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Copa: Não pensem que é a Alemanha, alerta Valcke a turistas

9 mai 2014 - 10h17
(atualizado às 13h13)
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<p>Valcke diz que Brasil não é a Alemanha em termos de facilidade para o torcedor</p>
Valcke diz que Brasil não é a Alemanha em termos de facilidade para o torcedor
Foto: Reuters

As grandes distâncias entre as cidades-sede, problemas de infraestrutura, preocupações com a segurança e variações de clima tornaram a Copa do Mundo no Brasil um pesadelo logístico para as equipes, autoridades e a imprensa. Mas o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, admitiu que ninguém vai enfrentar tantas dificuldades quanto as centenas de milhares de torcedores que encaram preços altos por limitadas opções de transporte e hospedagem.

Valcke alertou que os fãs não poderão simplesmente aparecer nas cidades e dormir em seus carros ou em acampamentos como fizeram na Alemanha há oito anos, e também não podem embarcar em trens para ir de uma cidade para outra.

"O maior desafio será para eles", disse Valcke a um grupo de repórteres de agências internacionais. "Não será para a mídia, não será para as equipes, não será para as autoridades, será para os torcedores".

"Reconheço que é difícil falar sem criar diversos problemas... mas minha mensagem para os torcedores seria: apenas certifique-se de que você está organizado para ir ao Brasil", acrescentou.

"Você não pode dormir na praia, primeiramente porque é inverno... Certifique-se de organizar sua acomodação, você não pode simplesmente chegar com uma mochila e começar a andar, não há trens, você não pode dirigir (de uma cidade-sede para outra)", disse.

"Não apareça pensando que é a Alemanha, que é fácil se locomover pelo país. Na Alemanha, você pode dormir no seu carro, você não pode fazer isso (no Brasil)".

As preparações do Brasil para a Copa foram afetadas por atrasos na construção de estádios e outros projetos de infraestrutura, em meio a um crescente descontentamento público com os gastos do evento.

Críticos dizem que os organizadores brasileiros tornaram a vida mais difícil do que deveria ser ao realizar o evento em 12 cidades por todo o país, quando apenas oito seriam o suficiente.

Valcke disse que a Fifa foi convencida a concordar em tantas cidades-sedes pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Como você diz (antecipadamente) que isso não vai funcionar?", disse Valcke.

"É verdade que você multiplica o risco ao ter mais estádios. Mas você enfrenta uma situação quanto tem um governo e um presidente, à época Lula, que está explicando para você que a... Copa do Mundo deve ser para todo o Brasil e não para algumas cidades", acrescentou.

"Ele disse que a última vez que o Brasil sediou a Copa do Mundo foi em 1950, que essa Copa do Mundo está em um país em desenvolvimento, que é importante unir todas as pessoas e trazer essa energia para o Brasil."

O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira, que também era parte do comitê-executivo da Fifa à época, foi igualmente persuasivo, acrescentou Valcke. "Quando isso vem ao comitê-executivo de um de seus membros, quem vai falar não", afirmou o dirigente da Fifa.

SOLUÇÃO LOGÍSTICA

A logística foi complicada ainda mais porque os organizadores, então, decidiram que as equipes jogariam suas partidas de grupo em três diferentes locais ao invés de ficarem no mesmo lugar.

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"Eu pensava que a questão logística era dividir as 32 equipes em quatro grupos e evitar movê-las para (outras) zonas do país", disse Valcke.

Mas, novamente, a Fifa foi persuadida a mudar de planos porque os organizadores brasileiros queriam que a seleção brasileira jogasse no máximo de cidades possível.

"Também foi um pedido do Brasil porque eles não queriam que o Brasil jogasse apenas em um canto do país, e que eles não poderiam fazer o Brasil viajar e deixar todos as outras equipes apenas em um lugar", afirmou.

Ele admitiu que o grande tamanho do território brasileiro fez uma grande diferença, mas acrescentou: "Você não está olhando para todos esses fatores para tomar as decisões finais, você olha mais para o espírito da competição".

Valcke disse que a Fifa estava ciente, à época, das limitadas condições de transporte aéreo e aeroportos do Brasil, mas acreditava que esses problemas seriam resolvidos em tempo para o evento.

"Nós sabíamos, mas isso foi em 2009 e você poderia esperar que em cinco anos pudessem haver mudanças, cinco anos para um país garantir que, quando uma decisão é tomada a pedido desse mesmo país, a estrutura esteja montada para entregar o que você concordou".

Entretanto, os trabalhos em novos terminais aeroportuários sofreram com atrasos na maioria das cidades, aumentando o risco de superlotação e confusão durante o torneio.

No caso de Fortaleza, uma estrutura temporária foi erguida para receber os torcedores devido ao atraso na reforma do aeroporto da cidade.

A Fifa agora torce para que os fãs não percam jogos por conta de voos atrasados. "Se você passa cinco horas em frente a uma boate porque não consegue entrar, isso acaba com a sua noite... e não é isso que deve acontecer", disse Valcke.

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