PUBLICIDADE

Com cavalo Ibrahimovic, única mulher no GP Brasil de turfe vê preconceito

4 ago 2013 - 07h47
(atualizado às 07h47)
Compartilhar
Exibir comentários

Josiane Gulart sempre foi apaixonada por cavalos. Montava desde criança, quando, aos 16 anos, foi ao Rio de Janeiro, e decidiu que queria competir em páreos do turfe nacional. Na escolinha do Jockey Clube Brasileiro, era uma espécie de estranha no ninho. Numa turma de pouco mais de dez alunos, era a única mulher. Num esporte predominantemente masculino, era olhada com desdém. Um ano depois, entraria para a história do turfe nacional quando, aos 17 anos, correu no páreo do Grande Prêmio Brasil, principal prova do país.

Neste domingo, 11 anos depois, Josiane volta à competição mais nobre do turfe brasileiro, buscando ampliar ainda mais essa história. Montada no cavalo chamado Ibrahimovic, ela será a única mulher entre os 20 competidores que tentarão cruzar o disco final na liderança, podendo abocanhar a maior parte de uma premiação que deverá chegar a R$ 900 mil, a maior do turfe sul americano. Ela admite que, mesmo com uma carreira já consolidada, muitos ainda a encaram com certo preconceito.

“O turfe mudou muito, não é tão mais fechado. Quando eu entrei, era a única menina na escolinha. Hoje, há mais meninas, mas é uma parcela muito pequena. Tinha preconceito quando comecei, e até hoje ainda existe, sim”, afirmou, depois de chegar ao Rio de Janeiro, na última quinta-feira. Ela calcula que a proporção de mulheres atuando no turfe não ultrapasse os 5% do total.

<p>Josiane compete contra 19 homens neste domingo</p>
Josiane compete contra 19 homens neste domingo
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Gaúcha de Carazinho, Josiane tem 28 anos, e há oito compete basicamente em São Paulo. O longo hiato no GP Brasil é justificado por ela pela grande concorrência para chegar ao páreo. “É a competição mais difícil, todos querem estar no GP Brasil. É difícil conseguir uma montaria”, observa. Em 2002, ela montou Savage, e chegou em 18º lugar, em um total de 20 competidores. Nenhuma outra mulher competiu na prova até hoje.

Apesar de não vir treinando com o Ibrahimovic, ela mostra confiança de que poderá chegar à vitória, deixando para trás outros 19 homens. A joqueta só vai ter contato com o cavalo no dia da competição. Josiane, que eventualmente compete com a égua Gateux em outros páreos, garante não ver qualquer problema nisso.

“Estou acostumada a isso, é normal no turfe. Basta chegar no dia e montar. Eu conheço as características do cavalo, já o vi em outras competições, tenho vídeos dele. A gente acompanha o jeito do animal”, explica.

Ainda de acordo com a joqueta, Ibrahimovic vem obtendo bons resultados na temporada, e chega ao GP Brasil com muitas condições de brigar pela vitória. O fato de ser mulher, e consequentemente, mais frágil fisicamente, faz com que Josiane dê atenção especial à parte física, para minimizar essa diferença em relação aos homens.

<p>Josiane é gaúcha de Carazinho</p>
Josiane é gaúcha de Carazinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Com mais de 600 vitórias na carreira, Josiane Goulart projeta competir por mais cinco a sete anos. Depois de parar, pretende ter filhos, mas sem se afastar do turfe. A ideia dela é permanecer no esporte, trabalhando como treinadora. “A carreira do homem se alonga mais. A mulher engravida, tem outras demandas. Mas quero seguir no esporte”, salienta.

Em sua 81ª edição, o GP Brasil não se resume apenas ao páreo principal, previsto para às 16h30 deste domingo. A programação começou na sexta-feira, e se estenderá até segunda-feira, com diversas provas, e muita badalação nos bastidores. No domingo, a moda também dará o tom do evento, como de costume.

Na tribuna social, a exigência é de paletó e gravata para os homens. Entre as mulheres, o desfile de chapéus sempre chama atenção. Este ano, o tema será a Copa do Mundo, e o chapeleiro Denis Linhares estará a postos para quem preferir comprar um modelo na hora. No Salão Rosas, haverá a eleição do casal mais elegante do evento.

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade