o pedido por comentário.

O advogado nova-iorquino Garcia deverá reunir-se com os catarianos em Omã na segunda-feira, reunião agendada antes da publicação do artigo. Ele continua questionando os envolvidos da Fifa e de outras entidades.

O Sunday Times publicou o que diz ser detalhes e trechos de e-mails, cartas e transferências bancárias em uma vasta reportagem que pretende provar que Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática de Futebol por nove anos e membro do comitê executivo da Fifa por 15, fez pagamentos por meio de fundos secretos.

O vice-presidente da Fifa, Boyce, que não estava no comitê executivo na época da votação, em dezembro de 2010, disse que Garcia deve intensificar sua investigação depois da publicação da reportagem.

"Como membro do comitê executivo da Fifa, acreditamos que qualquer evidência de que pessoas envolvidas foram subornadas para uma certa votação deve chegar a Michael Garcia. E vamos aguardar o relatório de Garcia."

"Se a recomendação de Garcia mostrar que houve irregularidades na votação da Copa do Mundo de 2022, eu certamente não teria nenhum problema em fazer uma nova votação", disse o irlandês à rádio BBC.

CONTROVÉRSIAS

Essa visão foi ecoada por Per Ravn Omdal, que serviu no comitê executivo da Fifa ao lado de Bin Hammam.

O ex-presidente da Federação Norueguesa disse à Reuters: "Se for provado que houve corrupção, acho que seria sábio fazer outra eleição. Se houver mais corrupção, a Fifa deveria re-examinar a decisão".

De acordo com o jornal, Bin Hammam subornou dirigentes em troca de apoio à candidatura. O homem de 65 anos foi banido do futebol em julho de 2011 depois de ser considerado culpado de tentativa de suborno nas eleições presidenciais vencidas por Joseph Blatter naquele ano.

Apesar dessa punição ter sido posteriormente anulada e ele ter abandonado o futebol, a Fifa o baniu novamente em 2012 por "conflito de interesses" enquanto presidente da Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês).

Um número de telefone regularmente utilizado pela Reuters para falar com Bin Hammam não respondia neste domingo.

A candidatura do Catar esteve envolvida em controvérsias desde que ganhou o direito de receber a Copa do Mundo em dezembro de 2010. Membros da Fifa disseram que as temperaturas de até 50 graus Celsius no pequeno país árabe não eram apropriadas para o torneio.

O Catar venceu as candidaturas de Austrália, Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul. O Sunday Times alega que Bin Hammam, que não era membro do comitê de candidatura do Catar, fez lobby pelos seus compatriotas pagando milhões em dinheiro e presentes, especialmente para dirigentes africanos.

O jornal disse que a intenção de Bin Hammam era reunir apoio para o Catar, um pequeno país, sem tradição no futebol, e com pouca infraestrutura.

O problema agora para a Fifa, cujo congresso anual começa em 10 de junho, em São Paulo, é descobrir a melhor forma de lidar com as últimas acusações contra o Catar e uma campanha cada vez mais forte por outra eleição.

No mês passado, Blatter disse que foi um "erro" conceder a Copa do Mundo ao país, mas rapidamente voltou atrás dizendo que sua frase em francês foi mal traduzida.

(Por Mike Collett)

((Tradução Redação Rio de Janeiro, 55 21 2223-7155))REUTERS LB

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